BRASIL: DECADÊNCIA SEM
ELEGÂNCIA
Por Marco Antônio
Música incidental marcante chega aos nossos ouvidos. É mais um
plantão de notícias. Já nos ocorre: Quem foi preso desta vez? Parece
brincadeira, mas a coisa é séria, alarmante e vergonhosa!
Não é de agora, mas desta vez acontece no dia a dia. O Brasil
mergulha em um mar de... Lama. Para não dizer outra coisa. Valha-nos quem,
diria o saudoso jornalista Carlos Bezerra. Também é dele a máxima, e
pertinente, frase: "Quando pensamos que estamos no fundo do poço,
descobrimos que ainda há mais poço". Vergonhosamente o Brasil, uma
potencia que parecia ter acordado e ido à luta, é derrubado por aqueles a quem
confiamos as regras de nossa segurança, saúde e educação. A quem confiamos a
nossa moral perante ao mundo.
O brasileiro está tão profundamente envergonhado que finge não
se aperceber de sua dor. Disfarçado de malandro brejeiro, leva no sangue a
infelicidade de incontáveis vexames. Oprime-lhe a alma o peso histórico de
tantos fracassados projetos, tantas malogradas esperanças, tantos ideais
pensados em vão. Tudo parece um tanto irreal e cínico; somos levados a um
mórbido parecer à maneira de personagens dos filmes sobre mortos-vivos.
Eles ainda se agrupam em bsuca de cérebros. Mas, nem isso. Somos, ao que parece
um bando de "mortadelas" e "coxinhas", ou, mais
regionalmente, mururés, levados pelas águas. No caso, enxurrada. Mas, o que
poderíamos fazer? Esta sim, é a pergunta que não quer calar. Depor mais um? E
quem entraria, pois, com toda a certeza, taparíamos um buraco com um rombo.
Qual o lenimento para uma autoestima combalida?
É claro que numa certa da parte da sociedade, mais habituada a
observar com cuidado o que se passa na política e na economia, os episódios
causaram estarrecimento. Refiro-me, todavia, ao reflexo destes episódios nos
grandes “meios”, que formam a denominada “opinião pública” e o seu reflexo no
chamado “senso comum”. Este é composto por aquelas manifestações da
subjetividade popular, que atravessam todas as classes sociais, de forma mais
ou menos naturalizada e silenciosa, cujas manifestações de solidariedade ao
outro, hoje parecem exauridas pela lógica farsesca que propaga a luta contra a
corrupção como o componente exclusivo da redenção da nação. Farsa, aliás, que
já prepara, impaciente, o nosso Berlusconi nacional, em moldagem na figura
pitoresca do empresário João Dória. Ou , quem sabe, da própria, e mais bizzara
ainda, versão da ditadura de um homem só: Bolsonaro. Seria o nosso Coringa?
O país está em xeque! E a partida não é amistosa. Esta
discussão, verdadeiramente, seria a busca de uma “Terceira Via”, que não está
entre a social-democracia em crise e o neoliberalismo triunfante, como propôs
Toni Blair, mas entre a social-democracia e o socialismo “ocidental”. Talvez,
se tentarmos por aí, as nossas táticas se tornem menos supérfluas para
enfrentar o medo do futuro incerto, que a violência do capitalismo vem
espalhando sobre o planeta. Este medo, disseminado no “senso comum” manipulado,
é o medo da democracia, no sentido integral do seu conceito. É o medo de uma
desigualdade decente sem carências elementares, promessa não cumprida de
todas as revoluções, que permanece no horizonte como um desafio da decadência.
Mais do que quilhotinas, precisamos, urgente, de ideias. Ao
menos sucumbiremos com estilo. Decadence Avec Elegance!
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