sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Antenados - Os distantes também amam


Aqui vai uma experiência pessoal. Eu estava longe de Macapá há mais ou menos doze meses. Mudei-me para Fortaleza no início do ano passado, a fim de cursar faculdade no Ceará. Neste último mês de dezembro, voltei finalmente à minha cidade, naquilo que chamo de "férias não-oficiais" (fugi da universidade por algumas semanas, onde ainda correm para se recuperar dos atrasos impostos pela greve). 

Pois bem, Macapá. Coisas estranhas aconteceram assim que toquei os pés em minha cidade natal. Comecei a achá-la... Diferente. Mesmo que tudo ali estivesse praticamente do mesmo jeito que estava quando parti. O que antes eram para mim detalhes irritantes ou aspectos detestáveis, soaram ao meu saudoso paladar como coisas... Pitorescas, digamos assim. 

Não vi o aeroporto sofrível em eterno estado de obras, mas vi o aeroportozinho meio bucólico, conhecido desde a infância, época de subir aquelas escadas e ver os aviões aterrissarem. Os buracos nas ruas? Não. Eram só as ruas. As ruas que eu sei o nome, mesmo que não tenham placas para indicá-los. As casas dos notórios fulanos, as massadeiras, os terrenos baldios, o asfalto piçarrento, as poças de lama, a chuvinha teimosa, outras vezes temporal de inverno amazônico, a arte conceitual das montanhas de lixo arquitetonicamente montadas na frente das residências... 

Tudo me pareceu bonito. Falo sério. Pode ser loucura de um filho mais ou menos bom que à casa torna, mas estar ali foi mais saboroso que o normal. Ignorei a omissão governamental e o descaso político - que já são praticamente atrações turísticas em nosso Estado. E então, só a felicidade pura do retorno. 

Era a minha cidade, e estar em casa, com a família, é muito bom. Parto do princípio, é claro, de que todas as famílias são boas como a minha. Se a sua não for, passe lá em casa para experimentar. O calor da "casa da vovó", a companhia dos primos, dos tios, o fazer nada enfurnado em casa, no meio do mato, reencontrar os amigos, agora na faculdade, todos sérios, graves, solenes, aprendendo a dirigir e tudo o mais... Experiências que não consigo descrever totalmente, de tão simples e complexas ao mesmo tempo. Enfim, este texto é uma declaração de amor. Não importando quão complicada seja a morada em Macapá, sempre que vou embora dali aparece essa saudade que tudo perdoa, e enxerga a terra amada como um pedaço de paraíso. Assim, para motivar o amor, partir também é bom. 

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