“Coragem,
dedicação e bravura. Isso elas tinham e doaram para essa terra e seu povo. Sem
estradas, lamaçal, febre amarela e malária, sem saneamento básico, que ainda
continua, sem transporte. Era mais amor ao magistério e essas mulheres que aqui
chegaram construíram um ensino de qualidade, reconhecido nacionalmente, e
buscaram em outras regiões experiências e aqui aplicaram. São Educadoras
Pioneiras como essas que estamos precisando que renasçam e façam uma EDUCAÇÃO com
Amor para o Amapá”, Reinaldo Coelho.
________________________________________________
Raymunda Aciné Garcia Lopes de Souza – professora federal
aposentada
Reinaldo Coelho
A história da educação é construída por
mulheres que, desde os primórdios, lutaram pela democratização da construção do
conhecimento e por processos educativos que tivessem os alunos como sujeitos
ativos. A educação amapaense se formou com base nessas revolucionárias e
aguerridas mulheres, que ainda jovens deixaram seus lares e vieram atuar como
desbravadoras em terras desconhecidas, vencendo as insólitas florestas
amazônicas, abrindo caminhos para chegar as mais distantes comunidades dos
interiores dessa Terra Tucuju. Graziela Reis de Souza, Lucimar Brabo, Ana Alves
de Oliveira, Ruth Bezerra, Gentila Anselmo Nobre, Raymunda Aciné Garcia Lopes
de Souza, Raimunda Mendes Coutinho, Raimunda da Silva Virgolino, Esther da
Silva Virgolino, Maria Helena e Corina Amoras são centenas e uma página é pouco
para falar dessas educadoras.
Esta semana vamos apresentar as novas gerações
de amapaenses, principalmente aos que estão trilhando os primeiros caminhos do
magistério, uma educadora pioneira, que ajudou a formar outras educadoras.
Raymunda Aciné Garcia Lopes de Sousa, que muito jovem veio para o Amapá,
recém-criado Território Federal, em uma época que tudo estava começando. Aqui
tudo se estruturava para chegar a se tornar uma Unidade Federativa do Brasil e
para isso se fazia necessário que se reunisse centenas de pessoas de diversas
profissões e formação para criar o alicerce de uma nova sociedade: a dos
AMAPAENSES.
Raymunda Aciné Garcia Lopes de Souza nasceu
em Belém (PA), em 18 de março de 1926, filha de Judith Medeiros Garcia – que
foi bordadeira da fábrica confiança em Belém e ao chegar em Macapá passou a
costurar para senhoras e de João de Brito Monteiro – músico saxofonista, vivendo
sua infância e adolescência na Rua Domingos Marreiros – Bairro do Umarizal,
onde permaneceu até vir para Macapá.
Como toda jovem frequentou a escola e fez o curso
primário: da alfabetização até a 1ª série na Escola João Carlos Nascimento da professora
Mariana Tupiassu de Souza; 2ª serie no grupo Escolar Dr. Freitas e de 1936 a 1938
no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, onde concluiu o primeiro grau.
Estudou de 1939 até 1943 na Escola Normal do
Pará, tradicional escola paraense por onde passavam a maiorias das jovens
paraenses e que formou dezenas delas que vieram para o Amapá. Raymunda Aciné se
formou em março de 1944, nesse mesmo ano viajou junto com sua mãe na lancha
Amapá na companhia do primeiro governador do Território Federal do Amapá
capitão Janary Gentil Nunes, e assim iniciou suas atividades de professora
normalista.
Aciné conta que ao chegar em Macapá foi instalada
na casa do Sr. Acésio Guedes, depois foi alojada na residência de uma família
judia, e algum tempo depois passou a morar com a professora Maria Carolina até
conseguir a casa cedida pelo governo na rua General Gurjão, no Bairro Alto, isso
nos idos de 1952.
Alguns anos depois chegou de Belém o sobrinho
do Sr. Cleveland Cavalcante, o jovem Altevir, que se juntou ao grupo de jovens
que se reuniam para ir aos bailes e de festa em festa foi assim que se
conheceram, namoraram, noivaram e casaram em 31-05-1956 no civil no Fórum de
Macapá e no religioso na Catedral de São José.
Dessa relação gerou três filhos Rivetla,
Roseanne e Marcellino, e dois netos Bruno e Eric.
A história da professora
Aciné, como era conhecida no magistério, tem seus compassos e muitos deles
foram aventuras pedagógicas nos cerrados amapaenses.
Sua admissão nos quadros do recém criado
Território Federal do Amapá, aconteceu em 29 de maio de 1944, como professora
Classe ‘F’. Em 1945 foi dispensada e deu continuidade aos seus estudos no
período de 1946 a 1948 no Instituto de Educação do Pará, formando-se no
Pedagógico em 1948. Em 5 de abril de 1950 readmitida nos quadros como
professora classe ‘B’ e em 20 de setembro de 1963 foi definitivamente
enquadrada como Assistente de Educação 14-A.
Neste interim Aciné deu continuidade aos
estudos superior e cursou de 1972 a 1973 Licenciatura em Letras pela UFPA, no
Núcleo Amapá, na Escola Tiradentes e a complementação em Plena em Letras Português/Francês.
Além disso durante sua vida funcional cursou dezenas de ações educativas voltas
para ampliação e aperfeiçoamento educacional, além das suas atividades
administrativas que passou a exercer como gestora escolar e de administração
pública.
Raymunda Aciné exerceu grande liderança,
influenciou e apoiou ações de atividades voltadas para uma educação exitosa no
Amapá, dentro das áreas desportivas e literárias. Participou de encontros,
congressos, seminários e atividades fins que envolviam administração e
supervisão escolar e foi uma das amapaenses que participou da implantação da
nova legislação educacional a LDBE 5692/71. Recebeu centenas de portarias e
diplomas de elogios e Honra ao Mérito pela dedicação à educação amapaense.
No exercício de gestão escolar, dirigiu o
Grupo Escolar de Mazagão em (1961/1963), e o Instituto de Educação do
Território do Amapá (IETA) de (1969/1972). Chefiou o Ensino de Primeiro Grau em
1972. Em 1974 respondeu pela cargo de secretária de Educação e Cultura e passou
a ser interina no mesmo ano. A nossa educadora Aciné foi designada e compôs
diversas comissões de importâncias dentro do sistema educacional do Amapá,
desde a organização da Semana da Pátria e Bancas Examinadoras, assim como
representante amapaense em encontros nacionais voltados para a alavancagem do
nosso sistema de ensino. Participou de inaugurações de prédios escolares.
Participou da implantação do Ensino de 2º Grau (hoje Ensino Médio) no Amapá.
Compôs e coordenou a Comissão de Legislação de Ensino da SEC. Administrou a
Escola Barroso Tostes em 1978, participou da Prevenção ao uso de tóxicos por
estudantes. Em 1981, compôs o Plenário do Conselho de Educação do Amapá.
Foram doze mil novecentos e oitenta e três
dias, ou seja, 34 anos dedicados exclusivamente a Educação Amapaense, hoje
Raymunda Aciné Garcia Lopes de Souza, reside em Belém (PA) com seus filhos e
aos 92 anos continua ativa, dedicando-se a atividades religiosas, e ativando o
seu lado escritora lanço em março dia de seu aniversário, quando completou 92
anos o livro Espiritualidade Conjugal Tesouro do Matrimonio, voltado para
casais cristão. Aciné fez uma promessa de vir ao Amapá, para fazer o lançamento
de sua obra em Macapá e reencontrar os amigos. O livro de Raymunda Aciné será doado.
Professora pioneira do Amapá, Raimunda Aciné Garcia Lopes de Sousa, festejou seus 92 anos de idade com missa na Basilica de N. S. de Nazaré e carinho dos familiares. Parabéns |
Professora Aciné, como é mais conhecida nos
meios educacionais, enfrentou os desafios que são peculiar, para quem aceitar
desbravar e se tornar pioneiros em uma empreitada. O Amapá que Aciné encontrou
era um local que precisava de tudo, principalmente de coragem, dedicaç!ão e
bravura, e isso ela tinha e doou para essa terra e seu povo. Sem estradas,
lama, febre amarela e malária, sem saneamento básico, que ainda continua, sem
transporte era mais amor ao magistério e essas mulheres que aqui chegaram
construíram um Ensino de qualidade, reconhecido nacionalmente e buscaram em
outras regiões experiências e aqui aplicaram. São Educadoras Pioneiras como
essas que estamos precisando que renasçam e façam uma Educação com Amor.
OBRIGADO professora Raymunda Aciné e a suas colegas do mesmo quilate.
Nenhum comentário:
Postar um comentário