sexta-feira, 11 de julho de 2014

Arqueologia amapaense

  


Arqueologia amapaense
  Escavação revela funeral inédito de indígenas

Reinaldo Coelho
Da Reportagem

O Amapá tem uma grande quantidade de sítios arqueológicos. Alguns desses locais já eram conhecidos desde o século XIX principalmente os sítios das regiões de Maracá (município de Mazagão) e do Cunani (município de Calçoene). De lá para cá, muitas pesquisas vêm sendo realizadas e esses trabalhos mostram que o Amapá foi povoado por vários grupos humanos.

Muitas pesquisas são concretizadas devidas as obras e construções necessitam de Licença Ambiental, o que inclui a realização de pesquisas arqueológicas. A empresa ou o órgão titular da obra deve apresentar documentação necessária ao Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá (Imap) e ao Iphan, segundo a Resolução Conama nº 001/1986, a Portaria Sphan nº 007/1988 e a Portaria Iphan nº 230/2002. O papel do Iphan é o de fiscalizar se a legislação patrimonial está sendo cumprida.

Uma escavação arqueológica que está sendo realizada em um terreno próximo a Rodovia JK está sendo coordenada pelo arqueólogo, diretor do CEPAP, Dr. Edinaldo Nunes Filho que conta com o apoio do dono do terreno e com os serviços de arqueologia com equipe técnica do CEPAP e do Museu de Arqueologia e Etnologia do Amapá (MAE).

Já foram resgatadas 09 artefatos cerâmicos, sendo: seis urnas funerárias - entre elas três antropomorfas, duas de crianças e uma de adulto, três urnas simples - e três pequenos vasilhames, ainda existem outros artefatos que serão retirados. O local da escavação foi localizado uma concentração de urnas funerárias com apresentação visível de complexidade funerária, desde tipos complexos de urnas funerárias a enxoval funerário diversificado.

Curiau

Na área quilombola do  Curiau é um local aonde muito escavação arqueológica vem acontecendo. Desta vez  arqueólogos do Instituto de Pesquisas do Amapá (Iepa) descobriam em um poço funerário uma forma até então inédita de funeral, produzida pelos indígenas que habitaram a região entre os anos de 1000 e 1300.
De acordo com as informações dos pesquisadores a forma inédita tem seu ponto proncipal na construção de poços com câmaras mortuárias para o sepultamento simultâneo de mais de um indivíduo. Os restos mortais eram depositados em urnas feitas em cerâmica.

Para os arqueólogos esse sepultamento múltiplo é inédito no Brasil, embora no Amapá ele já tenha acontecido principalmente na Zona Norte do Estado. O arqueólogo João Saldanha explica que enterro com a presença de uma câmara já era inédito no país e nesta havia três. “Mas não dá para saber se eram membros da mesma família, pois ainda não identificamos o DNA dos restos mortais encontrados, mas, pela estrutura, podemos afirmar que os enterros eram feitos ao mesmo tempo”, detalhou Saldanha.
Saldanha reforça que na costa do Amapá, entre os municípios de Macapá e Santana, distantes 18 quilômetros, existe uma grande quantidade de sítios arqueológicos, com depósitos de urnas funerárias.

Outros achados

De lado de fora das câmeras encontradas foram localizados também objetos usados para a realização de oferendas durante o funeral. O arqueólogo apontou que as câmaras estavam localizadas ao lado das moradias indígenas da época, respeitando uma ordem continuada. “Temos nesse espaço conjuntos compostos de área residencial e uma área funerária, e com isso cremos que eles eram enterrados do lado da própria casa”, disse. 

Do lado de fora das câmaras, a equipe localizou recipientes menores, usados para a realização de oferendas durante o funeral. O arqueólogo apontou que as câmaras estavam localizadas ao lado das moradias indígenas da época, respeitando uma ordem continuada. “Temos nesse espaço conjuntos compostos de área residencial e uma área funerária, e com isso cremos que eles eram enterrados do lado da própria casa”, disse.

Pouco a pouco as peças e os fragmentos estão sendo removidos para análise laboratorial, um trabalho que levará em média dois anos, conforme previu Avelino Gambim, especialista em estudos de restos mortais. “Os primeiros resultados podem identificar a idade das pessoas, o trabalho que fez em vida, e ainda, a causa da morte”, explicou, ressaltando que os indícios apontam para a etnia Arawaki.


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