Prêmio no papel
Há alguns
dias, participei na faculdade de uma oficina de escrita literária (coisa rara
por lá, uma vez que muito mais lemos do que produzimos), e um dos continhos que
submeti à recolha dos organizadores do evento acabou sendo agraciado com um
quadro lindíssimo, que ilustrava a curta ação da minha história.
Fiquei feliz, muito feliz. Mais do que um prêmio, aquilo ali caiu ao meu coração como um "siga em frente, não pare de escrever". Desde então tenho pensado muito em escrita e nas coisas que às vezes vêm com ela: frustação, crítica, aplauso, indiferença, e concursos, premiações, derrotas, vitórias. . Foi pensando nessas coisas que percebi uma vez mais: quando a gente tem um ofício a que se dedica vigorosamente, um hobby que ama, uma atividade que se torna paixão, é normal querermos que essas coisas nos deem garantias, ou alguma espécie de reconhecimento, ou mesmo que legitimem a nossa existência neste mundo. Por isso a tristeza quando perdemos um concurso, por exemplo.
Fiquei feliz, muito feliz. Mais do que um prêmio, aquilo ali caiu ao meu coração como um "siga em frente, não pare de escrever". Desde então tenho pensado muito em escrita e nas coisas que às vezes vêm com ela: frustação, crítica, aplauso, indiferença, e concursos, premiações, derrotas, vitórias. . Foi pensando nessas coisas que percebi uma vez mais: quando a gente tem um ofício a que se dedica vigorosamente, um hobby que ama, uma atividade que se torna paixão, é normal querermos que essas coisas nos deem garantias, ou alguma espécie de reconhecimento, ou mesmo que legitimem a nossa existência neste mundo. Por isso a tristeza quando perdemos um concurso, por exemplo.
Parece
que fracassamos na única tarefa que dá sentido à vida. E aí, com a derrota, a
vida acaba? Não, não acaba! E por ela não acabar mesmo a cada derrota é
que percebo que, ao final, ou primeiramente, quem ama o que faz não faz por
prêmio, aplauso ou reconhecimento. Faz porque não consegue não fazer. Porque
precisa daquilo para sobreviver, mesmo que dessa paixão de ofício não venha
nada em troca além da própria alegria de realizar algo.
Quando penso na escrita e na minha própria ânsia por ela, logo vejo que eu não poderia jamais parar, mesmo que todos os meus textos - como acontece de fato com a maioria deles - só venham a ser lidos pelas gavetas.
Quando penso na escrita e na minha própria ânsia por ela, logo vejo que eu não poderia jamais parar, mesmo que todos os meus textos - como acontece de fato com a maioria deles - só venham a ser lidos pelas gavetas.
É claro
que quem escreve quer ser lido, de algum modo, em algum nível. É claro que,
quando surgem os prêmios, as honras, os aplausos e os "bravo!", tudo
isso nos acolhe, nos embala, nos conforta, nos encanta. Mas um pintor, um
autor, um músico, um escultor, um cozinheiro também faz por si, só para si.
Para alimentar sua própria fome de beleza, sua própria fome de criação, para
conseguir ser quem é, para se construir e desvendar o mundo.
Sou feliz porque escrevo, mesmo quando triste. Escrevo porque quero escrever. A resposta é tão simples. Já tentei, por muitas vezes, colecionar aplausos, concursos, medalhas. Perdi muitos, é claro. E não faz mal.
Sou feliz porque escrevo, mesmo quando triste. Escrevo porque quero escrever. A resposta é tão simples. Já tentei, por muitas vezes, colecionar aplausos, concursos, medalhas. Perdi muitos, é claro. E não faz mal.
Porque
é exatamente quando escrevemos pelo único intuito de escrever, e não de ganhar,
que a escrita se faz mais linda. E depois que amadurece essa sede de plateia e
ela se torna mais fortemente uma vontade de fazer tudo bem feito para satisfazer
unicamente quem o faz, aí é que vem mesmo o adorável reconhecimento, e a
possibilidade de derrota não perturba, porque não é mais importante.
Escrever
é lindo, é maravilhoso. Aconselho a todos. O prêmio já vem na própria
tentativa: a escrita triunfa no momento em que nasce sobre o mistério da
linguagem e do sonho.
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