Professora Zelinda Fonseca de
Souza – uma vida pelo magistério
Carlos Orlando Fonseca de Souza
Carlos Orlando Fonseca de Souza
Natural da cidade de Óbidos no Estado do Pará, minha mãe Zelinda Fonseca de
Souza, ainda bem jovem, com 16 anos, veio trabalhar como professora na vila do
Espirito Santo do Amapá, numa época em que o Amapá ainda sequer era Território
Federal. Naquele pedacinho do Brasil, enquanto dava os primeiros passos como
educadora, a ainda jovem viu de perto a movimentação dos americanos na Base
Aérea do Amapá, em época em que Brasil, em cooperação com os aliados,
cedeu aquela estratégica área como ponto de apoio para as missões aéreas, na
Segunda Guerra Mundial.
Mais
tarde veio o desmembramento do Estado do Pará, quando toda aquela região e mais
outras adjacentes, desde o rio Oiapoque até o rio Jari, passaram a constituir o
Território Federal do Amapá.
Na sua
trajetória como educadora, Zelinda Fonseca de Souza conviveu de perto com
figuras da História do Amapá, tais como o Coronel Janary Gentil Nunes, Pauxi
Nunes, Coaracy Nunes, Amilcar Pereira, Zé Cavalcante, D. Aristides Piróvano,
Hildemar Maia, Cabo Alfredo, Amauri Farias, Raul Valdez, General Luiz Mendes da
Silva e Antonio Cordeiro Pontes, dentre outros.
Numa
época em que o Amapá contava com educadores tais como os também já falecidos
Antonio Lima Neto, Deusolina Sales Farias, Lucimar Amoras Del Castilho,
Deuzuite Cavalcante, Graziela Reis e Souza, Sebastiana Lenir de Almeida,
Raimunda dos Passos, Mineko Hayashida, Valdir Lira, Mario Quirino, dentre
outros; quando todos aqueles que trabalhavam no interior vinham para a capital
participar dos saudosos cursos de férias, lá estava também àquela
professora de apenas um metro e meio de altura, mas de um força para o trabalho
reconhecida por todos aqueles que a conheceram.
Nesta sua trajetória, pelos interiores do extinto Território, passou pelas
escolas da Cachoeira Grande, Calafate, Espirito Santo, São Pedro dos Bois,
Porto Grande e Porto Platon, quando, finalmente veio para a capital. Em Macapá
foi professora no Grupo Escolar Coaracy Nunes, Escola Industrial de Macapá
(mais tarde Ginásio de Macapá), Colégio Amapaense, Colégio Comercial do Amapá
(Hoje Gabriel de Almeida Café), para por último se aposentar como professora de
História na Escola de 1º Grau Castelo Branco.
Encerrando sua missão como educadora, em 1982 foi aposentada como professora do
extinto Território Federal do Amapá, quando a partir de então passou a morar em
outras cidades, passando por Belém, Rio de Janeiro e Araraquara.
Depois
de 30 anos como aposentada, voltou para Macapá no início deste ano, já
com 89 anos de idade. Veio a falecer neste sábado, dia 16 em minha companhia,
em consequencia de uma lesão no pâncreas.
Falar
sobre a história da minha mãe, para mim é motivo de grande emoção e, neste
momento em que choramos a sua perda, me vem de dentro do coração uma forte
compensação, bem maior que a dor, como seja, o orgulho de, eternamente, ser seu
filho.
A
minha gratidão por ela se resume nesta frase: Mãe.
O teu espirito partiu para o infinito, mas teu coração ficou plantado nesta
terra que escolhestes para nós, teus filhos. Sei que agora estás convivendo com
Deus e compartilharás com ele, eternamente, da luz e da paz que mereces.
Descansa em paz.
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