sexta-feira, 17 de julho de 2020

SALVE A CAPOEIRA! – A ARTE MARCIAL BRASILEIRA


SALVE A CAPOEIRA! – A ARTE MARCIAL BRASILEIRA


Desvalorizada pelos que ambicionam o pódio olímpico, pois é considerada uma dança, uma atividade cultural, exercício físico e não arte marcial como atividade competitiva. Ela é tudo isso e muito mais...

  
Reinaldo Coelho





Diferente do que se imagina, Capoeira não é dança, não é luta, não é cultura e não é música. Capoeira é a mistura de todos esses elementos que resultou no que hoje é mundialmente conhecido como a arte marcial brasileira. Nas últimas décadas, a Capoeira deixou de ser praticada apenas no Brasil para ganhar o mundo, porém, os atletas de pontas não a tem como preferencial, visto que não constas dos grandes eventos esportivos internacional como modalidade que garanta disputa olímpica ou ajude em competições, caso do UFC, onde o judô, tae-kwon-do. Alguns profissionais já utilizaram a modalidade no octógono, caso de o lutador Elizeu Capoeira e se tornaram vitoriosos.

 

A capoeira foi declarada patrimônio imaterial da humanidade em 2014 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Ela representa a resistência dos escravos à bruta violência a que eram submetidos em tempos coloniais e imperiais no Brasil. Mas, afinal, qual é a origem da capoeira? Qual a trajetória dessa luta na história do Brasil? Para celebrar o dia da capoeira – comemorado em 3 de agosto – o Tribuna Amapaense preparou esse texto para responder a essas e outras perguntas sobre essa prática tão famosa no mundo todo e principalmente no Amapá.

De crime a patrimônio imaterial a capoeira passou por muitos obstáculos, foi somente em 1937 que a capoeira deixou de ser considerada um crime e isso se deve, em grande medida, ao esforços do Mestre Bimba. Para afastar-se da imagem marginalizada que a capoeira tinha na sociedade, a luta começou a ser praticada em academias e este Mestre foi o criador da primeira delas, em 1932. Sua academia ganhou alvará de funcionamento em 1937 com a descriminalização da prática. Nesse mesmo ano, mestre Bimba chegou a fazer uma apresentação de capoeira para o então presidente Getúlio Vargas. A partir de então capoeira ganhou status de esporte no Brasil.

Mas ainda não conseguiu chegar ao ponto máxima da competitividade esportiva como modalidade. A maioria a utiliza como pratica física (exercício para o corpo) ou como modalidade de inclusão social, pratica comum nos bairros da periferia urbana.

CAPOEIRA NO AMAPÁ


A editoria do Tribuna Amapaense, para homenagear essa centenária arte marcial e cultural brasileira, foi em busca de informações sobre a modalidade no Amapá, é encontrou mais de 40 grupos, com mais de três mil capoeiristas, além dos que a utilizam como pratica de atividade física nas academias ou nas escolas públicas e privadas, como atividade de Educação Física escolar e esportiva.

1º Jogos Energia Pura de Capoeira no Amapá - Portal Capoeira

Entre os capoeiristas amapaenses a reportagem localizou um apaixonado pelo esporte e pela história da capoeira no Brasil e no Amapá, além de atuante na área de tecnológica há 15 anos. O supervisor de TI, Adrian Simiti Tenório, de 33 anos. Adrian Tenório é natural de Belém, mas se considero amapaense de coração residindo no Amapá a mais de 22 anos.

Adrian Simiti Tenório, em treino de Capoeira

“Eu sempre tive admiração pela Capoeira, desde pequeno quando morava em Belém, o ritmo dos instrumentos, o jogo e as acrobacias me chamavam a atenção, mas só pude praticar quando cheguei em Macapá em 1997, treinava na escola São Francisco de Assis(atualmente é o Shopping Villa Nova), naquela época tinha capoeira nas escolas e eu treinava com Mestre Palmeirim do Grupo Jussara, eu era um adolescente muito revoltado e a capoeira me trouxe ao equilíbrio e disciplina, depois treinei com dois alunos do Mestre Palmeirim Michel Brás (Malhado) e Márcio Clay(Desenho), treinei até meus 14 anos e depois de mudar de Bairro tive que parar devido à distância, mas onde eu ouvia o toque do Berimbau eu parava para prestigiar e sentia falta de fazer parte do movimento”.

O tecnólogo Adrian narra que próximo a completar 30 anos voltou a treinar, no mesmo grupo com Roque Brandão e com Mestre Davi.
Polo do Monitor Roque

“No mesmo período (há 2 anos e meio), Mestre Davi criou um novo projeto a ESCOLA DE CAPOEIRA TRADIÇÃO E FUNDAMENTO, onde eu e outros membros o seguimos para dar apoio nessa nova empreitada, o projeto fica localizado no Novo Horizonte e conta com três núcleos: Centro com Monitor Roque, Curiaú com Formado Carlão e Calçoene com Monitor Alan. Hoje eu não tenho mais pique para as acrobacias e jogos ligeiros, mas mantenho minhas técnicas e a paixão por essa arte tão bonita, e portanto, vejo que meu papel hoje é de justamente dar o apoio necessário para colaborar com o projeto e com o movimento de capoeira como um todo, desejando o que cada grupo cresça ainda mais e que sejam valorizados, pois, nossa arte é muito bem vista fora do Brasil, mas aqui ainda não tem tanto apoio”.


DESPRESTIGIADOS


A maioria dos estudos sobre a Capoeira é estrangeira, e entre os outros esportes de lutas, a capoeira aqui no Brasil é a que menos recebe procura e valorização financeira, fazendo com que muitos Mestres e instrutores desistam da arte para poder sustentar suas famílias, muitos dependem de projetos sociais com pouco Investimento, assim como na própria história da Capoeira, onde Mestre Pastinha que organizou e com permissão dos antigos mestres tomou conta da capoeira Angola, sendo grande precursor desse estilo, morreu em um asilo sem amparo.

Os pais da capoeira, como também os... - Aprendendo com as lutas ...

Outro mestre, o Bimba que criou a capoeira Regional, recebeu honras do Presidente Vargas e morreu também sem apoio financeiro. “Dois ícones da história, através de sua luta a  capoeira teve visibilidade, quebrou o paradigma de COISA DE VAGABUNDO  e recebeu o título de patrimônio imaterial, mesmo assim  eles não tiveram o valor devido(na época), com exceção de Mestre Camisa que criou a capoeira contemporânea e levou para o exterior e conseguiu fazer sucesso, está até hoje divulgando seu estilo de capoeira pelo mundo que é praticada também aqui no Brasil, por isso, eu sonho com que aqui nossa Capoeira seja realmente vista como um dos pilares da cultura Brasileira e que seja valorizada como merece, e assim, dar uma condição favorável aos mestres que fazem da capoeira sua vida e lutam para que ela se perpetue nas próximas gerações”.

TRAJETÓRIA HISTÓRICA NO AMAPÁ
Mestre Davi

Em conversa virtual com Mestre Davi, fundador em parceria com o Mestre Cabeleira, a Escola de Capoeira Tradição e Fundamento, localizada no Bairro Novo Horizonte, Zona Norte de Macapá.

Questionado sobre a capoeira no Amapá e sua trajetória, Mestre Davi  falou sobre os primórdios da modalidade em Terras Tucujus.

“Vou falar um pouco sobre os primórdios da capoeira em nosso estado e por coincidência Belém, no estado do Pará nosso vizinho, tem três momentos nessa história, segundo o escritor Leal, no livro que ele escreveu a primeira informação sobre a Capoeira no estado do Amapá, foi no ano de 1890, no governo Paraense, às vésperas de uma eleição, ele executou uma plano de prisão e deportação para o Amapá, onde seguiram cerca de 40 pessoas ente homens e mulheres, foram acusados de serem capoeiristas e vagabundos, conforme a lei de 1890 que já prevalecia, os vadios e capoeiras, e segundo Leal, a deportação se fundamenta em dois discursos, sendo o primeiro: de controle social diante da necessidade de repressão a vagabundagem, e a disciplina à classes perigosas, e o segundo: para reorganização da mão de obra e particularmente para a colonização do Amapá”..

1895-002-Cabralzinho - Blog de Rocha
Cabralzinho

Em outro registro Bibliográfico da palavra capoeira aqui no estado do Amapá, nos remete aos anos de 1895 já no fim do século XIX, com a luta entre Cabralzinho e Lumiere, onde o herói Amapaense vence o francês com um golpe de capoeira, segundo a história, depois desse golpe, Lumiere cai e ele toma o revolver e dá um tiro a queima roupa em Lumiére, assim ganhando o embate.

Outro momento histórico foi a vinda de José Vagalume para o Amapá, à convite do ex governador do estado Janari Gentil Nunes. 

“Vagalume, como era mais conhecido veio para trabalhar na construção de prédios públicos em nosso estado, foi ele quem implantou a Carioca¸ precursora da capoeira nas rodas de Marabaixo, acontecia assim: Abria-se uma grande roda e as caixas diziam a hora do jogo, as duplas formavam-se aleatoriamente e começava-se a dinâmica da luta corporal, entre rasteiras, cabeçadas e capoeiras, dentro do ritual do Marabaixo, sem o uso do Berimbau , só com o som das caixas, saltos elásticos dos bailarinos acrobatas e cabeçadas fulminantes de capoeira”.

Mestre Davi enfatiza que com essa passagem que aconteceu mais precisamente na década de 40, depois, já na década de 70, tivemos três percursores da capoeira, o primeiro foi um Goiano conhecido como Ademar Feliz, ele foi aluno da linhagem de Mestre Bimba, conhecido como de Menor, já o segundo também vindo de Belém(terceira participação de Paraense na história, depois dos 40 deportados e Cabralzinho), Mestre Bezerra chegou em nosso estado e contribuiu com a Capoeira Amapaense, já o terceiro foi um baiano, o Mestre Humberto.

“Daí pra frente iniciam-se as graduações, cria-se o primeiro grupo de capoeira, em seguida vão se desfiliando do primeiro grupo e formando novos grupos, foram-se graduando os mestres e a capoeira foi crescendo. Dos anos 80 pra cá, tivemos grandes grupos e grandes trabalhos de capoeira, assim como grandes Mestres também...um pouco da nossa história da capoeira Amapaense.”

O mestre capoeirista e incisivo ao relatar que a desvalorização da modalidade se deve aos próprios praticantes e responsáveis.

 “Boa parte da desvalorização é culpa dos próprios capoeiristas que são muito desunidos, muitos foram doutrinados a defender suas bandeiras na década de 80 quando foram-se criando os grupos, infelizmente, e não a própria bandeira do movimento da capoeira, para ela poder crescer e ter visibilidade, então o cara defende seu grupo e esquece do movimento, inclusive na década de 90 a capoeira foi muito violenta, por conta desses ensinamentos pregados pelos mestres, por esse motivo, muitos eventos não tiveram visibilidade e isso se reflete nos dias de hoje, o ego na capoeira é muito forte, infelizmente, o EU para muitos é mais importante do que o NÓS, porém, alguns já tem consciência que o NÓS é muito mais forte, a capoeira ensina o tempo todo o que é o NÓS, é EU e VOCÊ(eu percebi e vivi muito isso ).

Esse conhecimento reflexivo foi a motivação para a criação da ESCOLA DE CAPOEIRA TRADIÇÃO E FUNDAMENTO (Nosso grupo). 



“Eu dei muita ênfase à CAPOEIRA, a logomarca da escola eu não pensei em criar um escudo, eu botei a CAPOEIRA em evidência, justamente para tirar essa consciência dos alunos de defender sua bandeira, não ao grupo e sim ao movimento da Capoeira, e muitos grupos já estão trabalhando o NÓS nessa nova geração, muitos já tem consciência de que um precisa do outro, para que a Capoeira possa crescer e galgar espaços, onde ela possa ter voz e visibilidade em nossa sociedade, trabalhando assim, para que a capoeira do futuro daqui com 10, 20 ou 30 anos seja muito mais consciente do que hoje e muito mais valorizada, acho que é isso, precisa de consciência mesmo!”.



Essa união, proclamada pelos mestres capoeiristas vai gerar forças para o movimento popular, e o movimento vai ter visibilidade, não só dentro da sociedade, mas também o poder público.


“Assim o poder público e a sociedade, vai ter outros olhos para a capoeira, que ela já está inserida nas escolas como ferramenta de educação, eu dou aula a mais de 15 anos em escola particular e ela é bem aceita lá dentro pelos pais. No início foi difícil, mas quebrou-se esse preconceito, os pais hoje, a própria diretora e o corpo docente vê a capoeira com outros olhos, que a capoeira consegue trabalhar a disciplina nos alunos com tudo que a capoeira tem de bom. Só que para o atrair o poder público o movimento ainda está fraco, apesar de saberem das coisas boas que tem na capoeira eles não conseguem coloca-la dentro das escolas do estado e municípios, porque não vê essa força dentro do movimento, portanto, se houver união essa força vai aumentar e futuramente vai despertar o interesse do poder público, então os projetos vão ter mais visibilidade, ao invés de fazer campeonatos do meu grupo, faremos um campeonato para os grupos, abrangendo todo mundo, assim  vem muito mais gente para dentro, a mídia vai dar visibilidade a isso, a sociedade vai poder ver com outros olhos e o poder público vai valorizar nossa arte e luta.


MESTRE CAPOEIRISTA CABELEIRA

O parceiro e fundador da Escola Tradição e Fundamento, Carlos Eduardo Mendes de Jesus, O Mestre Cabeleira, nascido em 26 de junho de 1976 filho de Benedito Barreto de Jesus e Marcelina Mendes de Jesus.

“Eu conheci a capoeira em uma apresentação na escola Jose de Anchieta em 1991, escola há qual eu estudava era Semana da Consciência Negra, e em 1992 pedi para um dos participantes daquela apresentação para me ensina conversei com o Davi Alves dos Santos (Mestre Davi) e comecei a gingar até o ano de 1993 onde fui trabalha nas Casas Pernambucanas onde conheci um pintor de cartazes da loja e seu nome é Marcelino dos Santos Trindade “Mestre Tigre” da Associação Cultura Berimbau de Ouro (ACBO). Tornei-me contra mestre. E no dia 14 de abril de 1997 comecei a ensinar para crianças e adolescentes no bairro Cabralzinho, um mês depois comecei a trabalha pela secretaria do estado de Assistência Social para resgate de crianças e adolescentes em situação de risco social no bairro do Muca, era o Projeto Curumim onde permaneci por um período de 4 anos. Durante meu horário noturno, em 1998, fui para o bairro Brasil Novo ensinar crianças, adolescentes e adultos daquele bairro”.
“Em 1999 pela secretaria municipal de Assistência Social de Macapá outra vez trabalhei com crianças e adolescente em situação de risco social dessa vez pelo Projeto Peti no bairro Perpetuo Socorro e na Escola professora Carmelita do Carmo e permaneci até 2002”.

Mestre Cabeleira
Mestre Cabeleira  em  2001 saiu do Grupo Berimbau de ouro por motivos corriqueiro desenvolvendo o trabalho da Capoeira. “E em 2004 comecei uma trajetória no Grupo Jussara Capoeira nas escola particulares (escola Arco Iris localizada próximo ao 3º BIS e a escola CERVI no bairro Jesus de Nazaré), tudo isso por intermédio de Hocilmar Luís Ferreira Palmeirim (mestre Palmeirim) a qual me levou para o município de Afuá-PA ilha do Marajó em 2007 e consequentemente comecei um trabalho como crianças, adolescentes e adultos  daquela região permanecendo até 2017,  e no dia 17 de dezembro 2017 eu e meu amigo mestre Davi saímos do grupo Jussara capoeira e algumas semanas depois fundamos a Escola de Capoeira Tradição e Fundamento (ECTF) com a finalidade de ser mais dinâmico e formal em nossas atividades “digamos extra curricular”.

FUNDAÇÃO DO PROJETO ESCOLA DE CAPOEIRA TRADIÇÃO E FUNDAMENTO.


Davi Alves dos Santos, participa da Capoeira desde os 10 anos, onde é conhecido como Mestre Davi, está 44 anos, na capoeira teve três referencias importantes na sua formação: Mestre Grilo, Mestre Marcelino e o Mestre Palmerim que lhe estimulou na sua  caminhada.

“Em 2005 me formei professor e iniciei meu projeto no Novo Horizonte, chamado de Ginga Moleque, o Bairro é bem afastado do centro e tem pouca opção para molecada. Funcionava atrás da minha casa. Eles jogavam bola e percebi que chamavam muito palavrão. Nesse mesmo espaço eu tinha vontade de construir minha academia, daí eu comecei a participar mais da vida dessas crianças, comecei a dar treino e como na capoeira prevalece muito a disciplina. Assim como o respeito, eles foram se encaixando no eixo e o projeto foi tomando forma, e o objetivo era além da disciplina e divulgação do esporte e cultura, conscientiza-los através da história da capoeira, que muitos as vezes nem conhece sua história.”

Mestre Davi explica que dessa forma poderiam  chegar em lugares onde o poder público tem dificuldade de entrar.


“Assim conseguir com que nossos alunos se desenvolvam não só fisicamente, mas também intelectualmente, com incentivo aos estudos que cobramos muito isso deles, assim como a parte espiritual também, criando multiplicadores, grandes formadores de opiniões, infelizmente as dificuldades são muitas, com a falta de apoio, só contamos mesmo com o apoio de nossos alunos e de alguns pais mesmo, quando saímos atrás de patrocínio, não conseguimos muito, pois as pessoas não ficam muito interessadas, mesmo nas secretarias de esporte.

O mestre capoeirista e enfático em afirmar que sempre apresenta projetos, oficio de cultura e nada acontece.

“Não temos tido muito êxito não, mesmo assim a gente vai lutando, tem a falta de uniforme para os treinamentos e apresentações, os materiais para os treinos dos alunos, tatame, sacos e aparadores, a gente acaba tendo que improvisar muita coisa, temos dificuldades com transporte que é um problema, porque as vezes precisamos leva-los para as apresentações e precisamos nos planejar e criar formas de conseguir nos locomover, muita das vezes fazemos coletas, as vezes vamos de ônibus de linha mesmo, mas é muito ruim andar assim com muita crianças, lanche também, tem muitos que chegam aqui sem ter comido nada, a gente percebe isso neles. Então a gente se junta, faz coleta para fazer um mingau ou outro lanche e fornecer pra eles e vai indo. Vamos lutado ajudando uns aos outros com a certeza de que mais tarde eles vão crescer, vão se forma, trabalhar e ser um braço nosso aqui dentro do projeto, talvez sejam um próximo Mestre de capoeira.  Com certeza com uma formação superior, pode ser um Juiz, advogado ou um político. Nosso pessoal vem dando suporte e o trabalho vem crescendo, já temos frutos no Centro com Monitor Roque Brandão, Formado Carlão no Curiaú e Monitor Alan em Calçoene onde é muito difícil transporte para acompanharmos seu trabalhos, o ônibus custa 5mil Reais para podermos ir para os eventos de lá, daí fica difícil se encontrar, mas a vida é uma luta e a capoeira nos ensina justamente a sermos lutadores”.

CAPOEIRISTAS PARTICIPANDO DAS LUTAS AGRESSIVAS
 
Elizeu Capoeira comemora nocaute impressionante no UFC
Os jogadores mais antigos se denominavam apenas capoeiras, pois, de acordo com a cultura, Capoeira é um estilo de vida, um estado de espírito tão interligado com seus praticantes que transcende nomenclaturas como capoeirista ou lutador. Durante cerca de 100 anos a Capoeira foi praticada às escondidas, enquanto seus adeptos, quando capturados, eram presos ou castigados com chibatadas em praça pública. Consta que 11 golpes criados por Mestre Bimba são fatais.

Hoje, já está sendo vivenciado a chegada da capoeira em grandes eventos como a UFC, que tem em seu cast o Eliseu Capoeira, que aos 33 anos, se orgulha de trazer sua luta no sobrenome. “Levo com muito orgulho e com muito peso também, porque a comunidade da capoeira sempre cobra muito. Tento fazer o meu melhor sempre para poder representar muito bem esse nome”, explica o lutador.
Mas, essa representação começou lá na periferia. Ele começou a treinar capoeira aos 9 anos de idade. Muito tempo depois, quando já tinha 21 anos, ingressou no MMA profissional.

“Já não era tão novo, mas sempre fui um cara muito dedicado. Então a base que eu tive da capoeira me deu sustentação para poder ingressar em outras artes marciais e aprender com mais facilidade”, diz. “A capoeira é tudo. É luta, já foi reconhecida como esporte nacional, é um orgulho nosso. É um esporte genuíno daqui, que foi criado aqui. É cultura, luta, estilo de dança”, continua.


Muitos são contra que capoeiristas utilizem a arte como modalidade de luta agressiva, porém alguns mestres expuseram suas opiniões:


Mestre Davi (Macapá (AP), ESCOLA DE CAPOEIRA TRADIÇÃO E FUNDAMENTO)

“A capoeira é muito rica, tem vários leques de opções, por isso é tão difícil de defini-la e nós que trabalhamos temos tanto tempo de pratica e experiência, devemos observar os nosso alunos se tem potencial para o MMA, que quando entra na roda, se ele gosta mesmo dessa parte de luta devemos estimular, se o cara tem vocação, porque não ser um grande lutador de UFC? Representando nossa arte nos ringue, então devemos ser esse olheiro pra ver se ele tem mesmo vocação e encaminha-lo para sermos bem representados”.

Mestre Bamba, Salvador – BA
Bamba

“A capoeira sempre será, em primeiro lugar defesa, e não ataque. A tradição da capoeira sofreu muito com a má formação dos profissionais em capoeira, ninguém conseguir jogar mais numa roda por três minutos que logo é cortado o jogo. Não sou contra nada das novas lutas de combate, só acho que quem é só capoeira pensa melhor sobre a tradição e a essência da capoeira. Agora, se o capoeirista tem coragem e não mistura as tradições, sim, é muito bom para divulgação da capoeira.”

 Mestre Barrão, Recife – PE
Mestre Barrao, founder of Grupo Axé... - Axé Capoeira Tucson ...
“Eu sou a favor e incentivo alunos que, em vez de brigarem nas rodas, entrem no MMA e tornem-se um lutador de verdade, representando a capoeira e mostrando os aspectos de luta. Hoje, muitos lutadores já estão tendo conhecimento do potencial da capoeira. Ela faz do atleta um lutador diferenciado dos outros, com muita agilidade, criativo e surpreendente. Através da capoeira podemos descobrir vários talentos. Muitas vezes o aluno tem grande potencial para a luta e não podemos limitar as pessoas. É importante incentivar cada um dos capoeiristas com o dom que Deus lhe deu.”

Mestre Levi e Mestre Boca de Peixe - YouTube
Mestre Levi e Boca de Peoxe
Mestre Boca de Peixe, Belo Horizonte – MG

“A capoeira na formação de um lutador, seja ele de MMA ou outra arte marcial, é de grande importância, pois traz consigo uma visão e uma condição diferenciada entre os componentes para a formação de lutadores: raça, disposição, coragem, autoconfiança, agilidade, flexibilidade, malandragem, maldade e outros. A capoeira traz uma  vantagem na visão e percepção do lutador, pois na roda tem que se enxergar de todos os lados – uma condição aeróbia muito boa, força, flexibilidade, agilidade, controle de corpo, paciência, persistência . É tudo que um lutador precisa, além da técnica de cada luta específica na qual está buscando. Para um lutador se tornar bom em MMA ou Vale-Tudo, tem que ter conhecimento de várias lutas ou seja: ter recurso para todos os momentos, sejam difíceis ou fáceis.”


3 comentários:

  1. Muito bem explicada a trajetória... porém, acrescento ainda a peça chave para as conquistas de capoeira no estado.. A UNICAP (União dos Capoeirista do Amapá).

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  2. Li e gostei de conhecer um pouco mais da história do Amapá
    Att josemilson

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  3. Li e gostei de conhecer um pouco mais da história do Amapá
    Att josemilson

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