sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Saúde Pública

Saúde Pública
Militar e músico está morrendo aos poucos
Com mais de 30 anos de Polícia Militar Ubiraelson Ribeiro vive drama de não ter recursos para bancar tratamento de Hepatite C e Erisipela


Wagner Cubilla
Da Reportagem

Ubiraelson Ribeiro, 56, durante mais de trinta anosserviu ao Estado do Amapá na condição de policial militar e como músico animou muitas bailes. Acostumado a enfrentar a criminalidade hoje vive lutando contra a Hepatite "C" e a Erisipela, enfermidade que retém líquidos no corpo e causao inchaço das pernas.

A família do aposentado reclama que Ubiraelson não vem sendo atendido em suas necessidades nos hospitais de Macapá. Um dos principais medicamentos que ele usa, a albumina humana, não é fornecida na rede pública sob alegação de estar em falta no mercado. "Há muito tempo que eu não recebo. Quando chego ao hospital e necessito da albumina, eles dizem que está em falta ou em processo de licitação. Eu tenho que comprar o medicamento."
Maria José, esposa do aposentado diz que a falta de medicamentos leva o marido a sofrer com as dores e inchaço das pernas. "Meu marido sofre com as dores no braço, na cabeça e o inchaço ocorre pela falta desse remédio. Não é só ele que vem sofrendo com isso, toda nossa família está abalada e com medo do que possa acontecer."

Ubiraelson relata ainda, que, durante mais da metade de sua vida prestou serviços ao Estado, mas quando mais precisou se viu abandonado. "Fui policial por trinta e três anos e seis meses, como é que hoje quando mais preciso ninguém pode me ajudar? Queria pelo menos que esse governo me desse a oportunidade de morrer sem dor e em paz", desabafou.
O militar quando trabalhava conseguiu conquistar uma vida digna, depois de abandonado pelo governo, vive hoje em uma quitinete onde passa o dia inteiro em cima de uma maca comprada por um irmão. "Tivemos que vender tudo o que tínhamos. Vendemos nossa casa, veículos e tudo que conseguimos construir durante nossa vida. Hoje vivemos em uma quitinete, contando com a ajuda de amigos e parentes", disse Ubiraelson. 

Ele relata ainda, que desde que vem passando pelo tratamento da enfermidade, além de ter vendido tudo, ainda teve que fazer vários empréstimos bancários. "Nós devemos hoje, mais de R$ 100 mil. Meu salário é somente para pagar os empréstimos. Preciso da ajuda dos amigos, a medicação é muito cara, uso várias fraldas por dia. Clamo às pessoas para que possam me ajudar. Me sinto até envergonhado, pois no fim da minha vida tenho que pedir ajuda dos outros para poder continuar lutando pela minha vida", disse emocionado o aposentado.

Cotidiano

A reportagem ouviu outros pacientes que denunciam o descaso do Estado, principalmente do Hospital de Clínicas Alberto Lima. Muitos reclamam, além da falta de medicamentos, da demora na marcação de consultas. "A gente vai procurar o remédio e nos dizem que não chegou ou que está chegando, que está em licitação, sempre dão uma desculpa. O médico que está acompanhando aconselhou até que a gente utilizasse outros meios para conseguir o remédio", conta a irmã do paciente, Maria das Dores Avelino.
Mas estes casos não são isolados. A esposa de um outro paciente, que prefere não se identificar, conta que precisou comprar o medicamento Ifosfamida, para que o marido não ficasse sem cumprir o ciclo do tratamento de câncer. Uma compra que custou mais de R$ 600. "Muitos aqui voltam porque não tem dinheiro para comprar. O hospital tem que ter, não pode faltar. Eles vivem dizendo que a saúde do Amapá está uma maravilha, mas isso não é verdade.Faltam medicamentos, cirurgias são canceladas por falta de material. Aqui no Hospital Geral os parentes dos pacientes ficam desolados e a ponto de ficarem loucos com as coisas que acontecem", desabafou.

Solidariedade

Em entrevista ao Programa Tribuna Amapaense na TV, a esposa de Ubiraelson, Maria José, pediu às pessoas que os conhecem e também àquelas que queiram ajudar que entrem em contato pelo telefone 9121-6122. "As pessoas podem nos ajudar com fraldas, medicamentos e também com ajuda financeira. Não posso desistir de lutar pelo meu marido. Conto primeiramente com a força de Deus e com as pessoas, que com certeza irão nos ajudar", falou Maria.

Ela afirmou a reportagem que a secretária de Estado da Saúde, Olinda Consuelo, em conversa por telefone que era o município quem devia atender o aposentado. "Eu consegui falar com a secretária Olinda e ela teve a coragem de me falar que o governo não tem condições de ajudar meu esposo, que era para eu buscar ajuda na prefeitura, através do Programa da Saúde da Família", finalizou Maria.

Sesa não responde


A reportagem entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Sesa e até o fechamento desta edição não houve resposta em relação ao caso de Ubiraelson Ribeiro.

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  O que é a Erisipela

Erisipela é uma infecção cutânea causada geralmente pela bactéria Streptcoccuspyogenes do grupo A, mas pode também ser causada por Haemophilusinfluenzae tipo B, que penetram através de um pequeno ferimento (picada de inseto, frieiras, micoses de unha, etc.) na pele ou na mucosa, disseminam-se pelos vasos linfáticos e podem atingir o tecido subcutâneo e o gorduroso.
Na maioria dos casos, a lesão tem limites bem definidos e aparece mais nos membros inferiores. Embora menos frequente, ela pode localizar-se também na face e está associada à dermatite seborreica.
Constituem grupo de risco para a infecção pessoas com excesso de peso, portadoras de diabetes não compensado, de insuficiência venosa nos membros inferiores, as cardiopatas e nefropatas com inchaço nas pernas, as imunossuprimidas ou com doenças crônicas debilitantes.

 Sintomas
Os primeiros sintomas – febre alta, tremores, mal-estar, náuseas, vômitos – podem instalar-se precocemente. A lesão na pele vem acompanhada de dor, rubor (vermelhidão) e edema (inchaço). Em alguns casos, formam-se bolhas ou feridas, sinal da necrose dos tecidos.

 Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico. Às vezes, pode-se recorrer à biópsia e ao exame de cultura, mas esse não é o procedimento de rotina.

n Tratamento
Na fase inicial da doença, antibióticos orais, repouso e elevação do membro afetado por pelo menos duas semanas costumam ser suficientes para a regressão do processo infeccioso, se a pessoa estiver em condições físicas favoráveis. A resposta é mais rápida, quando é ministrada penicilina por via intramuscular (benzetacil).
Em muitos casos, o uso dos antibióticos deve ser repetido periodicamente, por tempo a ser determinado pelo médico, para evitar as erisipelas de repetição.

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