segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Criação de passarinhos conquista o Amapá


Quem alguma vez já leu textos do escritor Rubem Braga, pôde constatar o amor que o autor dedicou aos passarinhos. Suas crônicas comumente derramam, através de palavras simples e um aroma campestre, a verdadeira essência da criação de pássaros, algo muito além de mero hobby. Não à toa, o primeiro livro lançado por Rubem Braga, em 1936, quando tinha 22 anos, chama-se “O Conde e o Passarinho”. E, mais tarde, chegou a fundar, juntamente com seus amigos Fernando Sabino e Otto Lara Resende, a editora Sabiá.
Rubem Braga morreu há mais de vinte anos. Contudo, o amor que dedicou aos pássaros permanece nas páginas de nossa literatura brasileira, e esta mesma dedicação é o que encontramos hoje no Amapá, com uma classe inédita, porém apaixonada de criadores de passarinhos.
Durante muito tempo, tirar esses animais de seu meio natural, para criá-los e reproduzi-los em cativeiro, era encarado como uma violação da natureza, e, por isto, o hobby ainda hoje é estigmatizado e marginalizado. Entretanto, muitos avanços já foram realizados na quebra do paradigma. Gradualmente, a sociedade começa a enxergar a criação de passarinhos como uma arte e até um esporte. Muito contribuiu para isto o fato de esses animais hoje já nascerem em cativeiro, descendendo de outros sob as mesmas circunstâncias, e contando com todo o amparo médico veterinário e bom-trato.

Criatório Tumucumaque
Para falar mais sobre a criação de pássaros canoros no Amapá, a coluna Antenados entrevistou Alexandre Azevedo, dono do Criatório Tumucumaque, que promoverá seu primeiro torneio de canto de pássaro com premiação em dinheiro no Estado do Amapá.
“Criar passarinhos hoje é muito mais que puro lazer. Para algumas espécies, como o bicudo (orizoborus maximiliani maximiliani) e o curió (orizoborus angolensis angolensis), a criação em cativeiro é uma forma de preservar e garantir a perpetuação da espécie, porque alguns desses animais correm ou já correram risco de extinção”, esclarece Alexandre. “Eles são tão bem cuidados, que podem sobreviver até 30 anos em cativeiro, muito mais do que viveriam lá fora. E não vivem simplesmente presos. Ao contrário, são criados com muito zelo. Por isso são, de fato, animais de estimação”.
Alexandre também explica o funcionamento do Criatório Tumucumaque: “Estamos instalados há um ano. A produção de filhotes, principalmente de bicudos, visando à comercialização, se dará a partir deste segundo semestre de 2011. Em função de que há todo um período de adaptação dos pássaros que vieram de São Paulo, além da aplicação de um sistema de observação e medicação, sob orientação de médico veterinário especialista”.
“Minha paixão por passarinhos vem desde a infância, especialmente pelo bicudo”, conta Alexandre. “O ápice foi ter visto alguns desses animais, oriundos de criatórios em São Paulo, cantarem com um elevado grau de repetição. Foi o que me levou a montar o Criatório”.
“Para se ter uma ideia, um bicudo criado e treinado em cativeiro pode chegar a cantar por mais de um minuto ininterruptamente. É impressionante”, ele comenta. “E isto é genética pura, porque os ancestrais desses canoros vêm sendo cultivados para serem campeões desde a década de 60”.
“O torneio organizado pelo criatório Tumucumaque, com o apoio da Associação de Criadores de Pássaros do Amapá, é exatamente para coroar vencedora a ave que cantar por mais tempo. É o que chamamos de ‘torneio peito de aço’, o que cantar mais ganha”, explica. “Pretendemos que esta competição se realize anualmente, começando agora em 2011. Inclusive com distribuição de prêmios em dinheiro, o que ainda não ocorrera até hoje nos torneios amapaenses, apesar de algumas competições já terem sido organizadas no Estado. Em outras localidades, como Minas Gerais, São Paulo e Brasília, frequentemente são concedidos prêmios altos, como automóveis e TVs de plasma aos vencedores. E, inspirado nisso, o Criatório Tumucumaque pretende dar o pontapé inicial para que esta atividade seja verdadeiramente alavancada no Amapá”.

Torneio e Premiação
O torneio de canto de bicudo organizado pelo Criatório Tumucumaque ocorrerá no dia 18 de setembro, em parceria com a Associação de Criadores de Pássaros. O local ainda será confirmado.
Além de troféu para os campeões, a premiação é de R$ 800,00 para o primeiro colocado, R$ 400,00 para o segundo e R$ 300,00 para o terceiro.
A taxa de inscrição custa R$ 30,00. Para mais informações, deve-se entrar em contato com Alexandre Azevedo, organizador do evento, através do número: (96) 8111-1010.
 Passarinho da espécie Bicudo, no Criatório Tumucumaque




Um comentário:

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...