sábado, 27 de maio de 2017

A força das cooperativas



A força das cooperativas
no desenvolvimento socioeconômico do Amapá



Cooperativas de agricultores familiares


A cooperativa do Bailique repassa para cooperativas de Macapá que processa o caroço para a polpa do açaí e vende para mercados internacionais, especialmente para a Europa.

Reinaldo Coelho
Colaboração de Mirrelle Rabello


O cooperativismo é um modelo socioeconômico fundamentado na participação democrática e na autonomia dos que se unem de forma voluntária em prol de um objetivo econômico e social comum. A meta do cooperativismo é atender às necessidades do grupo e garantir o bem-estar de cada integrante.
O movimento cooperativista no Brasil reúne cerca de 44 milhões de brasileiros, incluindo cooperados, familiares e funcionários, merece ser reconhecido como uma ferramenta de desenvolvimento socioeconômico no País.

Cooperativismo no Amapá


O desenvolvimento econômico e social do Amapá está sendo cultivado com raízes solidamente plantadas em um território fértil para que o crescimento se faça com rapidez de retorno seguro. Uma das ferramentas é a união de produtores e empresários dos setores agrícola, pecuários, piscicultura e de grãos em cooperativas ou associações para que a arrancada seja forte e legal.
O estado do Amapá possui mais de um milhão e setecentos e oitenta mil hectares para plantação sem comprometer o meio ambiente, ou seja, ainda temos um estado virgem na área da agricultura e do agronegócio. E se desse milhão de hectares fossem destinados apenas 200 mil hectares para a plantação de soja, o governo do Amapá já aumentaria seu orçamento em R$ 5 bilhões em 2017.
Inauguração de terminal portuário de grãos no estado também deve reduzir em 20% o valor do frete para produtores de Mato Grosso

Recentemente, o Amapá sediou o XIV Congresso Brasileiro do Cooperativismo com a participação do presidente do Sistema OCB Nacional, Márcio Lopes; e dos representantes das OCB’s do Tocantins, Rondônia, Pará, Amazonas, Roraima, Acre e Amapá que é anfitrião do evento, para discutir o papel atual do cooperativismo no Brasil.

As Unidades Estaduais do Sistema OCB são peças-chave nesse processo, com a mobilização nacional, construção coletiva e representatividade. E o Amapá tem se destacado com a participação de suas cooperativas nos agronegócios e empreendimentos no crescimento da economia local.
Deputado Estadual Max da AABB participa da Frente Parlamentar de Cooperativismo


O deputado estadual Max da AABB (SD) e membro da Frente Parlamentar em Defesa do Empreendedorismo, Cooperativismo e Economia Solidária da Assembleia Legislativa do Amapá e que participou do encontro. Em entrevista à reportagem explicou que “o orçamento anual do governo é de pouco mais de R$ 4 bilhões. Se fosse investido mais em agronegócio poderia dobrar esse valor, sem contar os empregos que seriam gerados”.
Ela ressaltou que um dos impasses para que isso seja atingido ainda é a legalização das terras. “Esse processo teve início no ano passado, mais ainda é lento. A Assembleia Legislativa precisa correr e dar esse apoio ao governo na confecção das leis que orientam essa utilização da terra. Nosso Estado tem que largar essa dependência de contra cheque. Como se diz, o governo não gera riqueza, quem gera riqueza e o povo’.

Logística e infraestrutura


Clima, oferta e demanda, oscilações de mercado. A maioria desses fatores que influenciam na renda do produtor e no preço das commodities agrícolas não podem ser controlada por política agrícola e investimentos dos agricultores.
Já quando se fala em logística e infraestrutura de transportes e armazenagem, a situação é diferente. Se há algo que pesa nos custos de produção e impede o agronegócio brasileiro de ser ainda mais competitivo, são os problemas enfrentados por quem produz na hora de escoar a safra.
E o Amapá sofre com o mesmo problema. São anos sem planejamento de recuperação das estradas e rodovias do Estado, o que poderia melhorar o escoamento da produção e baratear a exportação, competindo assim com as outras unidades produtoras. A atual administração vem superando as crises e investindo no corredor de escoamento do agronegócio, construindo pontes, ampliando rodovias e vicinais nos municípios que produzem ou são terminais de logística.
O porto de Santana também está incluído nesse processo de infraestrutura. “Em outros estados como Mato Grosso, por exemplo, a soja roda mais de 2 mil quilômetros para chegar até o porto de embarque, aqui são apenas 70 quilômetros”, explica o deputado Max da AABB.
Um outro detalhe de suma importância para a valorização da produção de grãos do Amapá, principalmente da Soja, é a certificação do produto amapaense, pois para seu cultivo não é destruído nossa floresta e conservamos o bioma da Amazônia.
A nossa soja pode ser certificada e ter um preço mais alto no mercado, porque não devastamos o meio ambiente. Nossos “biomas” estarão todos preservados e a economia do Amapá cada vez mais pujante. Porém, é preciso que a nossa classe política trabalhe nas leis ambientais focadas na preservação e sustentabilidade. O Amapá inteiro ganha, imagine que após a instalação da fábrica de ração no Estado teremos muitas oportunidades de negócios criadas pelas cooperativas como a piscicultura, suinocultura e frigoríficos”.

Produção certificada
Essa certificação e sua importância para os produtores cooperados já garantiu melhoria nas atividades da cooperativa dos Produtores Agroextrativista do Bailique, AmazonBai, filiada à Organização das Cooperativas do Amapá (OCB), que recebeu, recentemente, do Conselho de Manejo Florestal (FSC – Forest StewardshipCouncil), o certificado de manejo da floresta que incentiva à regularização fundiária, garante o manejo florestal e incentiva a segurança do trabalhador, com uso de proteção individual.
O selo foi concedido porque o açaí do Bailique corresponde às características exigidas pelo Conselho de Manejo Florestal, atendendo aos padrões do FSC, com benefícios sociais e viabilidade econômica. Este é o selo mais conhecido do mundo no segmento.
A certificação do açaí por um conselho mundial torna o produto mais valorizado e incentiva os extrativistas do açaí a entrarem no mercado de exportação.

Expansão cooperativista
No Amapá existem 90 cooperativas ativas, e mais de 100 que aguardam e buscam orientações para serem legalizadas, juntas somam mais de seis mil cooperados e geram mais de quatrocentos empregos diretos. O Estado possui potencial florestal e experiência para vender produtos com qualidade e competição no mercado com modelos orgânicos e com selo comercial para competir com o mercado nacional.

Aprosoja Amapá
Diretoria da Aprosoja-Amapá

Atualmente, existem 200 produtores de soja em atividades no estado e deverão ser cultivados 15.000 hectares de soja, além de outras culturas como arroz, milho e feijão caupi. Dados da Embrapa Amapá dão conta de que o Estado conta com aproximadamente 1 milhão de hectares de cerrado, dos quais cerca de 400.000 são aptos para agricultura.
Fundada em 2015, nos moldes dos outros Estados, a Associação dos Produtores de Soja do Amapá (Aprosoja-AP) vem atuando nas áreas socioambiental, relações públicas, orientação técnica, apoiando à pesquisa e o desenvolvimento de mercados.
Segundo o presidente da entidade, Daniel Sebben, é grande a importância da associação para alavancar o crescimento da produção de Soja. “Uma vez institucionalmente organizados através da Aprosoja, os produtores podem cobrar, fiscalizar e influenciar políticas públicas voltadas para o setor, como nos casos do licenciamento ambiental e da regularização fundiária, que atualmente é o maior entrave para a produção e maior prioridade da associação”, afirma Sebben.
O Estado do Amapá planta atualmente 14 mil hectares com soja e colhe 38 mil toneladas. Mas essa realidade está prestes a mudar. Com a inauguração de um terminal de grãos no porto de Santana, localizado no sudeste do Estado, a região deve atrair investidores interessados em abrir outros 400 mil hectares para a semeadura da oleaginosa na região.
Ao todo foram embarcadas em setembro de 2016, vinte e cinco mil toneladas do cereal, produzidos no Estado, montante que representa quase 66% de toda a produção do Amapá da safra 2016/2017, colhida em setembro. “Isso é um marco histórico”, comemorou Daniel Sebben. “Esse terminal graneleiro representa um divisor de águas na agricultura do Estado”, continuou.
Além da Aprosoja que está colhendo o sucesso com a união dos produtores, hoje, o Amapá já conta com uma cooperativa que está importando cacau, outras que já estão exportando açaí com manejo sustentável e castanha do Brasil. Algumas cooperativas conseguem destaques significativos na produção, principalmente no setor pesqueiro, e somam altos valores e tem impacto importante na economia do estado.
Desde 1988, segundo a Organização das Cooperativas do Amapá (OCB-AP), o faturamento tem melhorado. Só com o pescado, a produção chega a mais de 5 mil toneladas ano. Com o camarão, a produtividade é de 850 toneladas ao ano. Juntas, elas somam mais de R$ 60 milhões.
No Amapá, as cooperativas têm avanços significativos. No setor primário, considerado ainda o mais baixo, o impacto é de quase 3,2% sobre toda a produção agrícola. No setor secundário, os números são melhores, 10%. Mas é no setor terciário que está a melhor participação das cooperativas. Juntas, elas representam 86,8% do PIB do Amapá.
Gerações de agricultores, como os da Colônia do Matapi, em Porto Grande, no norte oeste do Estado, apostam na força do cooperativismo. A sucessão rural com base no cooperativismo está dando certo. Só em 2014, com uma produção de 50 toneladas entre polpas, verduras e frutas, os cooperados obtiveram uma renda de R$ 300 mil.
Mas apesar dos êxitos, o sistema de cooperativismo também enfrente obstáculos. Os 72,03% de áreas protegidas divididas entre unidades de preservação e conservação. Do total, 11,4% estão sob o domínio do Estado e apenas 1,15% das terras destinadas para as atividades econômicas.
Para população que habita nesta região, a cooperativa se apresenta como o modelo ideal para empreender, gerar negócios e acessar o mercado institucional dos programas de incentivo a produção no campo.
O esforço dos agricultores, pecuaristas, pescadores artesanais entre outros trabalhadores que produzem nestas áreas para abastecer o estado com alimentos e produtos para ter um tratamento diferenciado, sem esquecer as limitações dos empreendimentos por conta dos desafios que existem na região amazônica, como estradas, ramais e energia.


Box 1
Apoio do Estado e os incentivos da ZFV
A AmazonBai e outras 11 cooperativas fazem parte do consórcio de produção de alimentos que é gerenciado pela OCB. A organização atua em três cadeias produtivas: açaí (seis cooperativas), pescado (três cooperativas) e castanha do brasil (três cooperativas).
Recentemente, os representantes da OCB solicitaram o apoio e incentivo do governo do Estado para se instalar no Distrito Industrial de Santana. Os cooperados já receberam orientação da Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá (Agência Amapá), quanto à documentação e incentivos fiscais da Zona Franca Verde.
As cooperativas também aguardam a liberação de um financiamento do Fundo de Desenvolvimento Rural do Amapá (Frap), para que possam modernizar e expandir a produção de alimentos no Estado do Amapá.

“A Agência tem cumprido com o seu papel de buscar o investidor, seja ele grande, médio ou pequeno. Queremos dar oportunidade a todos e, claro, percebendo que o nosso investidor tem grandes potenciais como é o caso desses cooperados, nós temos o maior orgulho de incentivá-los”, destacou o diretor-presidente da Agência Amapá, Eliezir Viterbino.

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