domingo, 29 de julho de 2018

RECANTO LITERÁRIO




Um poeta maranhense, legitimamente amapaense

Obdias Araújo

Conheci o Paulo nos idos de 1980 quando ele trabalhava na Eletronorte. Eu e o Isnard Lima trabalhávamos no jornal Folha do Povo e o Poeta do Mearim nos socorria sempre que a farra era maior do que o bolso.
NO DENTRO DE MIM, seu livro de poemas lançado em 1985, já deixa à mostra o talento do jovem poeta que trocando o Rio Mearim pelo Amazonas manteve entretanto em seus escritos a marca e o sotaque da terra que nos deu tantos intelectuais. Um Maranhão fervilhante de culturas vindas de distantes rincões ou ali mesmo nascidas na boca mãos e pés de homens mulheres e crianças de voz cantante e imaginação fértil  tanto quanto é fértil a terra onje jaz o umbigo de Catulo da Paixão Cearense.
Na festa de lançamento de NO DENTTO DE MIM estavam presentes poetas calejados como Isnard Lima e Alcy Araújo que juntamente com Obdias Araújo, Maia, Áldeno Pinto, Frank Asley Estevão  da Silva e tantos outros diletantes da beleza aplaudiam entusiasticamente o jovem e debutante Poeta.
Depois de sentir o gosto da aclamação como Escritor, Paulo Tarso Barros nunca mais parou. Porque a boa fonte não seca. E este belo e conturbado mundo onde vivemos carece de poesia.
E a poesia carece de poetas para ser. E estar!
...
PAULO TARSO Silva BARROS nasceu em Vitória do Mearim – MA, no dia 29 de agosto de 1961 e desde 1980 é radicado no Amapá.
É filho de Miriam Bogéa e Silva e Euzemar dos Santos Barros. Professor licenciado em Letras pela UNIFAP, Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu de Especialização em Língua Portuguesa e Literatura brasileira pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá – FIJ.
Funcionário público do grupo magistério da Secretaria de Estado da Educação do Amapá, casado, duas filhas e já publicou diversos livros, dentre contos, poemas e literatura de cordel, centenas de crônicas e artigos na imprensa do Amapá, Pará, Maranhão, São Paulo, Pará e Rio de Janeiro.
Fez a editoração de mais de quarenta obras. É membro da Academia Arariense-vitoriense de Letras (AVL, onde ocupa a Cadeira de nº 31 e da Academia Arariense-vitoriense de Letras - AVL; membro da União Brasileira de Escritores (UBE – São Paulo), da Associação Amapaense de Escritores – APES, da Associação Amapaense de Folclore e Cultura Popular e foi membro do Júri Nacional do Prêmio Multicultural O Estadão, de São Paulo.
Foi membro do Conselho Estadual de Cultura, do Conselho Diretor da Fundação de Cultura do Amapá e chefe da Divisão de Editoração da referida instituição. Desempenha suas funções na Biblioteca Pública Estadual Elcy Lacerda, entidade da qual é ex-diretor.
Publicou: No dentro de Mim (Poemas, 1985), Poemas de Aço (Poemas, 1985), Existencial do Pássaro Migratório (Poemas, 1997), O Devaneio é o Cetro do Poeta (Poemas, 1997), Inventário das Buscas (Poemas, 1997), Canção numa Hora de Encontros e Desencontros (Poemas, 1997), O Benzedor de Espingarda (Contos, 1998), As Peripécias do Moleque Borgue (Cordel, 1998), Apontamento de Literatura Amapaense (Internet), Datas Históricas e Comemorativas do Brasil e do Mundo (Internet), Sogra na Vida da Gente (Cordel, 2004), Os Silêncios da Eternidade (Poemas, 2013, Tarso Editora -Virtual        Books), História de um Sino (Contos,Tarso Editora,  2013)
-Participação em Antologias: 13 Contistas da Amazônia. Editora da UFPA, 1993, 7 Contistas da Amazônia. Editora da UFPA, 1993, 11 Contistas e 13 Contos. Editora da UFPA, 1997, Macapá, Retratos Poéticos. Edições Tucuju/PMM, 2002, 245 Quadrinhas de Amor a Macapá. CAEF, Macapá, 2003, Pescando Peixes Graúdos em Águas Brasileiras, de Geraldo Pereira (poemas, Goiás, 2004), Antologia Poetas do Meio do Mundo. Macapá: GEA, 2009, Antologia Contistas do Meio do Mundo. Macapá: GEA, 2010, Antologia Cronistas do Meio do Mundo. Macapá: GEA, 2011, Antologia Poetas do meio do Mundo. Macapá: GEA, 2013
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Alguns poemas de PTB:

BOA NOITE, POEMA
Boa noite, poema. Uma lua sequer há no céu desta cidade, mas no rio noturno onde abasteço meu ser, os peixes desenham um arco-íris aquático.
Boa noite, poema, boa noite, Macapá, minha terra tem Mearim, minha terra tem Amazonas, minha alma tem poesia.

O RIO DA MINHA INFÂNCIA
O rio da minha infância deságua sonhos e visões na curva indelével da memória. O tempo, que é percepção, abstrato e conceitual, inunda os dias meus, pororoca minhas lembranças mirins, Seca e  extingue, às vezes, os escassos momentos de alegria - fazendo blitze nos pesadelos arcaicos.
Sou como um peixe volátil que foge das iscas fáceis, do arpão assassino e famélico, da cachoeira e dos redemoinhos traiçoeiros que destroçaram veleiros da Antigüidade.
O rio da minha infância, se não é minhas lágrimas, com certeza é o meu cálice doce e suave, sem espumas, que apenas me faz fechar os olhos e voltar-me, com outros olhos, para um lugar cada vez mais distante a dissolver-se, como as brumas da noite torta, por entre os fantasmas olvidados e caducos...
O rio da minha infância, miúdo e tão abundantemente infinito, corre entre as veias do meu corpo, envelhece com suas lágrimas, pois esse rio tão metafísico e sutil é mesmo as minhas lágrimas!

SAÍ DO MEU LUGAR EM BUSCA DE POESIA
Saí do meu lugar em busca de poesia. Nunca pensei em ganhar dinheiro: Aquilo era coisa de adultos. E eu, mesmo adulto, ainda tinha alma de poeta a capengar versos em papéis velhos.
Andei disperso, sempre, montado nas canoas dos cabocl ou nas aningas que desciam o rio.
De noitinha, cabisbaixo, acompanhava os morcegos-caçadores de insetos por sobre o rio Mearim e, de longe, apascentava o gado que chegava dos pastos para beber na outra margem do rio. Quando escurecia, saía caminhando pelas ruas e cumprimentava os andarilhos e me perdia entre os becos num vagão que se dirigia ao passado:
Mas lá só me deparava com sombras, vazios, silêncios, distâncias e tinha que retornar à Praça Rio Branco e caminhar sob as árvores onde dormiam meus pássaros cansados e belos.
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Contatos com o autor:
Site: http://www.escritoresap.blogspot.com.br, Blog: http://paulo.tarso.blog.uol.com.br, Facebook: Paulo Tarso Barros

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