sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Editorial

Um dia chegaremos lá

O Amapá definitivamente é um Estado à parte dos outros. Aqui, já disseram que boi voa e leva a família para o shopping. Governador descumpre lei e quem é chamado de bandido é o professor, que ainda é condenado a pagar multa. Do outro lado, desembargador sentencia que greve está dentro da legalidade. No outro dia, o próprio fala tudo ao contrário e diz que tudo está ilegal. Ainda no campo do desembargo, ignoram critérios que deveriam ser respeitados no processo de escolha. De novo, fazem de qualquer jeito, passam por cima de tudo. Quando o Brasil é avisado, reage. O Conselho Nacional de Justiça gritou lá de longe: "Ei, o que está acontecendo aí? Vocês pensam que podem tudo?". E aí é aquele para pra acertar, com gente escondendo a mão atrás da toga. Foi o que aconteceu no caso envolvendo a juíza Sueli Pini. Comunicado sobre a eleição considerada cheia de irregularidades, o CNJ quer saber agora os pormenores que deram o título à magistrada. Querem também explicações sobre a razão de representações feitas contra ela terem sido arquivadas em decisão de quem não tinha competência para tal. O caso é grave. Sueli Pini foi denunciada por facilitar a adoção de duas crianças para um turista estrangeiro. As acusações dizem que ela feriu leis e um acordo internacional. Diante disso, as respostas terão que ser dadas ao Conselho Nacional de Justiça. As interpelações nos levam a crer que nosso Estado não está assim tão distante das leis, e que aqui ainda não é a terra do pode tudo ou do tudo pode. A selva que nos cerca e os rios que nos separam do resto do País, finalmente parecem estar menos extensos. Não somos mais o Amapá de ontem, onde se andava a cavalo pelas ruas lamacentas. Estamos ganhando ares de capital asfaltada e verticalizada com direito a shopping que não aceita mais a presença de bois voando na praça de alimentação. E o que é feito aqui é visto lá, apesar das matas e da distância dos rios. Em uma visão bem otimista, ainda seremos a capital onde quem faz errado terá medo de fazer. Quem viver, verá.     

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