sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

MATÉRIA DE CAPA


 

Rodovia do Pacoval: Abandono e descaso



Candidato Clécio e o senador Randolfe afirmavam em campanha que a falta de asfaltamento nas vias de Macapá era preguiça ou corrupção, e hoje, qual será o motivo?

Reinaldo Coelho

Uma das obras, considerada a ‘menina dos olhos’ de David Alcolumbre, quando era candidato a prefeitura de Macapá, em 2012, era a Rodovia do Pacoval. Essa artéria é uma das alternativas para desafogar o tráfego da Ponte Sérgio Arruda. Mas a obra assumida pelo candidato psolista Clécio Luís, estava prevista à sua entrega era o dia do aniversário de Macapá em 2015. E sua conclusão em agosto do mesmo ano. Estamos em 2016 e...? Bem... Macapá não vai receber o presente.

A obra tem recursos de emenda parlamentar do ex-deputado federal e hoje senador Davi Alcolumbre, inserido no Projeto Calha Norte. O recurso foi dividido em dois convênios, no valor total de R$ 5 milhões, a contrapartida ficou por conta do Tesouro Municipal no valor de R$ 250 mil.

A Rodovia do Pacoval é a segunda artéria de interligação da zona norte ao centro da capital e pelo projeto serão mais de 3,7 quilômetros de vias recuperadas, com serviços de pavimentação, calçamento, meio-fio, ciclovias, terraplenagem e drenagem.


A obra tem sido feita em etapas. Numa demonstração inequívoca de falta de planejamento. A recuperação asfáltica é um exemplo disso. Previa melhoria da trafegabilidade e da mobilidade no eixo que vai do início da Rodovia do Pacoval (início da ponte), passando pelos bairros Pantanal e Renascer, até chegar à Avenida Tancredo Neves e as avenidas do entorno. Mas até agora somente trechos intercalados estão com cobertura asfáltica e, aliás, nossa reportagem constatou “in loco” que é de péssima qualidade. Diferente das promessas de campanha que alardeavam asfalto com espessura de 15 cm.

A empresa responsável pela obra empresa JM Construtora, cometeu um grave crime ambiental. O piche colocado na avenida de acesso vazou e encobriu a vegetação e a água da ressaca local. Segundo o que a reportagem apurou com populares ele teria sido trazido pelas chuvas após o espalhar o “piche” da Rua Benedito Rodrigues Ferreira. A Secretaria Municipal de Obras (SEMOB) informou que a empresa responsável  pela pavimentação da via teria iniciado a limpeza em seguida. No local fomos informados por moradores que essa informação não é procedente.

Enfim! Estamos na semana do aniversário da Cidade de Macapá, e o presente aos moradores da Zona Norte, por ocasião dos festejos da cidade está inconcluso. Se dinheiro tem. Por que Clécio não aprontou a obra? Incompetência ou preguiça?
 


Resultados negativos da obra

A falta de planejamento da obra fica evidenciada na utilização da avenida Caubi de Melo, que por não ter acesso paralelo não poderia ser utilizada para interligar os bairros Renascer II e o Pantanal. Essa artéria tem barrancos naturais em suas laterais, o que dificulta mais ainda a mobilidade dos moradores e o fluxo do tráfego local, principalmente dos coletivos.

A obra iniciada em novembro de 2014 logo foi paralisada em função das chuvas que caem em Macapá nesse período e só foi retomada em agosto de 2015. Ficando paralisada por longo 10 meses e quando os serviços foram retomados foi em ritmo lento demais. Acabou que a avenida Caubi Melo, recebeu recapeamento asfáltico, com obras de terraplanagem nas laterias da via, ou seja, razão para o lamaçal que se vivifica no início invernoso de 2016.

As outras vias do Bairro do Pantanal, mais longe das obras de acesso, receberam uma nova técnica de cobertura asfáltica, mistura de seixos com pinche, com menos de 1 cm de espessura, ou seja, para esconder temporariamente a poeira e a lama. Qual é o prazo de duração desse arremedo asfáltico, pois não tem obras de galeria para escoamento de águas pluviais.

Algumas vias que não estão contempladas no projeto se transformaram em verdadeiros atoleiros. Andando pelas vias transversais, constatamos que é possível identificar o abandono e o total descaso para com esse povo que usa essa rua para ir e vir cotidianamente. Muito mato e lixo, em alguns pontos o mato tomou conta de toda extensão da rua.

E o que já estava ruim piorou com a chegada das chuvas, pois como não há pavimentação o lamaçal se forma e contribui para agravar a situação de intrafegabilidade da rua. Alguns moradores explicam que só há como sair de casa com sacos amarrados nos pés. Vergonhoso.

O estudante Mariano Levy (15), diz que quando chove não pode sair de casa porque a lama suja os seus pés. E no sol, os carros passam em alta velocidade e enchem as pessoas de poeira.



A avenida Nicolau Libório acumulam reclamações. A avenida que nunca foi pavimentada, de acordo com o período do ano causa problemas aos habitantes que sofrem ora com a poeira, ora com a lama.
A praça está depredada e não oferece nenhuma segurança. O espaço continua sem bancos, sem lixeiras e com a estrutura comprometida. Quem realiza a limpeza paliativa do local é a própria população. “Passou o ano de 2015 e continuamos sem ver uma equipe da Prefeitura, pelo menos para amenizar o problema do bairro. Enquanto isso vamos ajeitando como podemos, já que as crianças usam a Praça para um projeto de futebol”, explicou o comerciante Antônio Braga.

Rodovia destruindo a Ressaca.

A obra no trecho entre o Pantanal e o Pacoval, que pelo projeto inicial deveria ser duplicada, vem recebendo aterramento que está comprometendo a Ressaca do Jandiá, que inclusive teve seu centro transformado em rua de acesso, considerado ilegal pelo Instituto de Licenciamento e Ordenamento Territorial do Amapá (IMAP), que informou  em 2015 que não houve, no plano de obras da prefeitura de Macapá, um pedido para intervenção na área de ressaca onde o município executava obras de asfaltamento no Bairro Pantanal.

Na audiência, Éden Quaresma, coordenador de licenças do IMAP, disse na ocasião que a licença para os serviços da prefeitura foi emitida no segundo semestre de 2014, e contemplava obras de recapeamento e recuperação de vias e não para aterramento da Ressaca. E continua acontecendo. Em certos locais os moradores já estão transformando em lixeiras viciadas. Ou seja, meteram os pés pelas mãos, numa ação criminosa contra o meio ambiente.

Indenização?

Grande extensão de um barranco que existia paralelo a avenida Caubi de Melo, onde existem proprietários particulares de extensas áreas, com atividades empresariais, tiveram essas terras retiradas e seus limites avançados em mais de 10 metros para poder duplicar a via e fornecer terra para os aterros. Inclusive já está sendo montando um pequeno condomínio no local, com obras de residências particulares. Não conseguimos informações se esses proprietários foram indenizados.



Obras na malha viária

A malha viária de Macapá foi um dos pontos da campanha em 2012, do prefeito Clécio Luís, em dezembro de 2014, em uma entrevista a um blog, declarou o seguinte: “fizemos, junto com o governo do Estado, 43 quilômetros de asfalto novo. O trabalho foi feito em ruas que nunca foram asfaltadas e também naquelas onde a pavimentação já não prestava mais. Isso equivale a 10% do que foi feito durante 30 anos em Macapá. Agora, imagina se cada um tivesse feito sua parte. Conseguimos habilitar Macapá em três programas, ou seja, ainda vamos ter R$ 144 milhões para investir nas ruas da cidade, assim que o governo federal aprovar os projetos e liberar esse recurso”.


A pergunta que o Tribuna Amapaense faz é a seguinte: a prefeitura recebeu esses recursos? Foram ou estão sendo aplicados nas ruas da cidade? Considerando o que se vê Clécio Luís fez só 10% mesmo e o restante da malha foi solenemente abandonado. Uma imagem, segundo os marqueteiros fala mais que mil palavras. Vejam os senhores.


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