Arqueologia amapaense
Escavação revela funeral inédito
de indígenas
Reinaldo Coelho
Da Reportagem
Da Reportagem
O Amapá tem uma
grande quantidade de sítios arqueológicos.
Alguns desses locais já eram conhecidos desde o século XIX principalmente os
sítios das regiões de Maracá (município de Mazagão) e do Cunani (município de
Calçoene). De lá para cá, muitas pesquisas vêm sendo realizadas e esses
trabalhos mostram que o Amapá foi povoado por vários grupos humanos.
Muitas pesquisas
são concretizadas devidas as obras e construções necessitam de Licença
Ambiental, o que inclui a realização de pesquisas
arqueológicas. A empresa ou o órgão titular da obra deve apresentar documentação
necessária ao Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá
(Imap) e ao Iphan, segundo a Resolução Conama nº 001/1986, a Portaria Sphan nº
007/1988 e a Portaria Iphan nº 230/2002. O papel do Iphan é o de fiscalizar se
a legislação patrimonial está sendo cumprida.
Uma escavação
arqueológica que está sendo realizada em um terreno próximo a Rodovia JK está
sendo coordenada pelo arqueólogo, diretor do CEPAP, Dr. Edinaldo Nunes Filho
que conta com o apoio do dono do terreno e com os serviços de arqueologia com
equipe técnica do CEPAP e do Museu de Arqueologia e Etnologia do Amapá (MAE).
Já foram
resgatadas 09 artefatos cerâmicos, sendo: seis urnas funerárias - entre elas
três antropomorfas, duas de crianças e uma de adulto, três urnas simples - e
três pequenos vasilhames, ainda existem outros artefatos que serão retirados. O
local da escavação foi localizado uma concentração de urnas funerárias com
apresentação visível de complexidade funerária, desde tipos complexos de urnas
funerárias a enxoval funerário diversificado.
Curiau
Na área quilombola
do Curiau é um local aonde muito
escavação arqueológica vem acontecendo. Desta vez arqueólogos do
Instituto de Pesquisas do Amapá (Iepa) descobriam em um poço funerário uma
forma até então inédita de funeral, produzida pelos indígenas que habitaram a
região entre os anos de 1000 e 1300.
De acordo com as
informações dos pesquisadores a forma inédita tem seu ponto proncipal na
construção de poços com câmaras mortuárias para o sepultamento simultâneo de
mais de um indivíduo. Os restos mortais eram depositados em urnas feitas em
cerâmica.
Para os arqueólogos esse
sepultamento múltiplo é inédito no Brasil, embora no Amapá ele já tenha
acontecido principalmente na Zona Norte do Estado. O arqueólogo João Saldanha
explica que enterro com a presença de uma câmara já era inédito no país e nesta
havia três. “Mas não dá para saber se eram membros da mesma família, pois ainda
não identificamos o DNA dos restos mortais encontrados, mas, pela estrutura,
podemos afirmar que os enterros eram feitos ao mesmo tempo”, detalhou Saldanha.
Saldanha
reforça que na costa do Amapá, entre os municípios de Macapá e Santana,
distantes 18 quilômetros, existe uma grande quantidade de sítios arqueológicos,
com depósitos de urnas funerárias.
Outros achados
De lado de fora das
câmeras encontradas foram localizados também objetos usados
para a realização de oferendas durante o funeral. O arqueólogo apontou que as
câmaras estavam localizadas ao lado das moradias indígenas da época,
respeitando uma ordem continuada. “Temos nesse espaço conjuntos compostos de
área residencial e uma área funerária, e com isso cremos que eles eram
enterrados do lado da própria casa”, disse.
Do lado de fora das câmaras, a equipe localizou
recipientes menores, usados para a realização de oferendas durante o funeral. O
arqueólogo apontou que as câmaras estavam localizadas ao lado das moradias
indígenas da época, respeitando uma ordem continuada. “Temos nesse espaço
conjuntos compostos de área residencial e uma área funerária, e com isso cremos
que eles eram enterrados do lado da própria casa”, disse.
Pouco a pouco as peças e os fragmentos estão sendo
removidos para análise laboratorial, um trabalho que levará em média dois anos,
conforme previu Avelino Gambim, especialista em estudos de restos mortais. “Os
primeiros resultados podem identificar a idade das pessoas, o trabalho que fez
em vida, e ainda, a causa da morte”, explicou, ressaltando que os indícios
apontam para a etnia Arawaki.
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