segunda-feira, 29 de junho de 2015

EDITORIAL

Desarranjos Elétricos

Depois da tal federalização, a Companhia de Eletricidade do Amapá se transformou num violento ‘tsunami’, que pegou os amapaenses de surpresa, resultando em sucessivos apagões, prejuízos de toda ordem, e um emaranhado de falácias cativantes e verdades ‘sem graça’ que tem confundido a razão e a paciência de todos nós.
São mentiras deslavadas e informações inverídicas para justificar os sucessivos aumentos na tarifa energética do Estado. Tanto, que nesta segunda-feira (29), os deputados vão apertar o presidente da CEA, num debate acalorado em que deverão protestar, cobrar responsabilidades e tentar encontrar uma solução para tamanha falta de respeito, afinal, o povo do Amapá está cansado das constantes interrupções e apagões que já viraram rotina por aqui. Os parlamentares falam até em criar uma central de assessoramento jurídico para atender os maltratados consumidores, e se necessário, entrar com ações judiciais contra a CEA, para o devido ressarcimento dos bens perdidos pelas indesejáveis quedas de energia.
É importante ressaltar que atualmente o Estado do Amapá já possui uma das mais caras tarifas elétricas do Brasil. Enquanto isso, só aumenta a lista de imoralidades e irregularidades cometidas pela CEA, alvo de uma série de denúncias, para as quais a Estatal se justifica acusando o alto custo da geração de energia que subiu muito em função da recente alta de 46% na energia, do uso maior de termelétricas e devido ao corte do repasse de verbas da União para subsidiar a energia aos mais pobres.
A Companhia de Eletricidade do Amapá é uma estatal federalizada, mesmo assim, se mostra ineficiente e improdutiva, e o pobre contribuinte daqui, que efetivamente paga seus tributos, já não aguenta mais.
A CEA era uma daquelas estatais obsoletas que ainda subsistiam no Brasil. Era um desastre, e hoje sustenta a primeira posição no ranking nacional de interrupção de energia, com uma média altíssima de apagões por ano.
O mais aviltante, é que a dona CEA, mesmo ligada ao linhão de Tucuruí, reclama de dificuldades, sem falar que com a federalização a empresa saiu da inadimplência, acessou fundos do governo federal para investimentos, como a interconexão do Amapá ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de distribuição de energia, recebeu a injeção de mais de R$ 25 milhões do governo do Estado, que assumiu a dívida com a Eletronorte, numa operação deficitária que no final das contas será paga com dinheiro do consumidor. No fundo isso tudo virou, aqui no Amapá, uma exploração sistemática da CEA, com nítidos aumentos inexplicáveis ​​nos custos de eletricidade, colocando pressão financeira sobre o consumidor, sem a garantia de melhorias nos serviços.
O problema mais grave, contudo, é o custo das contas, além do que, os clientes são fundamentalmente incapazes de dar sentido aos aumentos, e a CEA não fornece qualquer explicação, a fora a sugestão implausível de que eles têm consumido mais.
Não tem explicação. E o que é ainda pior, a presidente Dilma Rousseff decidiu abandonar o pilar do ‘novo modelo do setor elétrico’, criado em 2012, baseado em subsídios do Tesouro à tarifa de energia, mas não resolveu mudar o que nunca existiu, nem mudar o que realmente foi feito. O que fez foi cortar o aporte do Tesouro à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e jogar os gastos nas costas dos consumidores de energia – residenciais e industriais. Além do aumento anual, que já é um estupro nos orçamentos das famílias e empresas, o consumidor de eletricidade terá que arcar com o aumento provocado pela tal ‘bandeira tarifária’, além do que, os consumidores terão de pagar, também, os empréstimos aos bancos que as distribuidoras de energia tomaram em 2014. Em um discurso, em 2012, a mandatária petista, em mais uma de suas mentiras ao povo, enrolou o país bradando: “Não se surpreendam que esta nova arrancada se dê no mesmo momento em que o mundo se debate em um mar de incertezas. Vou ter o prazer de anunciar a mais forte redução de que se tem notícia, neste país, nas tarifas de energia elétrica das indústrias e dos consumidores domésticos. A partir daí todos os consumidores terão sua tarifa de energia elétrica reduzida, ou seja, sua conta de luz vai ficar mais barata”.

Durma-se com esse barulho, ou melhor, conviva-se nessa calorenta escuridão.

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