sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Amapá: terra de oportunidades e sem rumo

O título do presente artigo expressa a síntese das conclusões constantes das palestras apresentadas no painel econômico do 1º Seminário de Oportunidades para o Desenvolvimento Econômico-Social do Amapá, realizado pelo PRTB, PTC, PMN e PV no último dia 21 de setembro.

Do ponto de vista econômico, o palestrante Jurandil Juarez mostrou ao público presente que o Amapá é uma terra de oportunidades para o agronegócio e produção de alimentos, atividade minerária, com a incorporação de valor à matéria prima, exploração da madeira e fabricação de móveis, atividades comerciais e de serviços, construção civil, inclusive com a produção de material para a construção civil, implantação da Zona Franca Verde e da Zona de Processamento de Exportações, produção de energia e exploração de petróleo.

Entretanto, o Amapá não possui um planejamento de Estado (e não de Governo) que tenha como foco superar os obstáculos para o desenvolvimento de nossas potencialidades econômicas. Entra governo e sai governo e a prática é a mesma: políticas eleitoreiras e sem foco no desenvolvimento econômico do Estado.
A insuficiência da geração de energia para atender a demanda local e viabilizar a instalação de empresas no Estado é um exemplo eloqüente dessa ausência de planejamento a que se refere o economista Jurandil Juarez. Só agora - depois de 25 anos de existência do Estado e por uma necessidade do país - é que seremos interligados ao sistema nacional de energia elétrica por meio do linhão de Tucuruí. Esse linhão, além de viabilizar um dos requisitos para o nosso desenvolvimento, nos tornará um Estado exportador de energia elétrica para o resto do país.

O mesmo ocorre com a nossa infraestrutura. Nos 25 anos de existência do Estado do Amapá, nossos governadores não conseguiram sequer pavimentar as três rodovias que interligam os nossos 16 municípios. O Porto de Santana até hoje não foi ampliado e estruturado para servir de alternativa, por exemplo, para o escoamento da soja e do milho dos Estados do Centro-Oeste do Brasil. Os produtores desses Estados estão enviando a soja e o milho para o Porto de Santarém, no Pará, com custos muito maiores, já que os navios passam aqui na frente de Macapá para chegarem até Santarém e depois voltam por aqui para seguirem caminho para o exterior.

O setor primário é um dos mais afetados pela falta de planejamento estratégico do Estado. Nesses 25 anos de existência do Estado do Amapá, nossos governadores também não conseguiram transferir as terras da União para o Amapá, para que este possa emitir os títulos de propriedade para os nossos agricultores e pecuaristas.
Sem os títulos das terras - e a conseqüente segurança jurídica - não é possível implantarmos uma política agrícola séria que atenda as necessidades do Estado com a produção de farinha, açaí, arroz, feijão, soja, milho, frangos, suinos, bovinos e peixes, além de criar emprego e renda para o nosso povo.
Como resultado dessa falta de planejamento estratégico, os trabalhadores do Amapá amargaram em 2010 uma taxa de desemprego de 11,6% (IBGE), enquanto a Região Norte teve uma taxa de 8,5% e o Brasil 7,4%.

Sem empregos, 83,2% da população do Estado do Amapá vivia em 2010 com menos de meio salário mínimo, segundo dados do IBGE.
Com esses números na mão não é difícil entender a razão do aumento da violência no Estado do Amapá. A combinação explosiva de desemprego e baixa renda deixa nossos jovens sem uma luz no fim do túnel.
Aliás, por falar nos jovens, os dados do IBGE de 2010 apontam que 46% da população amapaense tem idade entre 15 e 39 anos. Muitas dessas pessoas estão ou irão concluir sua faculdade, formando-se numa profissão.


Caso continuemos elegendo as mesmas caras ou as mesmas formas de governar de sempre, qual será o futuro dessa geração de jovens que sonharam com uma profissão, a fim de conseguirem uma vida com mais dignidade e qualidade?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...