sexta-feira, 21 de junho de 2013





Exibição de filmes discute a verdade
na ditadura militar


Fabiana Figueiredo
fabianafb.ap@hotmail.com

Nesta semana, nos dias 17 e 18 de junho, aconteceu a Mostra em caráter nacional Cinema pela Verdade, com a temática da Ditadura Civil-Militar no Brasil, e também na Argentina e Chile, nos anos 60 e 70. Foram exibidos filmes em mais de 200 sessões pelo país seguidas de debates com estudiosos e testemunhas sobre o tema, com entrada gratuita e certificado.
Em sua segunda edição, o Cinema pela Verdade é uma mostra de filmes que tem o objetivo de resgatar e mostrar à sociedade o período em que países da América Latina passaram sob o regime de militares, resultando em censura, torturas, mortes e a perda da liberdade de uma sociedade democrática.
No Amapá, o evento aconteceu na Universidade Federal do Amapá (Unifap), com a exibição de dois filmes: "Eu me lembro", do diretor Luiz Fernando Lobo; e "Infância Clandestina", do diretor argentino Benjamin Ávila. Logo após, os convidados que participaram das discussões foram o Coordenador do curso de História da Unifap, Daniel Chaves Ribeiro; o professor do curso de Ciências Sociais da Universidade, Filocreão; e o ex-seringueiro e ex-presidente do Sindicato dos Seringueiros do Amapá, Pedro Ramos, como testemunha e participante da ditadura militar, que declarou como foi a mobilização ditatorial no Amapá e Pará (Pedro Ramos chegou a ser preso, fugiu e reiniciou a vida na Guiana Francesa, antes de voltar ao Amapá).

Os filmes

O longa "Eu me Lembro" foi exibido no Festival Internacional do Rio de Janeiro no ano de 2012. O documentário acompanhou cinco anos de trabalhos das Caravanas da Anistia, do Ministério da Justiça. A caravana é realizada pela Comissão da Anistia, instaurada em 2001, e que possui mais de 57 mil requerimentos, analisa os pedidos de indenização formulados por pessoas que foram impedidas de exercer atividades econômicas por motivação exclusivamente política desde 1946 até 1988. No documentário, ainda há depoimentos de diversos anistiados, e ele econstrói a luta dos perseguidos por reparação, memória e verdade e justiça por meio de imagens de arquivo e entrevistas.
A "Infância Clandestina" foi indicado ao Oscar 2013, categoria de Melhor filme estrangeiro. Passado no ano de 1979, o filme mostra a vida de Juan, que assim como seus pais e seu tio leva uma vida clandestina. Fora do berço familiar ele é conhecido por outro nome, Ernesto, e precisa manter as aparências pelo bem da família, que luta contra a ditadura militar que governa o país, assim como muitos que tiveram que se disfarçar, ocultar identidade para não serem repreendidos pelo poder militar.
O Cinema pela Verdade é um projeto realizado pelo Instituto Cultura em Movimento (ICEM) em parceria com o Ministério da Justiça; é um projeto que foi contemplado pelo edital "Marcas da Memória", da Comissão de Anistia, que visa à promoção de eventos e projetos com foco neste período marcante da história brasileira.

Na 1ª edição, em 2012, o Cinema pela Verdade teve duração de 4 meses, onde foram realizadas 201 sessões em 90 universidades, nos 27 estados da federação; com mais de 20 mil expectadores, 412 debatedores e 189 debates. O evento é sempre realizado em universidades, exatamente para o público universitário e aconteceu novamente em todos os Estados.
Em Macapá, o Cinema pela Verdade contou com a participação de cerca de 300 pessoas nos dois dias de evento; eles debateram não apenas a época de repressão nos anos 60 e 70, mas também as omissões e coações realizadas na sociedade atual, no dia a dia do amapaense e do brasileiro. As últimas manifestações que estão acontecendo no país também foram alvo das discussões no Cinema Pela Verdade, edição Macapá.
Durante o mês, outras sessões estarão sendo realizadas pelo Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...