Coletânea jornalística
‘A Missão de Comunicar’, de Ruy Guarany.
O
jornalismo é realmente uma arte e os bons jornalistas já nascem feitos, e de
acordo com Platão “O livro é um mestre que fala, mas que não responde”. Juntas
essas frases definem um técnico em eletrônica e um jornalista autodidata, Ruy Guarany Neves.
A tendência para escrever brotou na infância de Ruy Guarany,
quando escreveu criticas a sua professora que utilizava a palmatória como
instrumento de educar.
No Amapá mais uma vez a arte de comunicar renasceu com o seu
emprego no serviço público, foi radioamador e um dos superintendentes da telecomunicação
do ex-território e também responsável pela implantação do sistema televisivo no
Amapá. Como podemos observar a comunicação envolvia este cidadão que hoje, aos
83 anos, ainda escreve crônicas jornalísticas.
Já tem nas prateleiras das livrarias o seu primeiro livro ‘O
Homem da Fronteira’ (2006) e tirou do forno a obra ‘A Missão de Comunicar’ que
lançou na última semana, na Biblioteca Elcy Lacerda e, está temperando um
romance chamado ‘Trajetória de uma Jovem Perseverante’, a história verídica de
uma deputada federal, narrada por ele.
Novo livro
‘A Missão de Comunicar’ é uma coletânea de artigos publicados
na mídia amapaense, fruto de um trabalho jornalístico realizado desde os tempos
do ex-Território Federal do Amapá até a época atual.
Nos artigos de títulos instigantes como ‘Secreto, mas nem
tanto’; ‘Brasileiros, apertem os cintos’; ‘Batata quente’; ‘Lei vira potoca’;
‘O herege e o sacristão’; ‘Matar aula pode dar cadeia’; ‘Paz e amor geram
pavor’; ‘Causos que divertem’; entre outros, Ruy Guarany narra, revela e
comenta acontecimentos históricos regionais, nacionais e internacionais, além
de eventos culturais e outros fatos folclóricos.
Rui Guarani conta que lutou
com muita dificuldade para editar seu livro. Nem sequer obteve alguma resposta
dos poderes públicos que, em tese, seriam os responsáveis pelo fomento da
cultura e da memória cultural da terra.
Diz e sabe que não é fácil
ser um escritor nestas plagas, mas mesmo assim, com esforço e dinheiro próprio,
saiu ‘A Missão de Comunicar’, que foi editado pela Editora Scortecci, pertencente
ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, que o
destacou, em 1995, no livro Colunistas Brasileiros, entre os
melhores formadores de opinião do País.
‘O Homem da Fronteira’
Em uma resenha publicada no site http://www.skoob.com.br/livro/resenhas/396508/recentes/ encontramos essa pérola sobre o livro
do jornalista amapaense Ruy Guarany e seu livro ‘O Homem da Fronteira’.
O autor faz um passeio pela região de
Clevelândia do Norte resgatando um pouco de sua história, desde o século XIX,
como área de disputa internacional (posteriormente colônia penal e área
militarizada). Vemos referências aos conflitos pela busca de riquezas,
histórias da época dos prisioneiros políticos (não sem razão um Inferno Verde,
como calvário e destino final para muitos), e a exaltação da bravura pelo
povoamento da localidade... tão isolada em seus primeiros momentos.
Em 1920, eram quase 1700 pessoas, dado por si
mesmo extraordinário se observarmos o isolamento da região, com melhoramentos
acentuados a partir da fundação do território amapaense, em 1943. Interessante
descobrir também (fato histórico para redução do isolamento e marco nas
comunicações) que a primeira estação radiotelegráfica de ondas curtas da Região
Norte foi inaugurada em Clevelândia (em 07/09/1927).
O autor exalta também a natureza e, em
exemplificação, transcrevo algumas de suas linhas: "O dia 8 de maio de 1945, amanhecera ensolarado. As águas do rio
Oiapoque corriam tranquilas e espelhavam sob o impacto dos raios solares. Os
passarinhos cantarolavam alegremente. Araras e tucanos cruzavam a fronteira, em
revoada. Das matas, vinha o gargarejar em coro das guaribas. A cachoeira do
Grand Roche roncava com maior intensidade....". Muito lírico, não?
Não é um livro extenso, tecnicamente é quase
um folheto beirando 50 páginas. Dadas as devidas apresentações históricas, o
autor se detém em histórias do povo nas primeiras décadas do século XX,
bastante representativas pelo contexto de tradições (como uma desconfiada
referência ao boto ou homem do mato), pelo envolvimento com povos indígenas e
simplicidade na rotina.
Basicamente vemos os amigos Tonico e Buiuna
em uma passagem de tempo da infância a velhice, naquela região, onde esses
elementos se fazem presentes em suas vidas e na de seus descendentes. Homens
simples com histórias curiosas e interessantes. Homens da fronteira...
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