sábado, 16 de junho de 2018

Pioneirismo- Raymunda Aciné Garcia Lopes de Souza



 


Coragem, dedicação e bravura. Isso elas tinham e doaram para essa terra e seu povo. Sem estradas, lamaçal, febre amarela e malária, sem saneamento básico, que ainda continua, sem transporte. Era mais amor ao magistério e essas mulheres que aqui chegaram construíram um ensino de qualidade, reconhecido nacionalmente, e buscaram em outras regiões experiências e aqui aplicaram. São Educadoras Pioneiras como essas que estamos precisando que renasçam e façam uma EDUCAÇÃO com Amor para o Amapá”, Reinaldo Coelho.
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Raymunda Aciné Garcia Lopes de Souza – professora federal aposentada



Reinaldo Coelho

A história da educação é construída por mulheres que, desde os primórdios, lutaram pela democratização da construção do conhecimento e por processos educativos que tivessem os alunos como sujeitos ativos. A educação amapaense se formou com base nessas revolucionárias e aguerridas mulheres, que ainda jovens deixaram seus lares e vieram atuar como desbravadoras em terras desconhecidas, vencendo as insólitas florestas amazônicas, abrindo caminhos para chegar as mais distantes comunidades dos interiores dessa Terra Tucuju. Graziela Reis de Souza, Lucimar Brabo, Ana Alves de Oliveira, Ruth Bezerra, Gentila Anselmo Nobre, Raymunda Aciné Garcia Lopes de Souza, Raimunda Mendes Coutinho, Raimunda da Silva Virgolino, Esther da Silva Virgolino, Maria Helena e Corina Amoras são centenas e uma página é pouco para falar dessas educadoras.

Esta semana vamos apresentar as novas gerações de amapaenses, principalmente aos que estão trilhando os primeiros caminhos do magistério, uma educadora pioneira, que ajudou a formar outras educadoras. Raymunda Aciné Garcia Lopes de Sousa, que muito jovem veio para o Amapá, recém-criado Território Federal, em uma época que tudo estava começando. Aqui tudo se estruturava para chegar a se tornar uma Unidade Federativa do Brasil e para isso se fazia necessário que se reunisse centenas de pessoas de diversas profissões e formação para criar o alicerce de uma nova sociedade: a dos AMAPAENSES.


Raymunda Aciné Garcia Lopes de Souza nasceu em Belém (PA), em 18 de março de 1926, filha de Judith Medeiros Garcia – que foi bordadeira da fábrica confiança em Belém e ao chegar em Macapá passou a costurar para senhoras e de João de Brito Monteiro – músico saxofonista, vivendo sua infância e adolescência na Rua Domingos Marreiros – Bairro do Umarizal, onde permaneceu até vir para Macapá.
Como toda jovem frequentou a escola e fez o curso primário: da alfabetização até a 1ª série na Escola João Carlos Nascimento da professora Mariana Tupiassu de Souza; 2ª serie no grupo Escolar Dr. Freitas e de 1936 a 1938 no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, onde concluiu o primeiro grau.
Estudou de 1939 até 1943 na Escola Normal do Pará, tradicional escola paraense por onde passavam a maiorias das jovens paraenses e que formou dezenas delas que vieram para o Amapá. Raymunda Aciné se formou em março de 1944, nesse mesmo ano viajou junto com sua mãe na lancha Amapá na companhia do primeiro governador do Território Federal do Amapá capitão Janary Gentil Nunes, e assim iniciou suas atividades de professora normalista.
Aciné conta que ao chegar em Macapá foi instalada na casa do Sr. Acésio Guedes, depois foi alojada na residência de uma família judia, e algum tempo depois passou a morar com a professora Maria Carolina até conseguir a casa cedida pelo governo na rua General Gurjão, no Bairro Alto, isso nos idos de 1952.

Alguns anos depois chegou de Belém o sobrinho do Sr. Cleveland Cavalcante, o jovem Altevir, que se juntou ao grupo de jovens que se reuniam para ir aos bailes e de festa em festa foi assim que se conheceram, namoraram, noivaram e casaram em 31-05-1956 no civil no Fórum de Macapá e no religioso na Catedral de São José.
Dessa relação gerou três filhos Rivetla, Roseanne e Marcellino, e dois netos Bruno e Eric.

A história da professora Aciné, como era conhecida no magistério, tem seus compassos e muitos deles foram aventuras pedagógicas nos cerrados amapaenses.


Sua admissão nos quadros do recém criado Território Federal do Amapá, aconteceu em 29 de maio de 1944, como professora Classe ‘F’. Em 1945 foi dispensada e deu continuidade aos seus estudos no período de 1946 a 1948 no Instituto de Educação do Pará, formando-se no Pedagógico em 1948. Em 5 de abril de 1950 readmitida nos quadros como professora classe ‘B’ e em 20 de setembro de 1963 foi definitivamente enquadrada como Assistente de Educação 14-A.
Neste interim Aciné deu continuidade aos estudos superior e cursou de 1972 a 1973 Licenciatura em Letras pela UFPA, no Núcleo Amapá, na Escola Tiradentes e a complementação em Plena em Letras Português/Francês. Além disso durante sua vida funcional cursou dezenas de ações educativas voltas para ampliação e aperfeiçoamento educacional, além das suas atividades administrativas que passou a exercer como gestora escolar e de administração pública.

Raymunda Aciné exerceu grande liderança, influenciou e apoiou ações de atividades voltadas para uma educação exitosa no Amapá, dentro das áreas desportivas e literárias. Participou de encontros, congressos, seminários e atividades fins que envolviam administração e supervisão escolar e foi uma das amapaenses que participou da implantação da nova legislação educacional a LDBE 5692/71. Recebeu centenas de portarias e diplomas de elogios e Honra ao Mérito pela dedicação à educação amapaense.


No exercício de gestão escolar, dirigiu o Grupo Escolar de Mazagão em (1961/1963), e o Instituto de Educação do Território do Amapá (IETA) de (1969/1972). Chefiou o Ensino de Primeiro Grau em 1972. Em 1974 respondeu pela cargo de secretária de Educação e Cultura e passou a ser interina no mesmo ano. A nossa educadora Aciné foi designada e compôs diversas comissões de importâncias dentro do sistema educacional do Amapá, desde a organização da Semana da Pátria e Bancas Examinadoras, assim como representante amapaense em encontros nacionais voltados para a alavancagem do nosso sistema de ensino. Participou de inaugurações de prédios escolares. Participou da implantação do Ensino de 2º Grau (hoje Ensino Médio) no Amapá. Compôs e coordenou a Comissão de Legislação de Ensino da SEC. Administrou a Escola Barroso Tostes em 1978, participou da Prevenção ao uso de tóxicos por estudantes. Em 1981, compôs o Plenário do Conselho de Educação do Amapá.
Foram doze mil novecentos e oitenta e três dias, ou seja, 34 anos dedicados exclusivamente a Educação Amapaense, hoje Raymunda Aciné Garcia Lopes de Souza, reside em Belém (PA) com seus filhos e aos 92 anos continua ativa, dedicando-se a atividades religiosas, e ativando o seu lado escritora lanço em março dia de seu aniversário, quando completou 92 anos o livro Espiritualidade Conjugal Tesouro do Matrimonio, voltado para casais cristão. Aciné fez uma promessa de vir ao Amapá, para fazer o lançamento de sua obra em Macapá e reencontrar os amigos. O livro de Raymunda Aciné será doado.
Professora pioneira do Amapá, Raimunda Aciné Garcia Lopes de Sousa, festejou seus  92 anos de idade com missa na Basilica de N. S. de Nazaré e carinho dos familiares. Parabéns

Professora Aciné, como é mais conhecida nos meios educacionais, enfrentou os desafios que são peculiar, para quem aceitar desbravar e se tornar pioneiros em uma empreitada. O Amapá que Aciné encontrou era um local que precisava de tudo, principalmente de coragem, dedicaç!ão e bravura, e isso ela tinha e doou para essa terra e seu povo. Sem estradas, lama, febre amarela e malária, sem saneamento básico, que ainda continua, sem transporte era mais amor ao magistério e essas mulheres que aqui chegaram construíram um Ensino de qualidade, reconhecido nacionalmente e buscaram em outras regiões experiências e aqui aplicaram. São Educadoras Pioneiras como essas que estamos precisando que renasçam e façam uma Educação com Amor. OBRIGADO professora Raymunda Aciné e a suas colegas do mesmo quilate.

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