Rodovia do Pacoval: Abandono e descaso
Candidato Clécio e o senador Randolfe afirmavam em
campanha que a falta de asfaltamento nas vias de Macapá era preguiça ou
corrupção, e hoje, qual será o motivo?
Reinaldo Coelho
Uma das obras,
considerada a ‘menina dos olhos’ de David Alcolumbre, quando era candidato a
prefeitura de Macapá, em 2012, era a Rodovia do Pacoval. Essa artéria é uma das
alternativas para desafogar o tráfego da Ponte Sérgio Arruda. Mas a obra
assumida pelo candidato psolista Clécio Luís, estava prevista à sua entrega era
o dia do aniversário de Macapá em 2015. E sua conclusão em agosto do mesmo ano.
Estamos em 2016 e...? Bem... Macapá não vai receber o presente.
A obra tem
recursos de emenda parlamentar do ex-deputado federal e hoje senador Davi
Alcolumbre, inserido no Projeto Calha Norte. O recurso foi dividido em dois
convênios, no valor total de R$ 5 milhões, a contrapartida ficou por conta do Tesouro
Municipal no valor de R$ 250 mil.
A Rodovia do
Pacoval é a segunda artéria de interligação da zona norte ao centro da capital
e pelo projeto serão mais de 3,7 quilômetros de vias recuperadas, com serviços
de pavimentação, calçamento, meio-fio, ciclovias, terraplenagem e drenagem.
A obra tem sido
feita em etapas. Numa demonstração inequívoca de falta de planejamento. A recuperação
asfáltica é um exemplo disso. Previa melhoria da trafegabilidade e da
mobilidade no eixo que vai do início da Rodovia do Pacoval (início da ponte),
passando pelos bairros Pantanal e Renascer, até chegar à Avenida Tancredo Neves
e as avenidas do entorno. Mas até agora somente trechos intercalados estão com
cobertura asfáltica e, aliás, nossa reportagem constatou “in loco” que é de
péssima qualidade. Diferente das promessas de campanha que alardeavam asfalto
com espessura de 15 cm.
A empresa responsável
pela obra
empresa JM Construtora, cometeu um grave crime
ambiental. O piche colocado na avenida de acesso vazou e encobriu a vegetação e
a água da ressaca local. Segundo o que a reportagem apurou com populares ele
teria sido trazido pelas chuvas após o espalhar o “piche” da Rua Benedito Rodrigues
Ferreira. A Secretaria Municipal de Obras (SEMOB) informou que a empresa
responsável pela pavimentação da via teria
iniciado a limpeza em seguida. No local fomos informados por moradores que essa
informação não é procedente.
Enfim! Estamos na
semana do aniversário da Cidade de Macapá, e o presente aos moradores da Zona Norte,
por ocasião dos festejos da cidade está inconcluso. Se dinheiro tem. Por que
Clécio não aprontou a obra? Incompetência ou preguiça?
Resultados negativos da obra
A falta de
planejamento da obra fica evidenciada na utilização da avenida Caubi de Melo,
que por não ter acesso paralelo não poderia ser utilizada para interligar os
bairros Renascer II e o Pantanal. Essa artéria tem barrancos naturais em suas
laterais, o que dificulta mais ainda a mobilidade dos moradores e o fluxo do
tráfego local, principalmente dos coletivos.
A obra iniciada em
novembro de 2014 logo foi paralisada em função das chuvas que caem em Macapá
nesse período e só foi retomada em agosto de 2015. Ficando paralisada por longo
10 meses e quando os serviços foram retomados foi em ritmo lento demais. Acabou
que a avenida Caubi Melo, recebeu recapeamento asfáltico, com obras de terraplanagem
nas laterias da via, ou seja, razão para o lamaçal que se vivifica no início invernoso
de 2016.
As outras vias do
Bairro do Pantanal, mais longe das obras de acesso, receberam uma nova técnica
de cobertura asfáltica, mistura de seixos com pinche, com menos de 1 cm de espessura,
ou seja, para esconder temporariamente a poeira e a lama. Qual é o prazo de
duração desse arremedo asfáltico, pois não tem obras de galeria para escoamento
de águas pluviais.
Algumas vias que
não estão contempladas no projeto se transformaram em verdadeiros atoleiros.
Andando pelas vias transversais, constatamos que é possível identificar o
abandono e o total descaso para com esse povo que usa essa rua para ir e vir
cotidianamente. Muito mato e lixo, em alguns pontos o mato tomou conta de toda
extensão da rua.
E o que já estava
ruim piorou com a chegada das chuvas, pois como não há pavimentação o lamaçal
se forma e contribui para agravar a situação de intrafegabilidade da rua.
Alguns moradores explicam que só há como sair de casa com sacos amarrados nos
pés. Vergonhoso.
O estudante
Mariano Levy (15), diz que quando chove
não pode sair de casa porque a lama suja os seus pés. E no sol, os carros
passam em alta velocidade e enchem as pessoas de poeira.
A avenida Nicolau
Libório acumulam reclamações. A avenida que nunca foi pavimentada, de acordo
com o período do ano causa problemas aos habitantes que sofrem ora com a
poeira, ora com a lama.
A praça está
depredada e não oferece nenhuma segurança. O espaço continua sem bancos, sem
lixeiras e com a estrutura comprometida. Quem realiza a limpeza paliativa do
local é a própria população. “Passou o
ano de 2015 e continuamos sem ver uma equipe da Prefeitura, pelo menos para
amenizar o problema do bairro. Enquanto isso vamos ajeitando como podemos, já
que as crianças usam a Praça para um projeto de futebol”, explicou o
comerciante Antônio Braga.
Rodovia destruindo a Ressaca.
A obra no trecho
entre o Pantanal e o Pacoval, que pelo projeto inicial deveria ser duplicada,
vem recebendo aterramento que está comprometendo a Ressaca do Jandiá, que
inclusive teve seu centro transformado em rua de acesso, considerado ilegal pelo
Instituto de Licenciamento e Ordenamento Territorial do Amapá (IMAP), que
informou em 2015 que não houve, no plano de obras da prefeitura de
Macapá, um pedido para intervenção na área de ressaca onde o município executava
obras de asfaltamento no Bairro Pantanal.
Na audiência, Éden
Quaresma, coordenador de licenças do IMAP, disse na ocasião que a licença para
os serviços da prefeitura foi emitida no segundo semestre de 2014, e
contemplava obras de recapeamento e recuperação de vias e não para aterramento
da Ressaca. E continua acontecendo. Em certos locais os moradores já estão
transformando em lixeiras viciadas. Ou seja, meteram os pés pelas mãos, numa
ação criminosa contra o meio ambiente.
Indenização?
Grande extensão de
um barranco que existia paralelo a avenida Caubi de Melo, onde existem proprietários particulares de extensas áreas, com
atividades empresariais, tiveram essas terras retiradas e seus limites avançados
em mais de 10 metros para poder duplicar a via e fornecer terra para os
aterros. Inclusive já está sendo montando um pequeno condomínio no local, com
obras de residências particulares. Não conseguimos informações se esses
proprietários foram indenizados.
Obras na malha viária
A malha viária de
Macapá foi um dos pontos da campanha em 2012, do prefeito Clécio Luís, em
dezembro de 2014, em uma entrevista a um blog, declarou o seguinte: “fizemos, junto com o governo do Estado, 43
quilômetros de asfalto novo. O trabalho foi feito em ruas que nunca foram
asfaltadas e também naquelas onde a pavimentação já não prestava mais. Isso
equivale a 10% do que foi feito durante 30 anos em Macapá. Agora, imagina se
cada um tivesse feito sua parte. Conseguimos habilitar Macapá em três
programas, ou seja, ainda vamos ter R$ 144 milhões para investir nas ruas da
cidade, assim que o governo federal aprovar os projetos e liberar esse recurso”.
A pergunta que o
Tribuna Amapaense faz é a seguinte: a prefeitura recebeu esses recursos? Foram
ou estão sendo aplicados nas ruas da cidade? Considerando o que se vê Clécio
Luís fez só 10% mesmo e o restante da malha foi solenemente abandonado. Uma
imagem, segundo os marqueteiros fala mais que mil palavras. Vejam os senhores.
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