Um
poeta maranhense, legitimamente amapaense
Obdias Araújo
Conheci
o Paulo nos idos de 1980 quando ele trabalhava na Eletronorte. Eu e o Isnard
Lima trabalhávamos no jornal Folha do Povo e o Poeta do Mearim nos socorria
sempre que a farra era maior do que o bolso.
NO
DENTRO DE MIM, seu livro de poemas lançado em 1985, já deixa à mostra o talento
do jovem poeta que trocando o Rio Mearim pelo Amazonas manteve entretanto em
seus escritos a marca e o sotaque da terra que nos deu tantos intelectuais. Um
Maranhão fervilhante de culturas vindas de distantes rincões ou ali mesmo
nascidas na boca mãos e pés de homens mulheres e crianças de voz cantante e
imaginação fértil tanto quanto é fértil
a terra onje jaz o umbigo de Catulo da Paixão Cearense.
Na
festa de lançamento de NO DENTTO DE MIM estavam presentes poetas calejados como
Isnard Lima e Alcy Araújo que juntamente com Obdias Araújo, Maia, Áldeno Pinto,
Frank Asley Estevão da Silva e tantos
outros diletantes da beleza aplaudiam entusiasticamente o jovem e debutante
Poeta.
Depois
de sentir o gosto da aclamação como Escritor, Paulo Tarso Barros nunca mais
parou. Porque a boa fonte não seca. E este belo e conturbado mundo onde vivemos
carece de poesia.
E
a poesia carece de poetas para ser. E estar!
...
PAULO
TARSO Silva BARROS nasceu em Vitória do Mearim – MA, no dia 29 de agosto de
1961 e desde 1980 é radicado no Amapá.
É
filho de Miriam Bogéa e Silva e Euzemar dos Santos Barros. Professor licenciado
em Letras pela UNIFAP, Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu de Especialização em
Língua Portuguesa e Literatura brasileira pelas Faculdades Integradas de
Jacarepaguá – FIJ.
Funcionário
público do grupo magistério da Secretaria de Estado da Educação do Amapá,
casado, duas filhas e já publicou diversos livros, dentre contos, poemas e
literatura de cordel, centenas de crônicas e artigos na imprensa do Amapá,
Pará, Maranhão, São Paulo, Pará e Rio de Janeiro.
Fez
a editoração de mais de quarenta obras. É membro da Academia
Arariense-vitoriense de Letras (AVL, onde ocupa a Cadeira de nº 31 e da
Academia Arariense-vitoriense de Letras - AVL; membro da União Brasileira de
Escritores (UBE – São Paulo), da Associação Amapaense de Escritores – APES, da
Associação Amapaense de Folclore e Cultura Popular e foi membro do Júri
Nacional do Prêmio Multicultural O Estadão, de São Paulo.
Foi
membro do Conselho Estadual de Cultura, do Conselho Diretor da Fundação de
Cultura do Amapá e chefe da Divisão de Editoração da referida instituição.
Desempenha suas funções na Biblioteca Pública Estadual Elcy Lacerda, entidade
da qual é ex-diretor.
Publicou:
No dentro de Mim (Poemas, 1985), Poemas de Aço (Poemas, 1985), Existencial do
Pássaro Migratório (Poemas, 1997), O Devaneio é o Cetro do Poeta (Poemas,
1997), Inventário das Buscas (Poemas, 1997), Canção numa Hora de Encontros e
Desencontros (Poemas, 1997), O Benzedor de Espingarda (Contos, 1998), As
Peripécias do Moleque Borgue (Cordel, 1998), Apontamento de Literatura
Amapaense (Internet), Datas Históricas e Comemorativas do Brasil e do Mundo
(Internet), Sogra na Vida da Gente (Cordel, 2004), Os Silêncios da Eternidade
(Poemas, 2013, Tarso Editora -Virtual Books),
História de um Sino (Contos,Tarso Editora,
2013)
-Participação
em Antologias: 13 Contistas da Amazônia. Editora da UFPA, 1993, 7 Contistas da
Amazônia. Editora da UFPA, 1993, 11 Contistas e 13 Contos. Editora da UFPA,
1997, Macapá, Retratos Poéticos. Edições Tucuju/PMM, 2002, 245 Quadrinhas de
Amor a Macapá. CAEF, Macapá, 2003, Pescando Peixes Graúdos em Águas
Brasileiras, de Geraldo Pereira (poemas, Goiás, 2004), Antologia Poetas do Meio
do Mundo. Macapá: GEA, 2009, Antologia Contistas do Meio do Mundo. Macapá: GEA,
2010, Antologia Cronistas do Meio do Mundo. Macapá: GEA, 2011, Antologia Poetas
do meio do Mundo. Macapá: GEA, 2013
...
Alguns
poemas de PTB:
BOA
NOITE, POEMA
Boa
noite, poema. Uma lua sequer há no céu desta cidade, mas no rio noturno onde
abasteço meu ser, os peixes desenham um arco-íris aquático.
Boa
noite, poema, boa noite, Macapá, minha terra tem Mearim, minha terra tem
Amazonas, minha alma tem poesia.
O
RIO DA MINHA INFÂNCIA
O
rio da minha infância deságua sonhos e visões na curva indelével da memória. O
tempo, que é percepção, abstrato e conceitual, inunda os dias meus, pororoca
minhas lembranças mirins, Seca e
extingue, às vezes, os escassos momentos de alegria - fazendo blitze nos
pesadelos arcaicos.
Sou
como um peixe volátil que foge das iscas fáceis, do arpão assassino e famélico,
da cachoeira e dos redemoinhos traiçoeiros que destroçaram veleiros da
Antigüidade.
O
rio da minha infância, se não é minhas lágrimas, com certeza é o meu cálice
doce e suave, sem espumas, que apenas me faz fechar os olhos e voltar-me, com
outros olhos, para um lugar cada vez mais distante a dissolver-se, como as
brumas da noite torta, por entre os fantasmas olvidados e caducos...
O
rio da minha infância, miúdo e tão abundantemente infinito, corre entre as
veias do meu corpo, envelhece com suas lágrimas, pois esse rio tão metafísico e
sutil é mesmo as minhas lágrimas!
SAÍ
DO MEU LUGAR EM BUSCA DE POESIA
Saí
do meu lugar em busca de poesia. Nunca pensei em ganhar dinheiro: Aquilo era
coisa de adultos. E eu, mesmo adulto, ainda tinha alma de poeta a capengar
versos em papéis velhos.
Andei
disperso, sempre, montado nas canoas dos cabocl ou nas aningas que desciam o
rio.
De
noitinha, cabisbaixo, acompanhava os morcegos-caçadores de insetos por sobre o
rio Mearim e, de longe, apascentava o gado que chegava dos pastos para beber na
outra margem do rio. Quando escurecia, saía caminhando pelas ruas e
cumprimentava os andarilhos e me perdia entre os becos num vagão que se dirigia
ao passado:
Mas
lá só me deparava com sombras, vazios, silêncios, distâncias e tinha que
retornar à Praça Rio Branco e caminhar sob as árvores onde dormiam meus
pássaros cansados e belos.
.....
Contatos
com o autor:
Site:
http://www.escritoresap.blogspot.com.br, Blog:
http://paulo.tarso.blog.uol.com.br, Facebook: Paulo Tarso Barros
Nenhum comentário:
Postar um comentário