sábado, 21 de janeiro de 2017

SAÚDE EM FOCO

         
EFEITO PLACEBO NÃO VALE NA GESTÃO PÚBLICA DA SAÚDE

Os níveis de assistência em saúde são o primário, secundário e o terciário. Cada um com suas competências e responsabilidades. No primário estão as atividades de saúde mais comuns, básicas da saúde e mais próxima das pessoas. É o nível mais coletivo, que no SUS inclui a Estratégia de Saúde da Família.  O secundário é o nível que trata das especialidades e dos serviços mais complexos, chegando às urgências e emergências. O terciário incluiu a recuperação e reabilitação de sequelas e agravos.
Em cada um desses níveis existem procedimentos que norteiam sua execução, previstos na legislação do SUS. Os dados, indicadores e previsões epidemiológicas são parâmetros que mostram tendências, números e estatísticas, antevendo agravos, surtos de doenças e até epidemia.  Assim também na gestão pública existe planejamento estratégico. 
Os experimentos científicos incluem o efeito placebo, que busca enganar o organismo para que reaja diante de uma medicação inócua, sem efeito terapêutico, mas que em alguns casos possuem maior efetividade que os remédios pesquisados.  Em relação à gestão pública da saúde, o efeito placebo não se aplica. Falsear, inventar ou improvisar ações ou atividades leva a prejuízos em todo o sistema ou em algum momento ele vai mostrar seus efeitos maléficos.
Enquanto nas experimentações clínicas dão-se pílulas de amido ou açúcar, injeções salinas, poções e até cirurgias de mentira, sem efeito terapêutico, na gestão pública qualquer omissão, demora, improvisação ou protelação, em vez de ajudar pode agravar ou até tornar-se letal, como no caso de câncer. Enquanto o efeito placebo é uma rotina nas experiências científicas, os métodos administrativos modernos e operacionais na gestão da saúde são  ignorados.
Dizem que o SUS é exemplo de plano popular e universal para o mundo. Contudo, o que vemos hoje é um arremedo do sistema, que se distancia cada vez mais de seus princípios e regras, previstas nos princípios constitucionais.
Não se faz saúde de “mentirinha”. Não se consegue gerir a saúde sem recursos financeiros, humanos e infraestrutura.  O efeito placebo, que manifesta a força curativa inata do corpo, tornou-se um fator de saúde pelas terapias complementares e comportamentais. Quem ainda não viu falar da cura das emoções e da cura pela fé. Nelas está intrínseco o efeito placebo, em que o corpo procura sua própria recuperação.
Na gestão pública se não houver investimento nos níveis de atenção à saúde, se não houver planejamento periódico e à longo prazo, as condutas vão ser imediatistas e pontuais.  A prova disso foi o contingenciamento histórico dos recursos para a saúde na última década, com gastos cada vez menores em setores essenciais, como urgências, emergenciais e leitos hospitalares.  Outro foi o Programa “Mais Médicos”, que gastou recursos da saúde, mas com pouca resolutividade.
As Leis (LDO e os Planejamentos-PPA) da União, dos estados e dos municípios como não são cumpridos, temos os resultados que vemos hoje. Um setor de saúde decadente, sem valorização dos recursos humanos, sem projetos inovadores e exitosos de gestão. Mas parece uma contradição. Os estados e regiões mais prósperas estão em crise econômica, dando mau exemplo pro resto do Brasil, pedindo favores e empréstimos para a União.
Como se constata na gestão pública em geral, está faltando seriedade e espirito público na gestão da saúde, com planos paliativos, com orçamento  insuficiente, má gestão dos gastos, falta de avaliação e controle periódico das ações. Isso porque nos últimos anos as direções tanto do Ministério da Saúde, quando das Secretarias Estaduais e Municipais, foram comandadas por chefias sem profissionalismo e sem conhecimento técnico das áreas estratégicas do SUS, cujos apadrinhados políticos ocupavam as pastas. Não vale o efeito placebo como remédio para a saúde pública. JARBAS ATAÍDE, Macapá-AP, 16.01.2016.     


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