Três mil
famílias e uma esperança
A
assinatura de um TAC, sem a devida argumentação social, veio traumatizar quase
três mil famílias de serventes e merendeiras da rede de ensino público do Amapá
que pertencem aos quadros da Unidade Descentralizada de Execução (UDE) e, um
débito previdenciário, para a atual gestão estadual de mais de R$ 150 milhões,
além de outras dívidas trabalhistas.
Na gestão
de Camilo Capiberibe, que após assinar o TAC, não o cumpriu e, em outubro de
2013, seis meses depois, o MPT, deu-lhe mais uma chance e firmou um termo
aditivo, garantindo um novo prazo de 180 dias para rescisão dos contratos, o
pagamento do saldo de salários e a garantia aos trabalhadores do saque dos
depósitos do FGTS referentes ao período dos contratos de trabalho nulos. Apesar
disso, as obrigações de novo não foram cumpridas pelo governo.
Então o MPT
acionou a Justiça do Trabalho, que determinou a execução do Termo de
Ajustamento de Conduta, e fixou um prazo de 90 dias para a atual administração
estadual execute os desligamentos, ou seja, demissão em massa dos 2.903
servidores. Em caso de descumprimento, será cobrada uma multa de R$ 22,28
milhões do Governo do Estado.
Uma
Audiência Pública foi então proposta pela deputada estadual Marília Góes (PDT)
para analisar a situação desses trabalhadores e do Oiapoque ao Vale do Jari os
milhares de servidores ameaçados pela demissão, em pleno fim de ano, ocuparam
as galerias e a frente da Assembleia Legislativa do Amapá na expectativa de
terem uma solução favorável a sua causa.
Pois no
bojo da decisão judicial era determinada a rescisão dos contratos, considerados
ilegais e o não pagamento dos direitos trabalhistas, que lhes foram fielmente
descontados em mais de 20 anos de serviços prestados a UDE. Gilberto Santos, servente,
lotado na UDE desabafou. “O
que estamos reivindicando é que se esclareça se há de fato, ou não, a
ilegalidade da nossa situação, pois disseram que não receberemos nada e ainda
seremos demitidos sem uma explicação plausível”.
Para as 402
escolas, que perderão a partir de janeiro suas merendeiras e serventes, a
situação é complicada, pois em muitas delas o ano letivo termina em março de
2016 e o tempo é exíguo para a realização de uma licitação e a contratação de
pessoal para as atividades que poderão ficar vagas.
Após os
debates diversas propostas foram apresentadas e discutidas pelos setores
responsáveis pela decisão judicial, parlamentares, educadores
representantes dos servidores e uma luz acendeu-se. Das cinco propostas
aprovadas na audiência pública, a que mais agradou foi à criação do quadro em
extinção, que garante a permanência dos funcionários até a aposentadoria e o
Estado fica impedido de fazer novas contratações e a criação de uma comissão
para acompanhar os próximos passos, após a realização da audiência pública.
Como a Procuradoria Geral do Estado vai discutir com o Ministério Público do
Trabalho os encaminhamentos aprovados, por todos, no evento. A comissão
também terá o papel de ajudar o Estado a não perder os prazos
O juiz
substituto da 5ª vara do Trabalho de Macapá, Marcelo Viegas, onde corre o
processo, declarou que a solução da situação cabe ao Ministério Público do
Trabalho e que é necessário o consenso com o governo para minimizar os impactos
aos trabalhadores e, se houver acordo, a Justiça está de portas abertas para
acatar e finalmente ficou definido que será criada uma comissão para tratar dos
encaminhamentos da audiência composta por representante dos trabalhadores,
secretarias de Estado da Educação, do Planejamento e da Fazenda, além da Câmara
Municipal de Macapá, Assembleia Legislativa e PGE.
A situação
amenizou, mais ainda falta muito para concretizar. A parlamentar Marília Góes
defensora de primeira hora, dos servidores da UDE deu o primeiro passo,
importantíssimo para chegar ao consenso que beneficie os trabalhadores
ameaçados de perderem seus empregos, principalmente frente a crise que o Brasil
está passando.
Esta
situação se concretiza pelo desabafo de uma merendeira na
frente da Assembleia Legislativa do Amapá, durante a Audiência Pública sobre a
sua triste situação: “A gente
não dorme. Uma colega caiu no choro por não saber o que fazer. Se tu não estás
bem emocionalmente, o que vai passar para os filhos, como dizer que não teremos
uma festa de Natal?”.
A verdade é
que a situação é desesperadora, e a imagem de um Feliz Natal e um Próspero Ano
Novo, sem emprego, é traumatizante para esses pais e mães de família.
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