SALVE A CAPOEIRA! – A ARTE MARCIAL BRASILEIRA
Desvalorizada pelos
que ambicionam o pódio olímpico, pois é considerada uma dança, uma atividade
cultural, exercício físico e não arte marcial como atividade competitiva. Ela é
tudo isso e muito mais...
Reinaldo Coelho
Diferente do que se imagina, Capoeira não é dança, não é luta,
não é cultura e não é música. Capoeira é
a mistura de todos esses elementos que resultou no que hoje é mundialmente
conhecido como a arte marcial
brasileira. Nas últimas décadas, a Capoeira deixou de ser praticada apenas no Brasil para ganhar o mundo,
porém, os atletas de pontas não a tem como preferencial, visto que não constas
dos grandes eventos esportivos internacional como modalidade que garanta
disputa olímpica ou ajude em competições, caso do UFC, onde o judô,
tae-kwon-do. Alguns profissionais já utilizaram a modalidade no octógono, caso
de o lutador Elizeu Capoeira e se tornaram vitoriosos.
A capoeira foi
declarada patrimônio imaterial da humanidade em 2014 pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Ela representa a
resistência dos escravos à bruta violência a que eram submetidos em tempos
coloniais e imperiais no Brasil. Mas, afinal, qual é a origem da capoeira? Qual
a trajetória dessa luta na história do Brasil? Para celebrar o dia da capoeira
– comemorado em 3 de agosto – o Tribuna Amapaense preparou esse texto para
responder a essas e outras perguntas sobre essa prática tão famosa no mundo
todo e principalmente no Amapá.
De crime a
patrimônio imaterial a capoeira passou por muitos obstáculos, foi somente em
1937 que a capoeira deixou de ser considerada um crime e isso se deve, em
grande medida, ao esforços do Mestre Bimba. Para afastar-se da imagem
marginalizada que a capoeira tinha na sociedade, a luta começou a ser praticada
em academias e este Mestre foi o criador da primeira delas, em 1932. Sua
academia ganhou alvará de funcionamento em 1937 com a descriminalização da
prática. Nesse mesmo ano, mestre Bimba chegou a fazer uma apresentação de
capoeira para o então presidente Getúlio Vargas. A partir de então capoeira
ganhou status de esporte no Brasil.
Mas ainda não
conseguiu chegar ao ponto máxima da competitividade esportiva como modalidade. A
maioria a utiliza como pratica física (exercício para o corpo) ou como
modalidade de inclusão social, pratica comum nos bairros da periferia urbana.
CAPOEIRA NO AMAPÁ
A editoria do Tribuna
Amapaense, para homenagear essa centenária arte marcial e cultural brasileira,
foi em busca de informações sobre a modalidade no Amapá, é encontrou mais de 40
grupos, com mais de três mil capoeiristas, além dos que a utilizam como pratica
de atividade física nas academias ou nas escolas públicas e privadas, como
atividade de Educação Física escolar e esportiva.
Entre os capoeiristas
amapaenses a reportagem localizou um apaixonado pelo esporte e pela história da
capoeira no Brasil e no Amapá, além de atuante na área de tecnológica há 15
anos. O supervisor de TI, Adrian Simiti Tenório, de 33 anos. Adrian Tenório é
natural de Belém, mas se considero amapaense de coração residindo no Amapá a
mais de 22 anos.
“Eu sempre tive
admiração pela Capoeira, desde pequeno quando morava em Belém, o ritmo dos
instrumentos, o jogo e as acrobacias me chamavam a atenção, mas só pude
praticar quando cheguei em Macapá em 1997, treinava na escola São Francisco de
Assis(atualmente é o Shopping Villa Nova), naquela época tinha capoeira nas
escolas e eu treinava com Mestre Palmeirim do Grupo Jussara, eu era um
adolescente muito revoltado e a capoeira me trouxe ao equilíbrio e disciplina,
depois treinei com dois alunos do Mestre Palmeirim Michel Brás (Malhado) e
Márcio Clay(Desenho), treinei até meus 14 anos e depois de mudar de Bairro tive
que parar devido à distância, mas onde eu ouvia o toque do Berimbau eu parava
para prestigiar e sentia falta de fazer parte do movimento”.
O tecnólogo Adrian
narra que próximo a completar 30 anos voltou a treinar, no mesmo grupo com
Roque Brandão e com Mestre Davi.
Polo do Monitor Roque |
“No mesmo período (há
2 anos e meio), Mestre Davi criou um novo projeto a ESCOLA DE CAPOEIRA TRADIÇÃO
E FUNDAMENTO, onde eu e outros membros o seguimos para dar apoio nessa nova
empreitada, o projeto fica localizado no Novo Horizonte e conta com três
núcleos: Centro com Monitor Roque, Curiaú com Formado Carlão e Calçoene com
Monitor Alan. Hoje eu não tenho mais pique para as acrobacias e jogos ligeiros,
mas mantenho minhas técnicas e a paixão por essa arte tão bonita, e portanto,
vejo que meu papel hoje é de justamente dar o apoio necessário para colaborar
com o projeto e com o movimento de capoeira como um todo, desejando o que cada grupo
cresça ainda mais e que sejam valorizados, pois, nossa arte é muito bem vista
fora do Brasil, mas aqui ainda não tem tanto apoio”.
DESPRESTIGIADOS
A maioria dos estudos
sobre a Capoeira é estrangeira, e entre os outros esportes de lutas, a capoeira
aqui no Brasil é a que menos recebe procura e valorização financeira, fazendo
com que muitos Mestres e instrutores desistam da arte para poder sustentar suas
famílias, muitos dependem de projetos sociais com pouco Investimento, assim
como na própria história da Capoeira, onde Mestre Pastinha que organizou e com
permissão dos antigos mestres tomou conta da capoeira Angola, sendo grande
precursor desse estilo, morreu em um asilo sem amparo.
Outro mestre, o Bimba
que criou a capoeira Regional, recebeu honras do Presidente Vargas e morreu
também sem apoio financeiro. “Dois ícones da história, através de sua
luta a capoeira teve visibilidade,
quebrou o paradigma de COISA DE VAGABUNDO
e recebeu o título de patrimônio imaterial, mesmo assim eles não tiveram o valor devido(na época),
com exceção de Mestre Camisa que criou a capoeira contemporânea e levou para o
exterior e conseguiu fazer sucesso, está até hoje divulgando seu estilo de
capoeira pelo mundo que é praticada também aqui no Brasil, por isso, eu sonho com
que aqui nossa Capoeira seja realmente vista como um dos pilares da cultura
Brasileira e que seja valorizada como merece, e assim, dar uma condição
favorável aos mestres que fazem da capoeira sua vida e lutam para que ela se
perpetue nas próximas gerações”.
TRAJETÓRIA HISTÓRICA NO AMAPÁ
Mestre Davi |
Em conversa virtual com
Mestre Davi, fundador em parceria com o Mestre Cabeleira, a Escola de Capoeira
Tradição e Fundamento, localizada no Bairro Novo Horizonte, Zona Norte de
Macapá.
Questionado sobre a capoeira no Amapá e sua
trajetória, Mestre Davi falou sobre os
primórdios da modalidade em Terras Tucujus.
“Vou falar um pouco sobre os
primórdios da capoeira em nosso estado e por coincidência Belém, no estado do
Pará nosso vizinho, tem três momentos nessa história, segundo o escritor Leal,
no livro que ele escreveu a primeira informação sobre a Capoeira no estado do
Amapá, foi no ano de 1890, no governo Paraense, às vésperas de uma eleição, ele
executou uma plano de prisão e deportação para o Amapá, onde seguiram cerca de
40 pessoas ente homens e mulheres, foram acusados de serem capoeiristas e
vagabundos, conforme a lei de 1890 que já prevalecia, os vadios e capoeiras, e
segundo Leal, a deportação se fundamenta em dois discursos, sendo o primeiro:
de controle social diante da necessidade de repressão a vagabundagem, e a
disciplina à classes perigosas, e o segundo: para reorganização da mão de obra
e particularmente para a colonização do Amapá”..
Cabralzinho |
Em outro registro
Bibliográfico da palavra capoeira aqui no estado do Amapá, nos remete aos anos
de 1895 já no fim do século XIX, com a luta entre Cabralzinho e Lumiere, onde o
herói Amapaense vence o francês com um golpe de capoeira, segundo a história,
depois desse golpe, Lumiere cai e ele toma o revolver e dá um tiro a queima
roupa em Lumiére, assim ganhando o embate.
Outro momento histórico foi
a vinda de José Vagalume para o Amapá, à convite do ex governador do estado
Janari Gentil Nunes.
“Vagalume, como era mais conhecido veio para
trabalhar na construção de prédios públicos em nosso estado, foi ele quem
implantou a Carioca¸ precursora da capoeira nas rodas de Marabaixo, acontecia
assim: Abria-se uma grande roda e as caixas diziam a hora do jogo, as duplas
formavam-se aleatoriamente e começava-se a dinâmica da luta corporal, entre
rasteiras, cabeçadas e capoeiras, dentro do ritual do Marabaixo, sem o uso do
Berimbau , só com o som das caixas, saltos elásticos dos bailarinos acrobatas e
cabeçadas fulminantes de capoeira”.
Mestre Davi enfatiza que com
essa passagem que aconteceu mais precisamente na década de 40, depois, já na
década de 70, tivemos três percursores da capoeira, o primeiro foi um Goiano
conhecido como Ademar Feliz, ele foi aluno da linhagem de Mestre Bimba,
conhecido como de Menor, já o segundo também vindo de Belém(terceira
participação de Paraense na história, depois dos 40 deportados e Cabralzinho),
Mestre Bezerra chegou em nosso estado e contribuiu com a Capoeira Amapaense, já
o terceiro foi um baiano, o Mestre Humberto.
“Daí pra frente iniciam-se
as graduações, cria-se o primeiro grupo de capoeira, em seguida vão se
desfiliando do primeiro grupo e formando novos grupos, foram-se graduando os
mestres e a capoeira foi crescendo. Dos anos 80 pra cá, tivemos grandes grupos
e grandes trabalhos de capoeira, assim como grandes Mestres também...um pouco
da nossa história da capoeira Amapaense.”
O mestre capoeirista e
incisivo ao relatar que a desvalorização da modalidade se deve aos próprios
praticantes e responsáveis.
“Boa parte da desvalorização é culpa dos próprios
capoeiristas que são muito desunidos, muitos foram doutrinados a defender suas
bandeiras na década de 80 quando foram-se criando os grupos, infelizmente, e
não a própria bandeira do movimento da capoeira, para ela poder crescer e ter
visibilidade, então o cara defende seu grupo e esquece do movimento, inclusive
na década de 90 a capoeira foi muito violenta, por conta desses ensinamentos
pregados pelos mestres, por esse motivo, muitos eventos não tiveram
visibilidade e isso se reflete nos dias de hoje, o ego na capoeira é muito
forte, infelizmente, o EU para muitos é mais importante do que o NÓS, porém,
alguns já tem consciência que o NÓS é muito mais forte, a capoeira ensina o
tempo todo o que é o NÓS, é EU e VOCÊ(eu percebi e vivi muito isso ).
Esse conhecimento reflexivo
foi a motivação para a criação da ESCOLA DE CAPOEIRA TRADIÇÃO E FUNDAMENTO
(Nosso grupo).
“Eu dei muita ênfase à CAPOEIRA, a logomarca da escola eu não pensei
em criar um escudo, eu botei a CAPOEIRA em evidência, justamente para tirar
essa consciência dos alunos de defender sua bandeira, não ao grupo e sim ao
movimento da Capoeira, e muitos grupos já estão trabalhando o NÓS nessa nova
geração, muitos já tem consciência de que um precisa do outro, para que a
Capoeira possa crescer e galgar espaços, onde ela possa ter voz e visibilidade
em nossa sociedade, trabalhando assim, para que a capoeira do futuro daqui com
10, 20 ou 30 anos seja muito mais consciente do que hoje e muito mais
valorizada, acho que é isso, precisa de consciência mesmo!”.
Essa união, proclamada pelos mestres
capoeiristas vai gerar forças para o movimento popular, e o movimento vai ter
visibilidade, não só dentro da sociedade, mas também o poder público.
“Assim o poder público e a
sociedade, vai ter outros olhos para a capoeira, que ela já está inserida nas
escolas como ferramenta de educação, eu dou aula a mais de 15 anos em escola
particular e ela é bem aceita lá dentro pelos pais. No início foi difícil, mas
quebrou-se esse preconceito, os pais hoje, a própria diretora e o corpo docente
vê a capoeira com outros olhos, que a capoeira consegue trabalhar a disciplina
nos alunos com tudo que a capoeira tem de bom. Só que para o atrair o poder
público o movimento ainda está fraco, apesar de saberem das coisas boas que tem
na capoeira eles não conseguem coloca-la dentro das escolas do estado e
municípios, porque não vê essa força dentro do movimento, portanto, se houver
união essa força vai aumentar e futuramente vai despertar o interesse do poder
público, então os projetos vão ter mais visibilidade, ao invés de fazer
campeonatos do meu grupo, faremos um campeonato para os grupos, abrangendo todo
mundo, assim vem muito mais gente para
dentro, a mídia vai dar visibilidade a isso, a sociedade vai poder ver com
outros olhos e o poder público vai valorizar nossa arte e luta.
MESTRE CAPOEIRISTA CABELEIRA
O parceiro e fundador da Escola Tradição e Fundamento, Carlos Eduardo
Mendes de Jesus, O Mestre Cabeleira, nascido em 26 de junho de 1976 filho de
Benedito Barreto de Jesus e Marcelina Mendes de Jesus.
“Eu conheci a capoeira em uma
apresentação na escola Jose de Anchieta em 1991, escola há qual eu estudava era
Semana da Consciência Negra, e em 1992 pedi para um dos participantes daquela
apresentação para me ensina conversei com o Davi Alves dos Santos (Mestre Davi)
e comecei a gingar até o ano de 1993 onde fui trabalha nas Casas Pernambucanas
onde conheci um pintor de cartazes da loja e seu nome é Marcelino dos Santos
Trindade “Mestre Tigre” da Associação Cultura Berimbau de Ouro (ACBO).
Tornei-me contra mestre. E no dia 14 de abril de 1997 comecei a ensinar para
crianças e adolescentes no bairro Cabralzinho, um mês depois comecei a trabalha
pela secretaria do estado de Assistência Social para resgate de crianças e
adolescentes em situação de risco social no bairro do Muca, era o Projeto
Curumim onde permaneci por um período de 4 anos. Durante meu horário noturno,
em 1998, fui para o bairro Brasil Novo ensinar crianças, adolescentes e adultos
daquele bairro”.
“Em 1999 pela secretaria municipal de
Assistência Social de Macapá outra vez trabalhei com crianças e adolescente em
situação de risco social dessa vez pelo Projeto Peti no bairro Perpetuo Socorro
e na Escola professora Carmelita do Carmo e permaneci até 2002”.
Mestre Cabeleira |
Mestre Cabeleira em
2001 saiu do Grupo Berimbau de ouro por motivos corriqueiro
desenvolvendo o trabalho da Capoeira. “E em 2004 comecei uma trajetória no Grupo
Jussara Capoeira nas escola particulares (escola Arco Iris localizada próximo
ao 3º BIS e a escola CERVI no bairro Jesus de Nazaré), tudo isso por intermédio
de Hocilmar Luís Ferreira Palmeirim (mestre Palmeirim) a qual me levou para o
município de Afuá-PA ilha do Marajó em 2007 e consequentemente comecei um
trabalho como crianças, adolescentes e adultos
daquela região permanecendo até 2017,
e no dia 17 de dezembro 2017 eu e meu amigo mestre Davi saímos do grupo
Jussara capoeira e algumas semanas depois fundamos a Escola de Capoeira
Tradição e Fundamento (ECTF) com a finalidade de ser mais dinâmico e formal em
nossas atividades “digamos extra curricular”.
FUNDAÇÃO DO PROJETO ESCOLA DE CAPOEIRA TRADIÇÃO E FUNDAMENTO.
Davi Alves dos Santos, participa da
Capoeira desde os 10 anos, onde é conhecido como Mestre Davi, está 44 anos, na
capoeira teve três referencias importantes na sua formação: Mestre Grilo,
Mestre Marcelino e o Mestre Palmerim que lhe estimulou na sua caminhada.
“Em 2005 me formei professor e
iniciei meu projeto no Novo Horizonte, chamado de Ginga Moleque, o Bairro é bem
afastado do centro e tem pouca opção para molecada. Funcionava atrás da minha
casa. Eles jogavam bola e percebi que chamavam muito palavrão. Nesse mesmo
espaço eu tinha vontade de construir minha academia, daí eu comecei a
participar mais da vida dessas crianças, comecei a dar treino e como na
capoeira prevalece muito a disciplina. Assim como o respeito, eles foram se
encaixando no eixo e o projeto foi tomando forma, e o objetivo era além da
disciplina e divulgação do esporte e cultura, conscientiza-los através da história
da capoeira, que muitos as vezes nem conhece sua história.”
Mestre Davi explica que dessa forma poderiam
chegar em lugares onde o poder público
tem dificuldade de entrar.
“Assim conseguir com que nossos
alunos se desenvolvam não só fisicamente, mas também intelectualmente, com
incentivo aos estudos que cobramos muito isso deles, assim como a parte
espiritual também, criando multiplicadores, grandes formadores de opiniões,
infelizmente as dificuldades são muitas, com a falta de apoio, só contamos
mesmo com o apoio de nossos alunos e de alguns pais mesmo, quando saímos atrás
de patrocínio, não conseguimos muito, pois as pessoas não ficam muito
interessadas, mesmo nas secretarias de esporte.
O mestre capoeirista e enfático em
afirmar que sempre apresenta projetos, oficio de cultura e nada acontece.
“Não temos tido muito êxito não,
mesmo assim a gente vai lutando, tem a falta de uniforme para os treinamentos e
apresentações, os materiais para os treinos dos alunos, tatame, sacos e
aparadores, a gente acaba tendo que improvisar muita coisa, temos dificuldades
com transporte que é um problema, porque as vezes precisamos leva-los para as
apresentações e precisamos nos planejar e criar formas de conseguir nos
locomover, muita das vezes fazemos coletas, as vezes vamos de ônibus de linha
mesmo, mas é muito ruim andar assim com muita crianças, lanche também, tem
muitos que chegam aqui sem ter comido nada, a gente percebe isso neles. Então a
gente se junta, faz coleta para fazer um mingau ou outro lanche e fornecer pra
eles e vai indo. Vamos lutado ajudando uns aos outros com a certeza de que mais
tarde eles vão crescer, vão se forma, trabalhar e ser um braço nosso aqui
dentro do projeto, talvez sejam um próximo Mestre de capoeira. Com certeza com uma formação superior, pode
ser um Juiz, advogado ou um político. Nosso pessoal vem dando suporte e o
trabalho vem crescendo, já temos frutos no Centro com Monitor Roque Brandão,
Formado Carlão no Curiaú e Monitor Alan em Calçoene onde é muito difícil
transporte para acompanharmos seu trabalhos, o ônibus custa 5mil Reais para
podermos ir para os eventos de lá, daí fica difícil se encontrar, mas a vida é
uma luta e a capoeira nos ensina justamente a sermos lutadores”.
CAPOEIRISTAS PARTICIPANDO DAS LUTAS AGRESSIVAS
Os jogadores mais
antigos se denominavam apenas capoeiras, pois, de acordo com a cultura,
Capoeira é um estilo de vida, um estado de espírito tão interligado com seus
praticantes que transcende nomenclaturas como capoeirista ou lutador. Durante
cerca de 100 anos a Capoeira foi praticada às escondidas, enquanto seus
adeptos, quando capturados, eram presos ou castigados com chibatadas em praça
pública. Consta que 11 golpes criados por Mestre Bimba são fatais.
Hoje, já está sendo
vivenciado a chegada da capoeira em grandes eventos como a UFC, que tem em seu
cast o Eliseu Capoeira, que aos 33 anos, se orgulha de trazer sua luta no
sobrenome. “Levo com muito orgulho e com muito peso também, porque a comunidade
da capoeira sempre cobra muito. Tento fazer o meu melhor sempre para poder
representar muito bem esse nome”, explica o lutador.
Mas, essa
representação começou lá na periferia. Ele começou a treinar capoeira aos 9
anos de idade. Muito tempo depois, quando já tinha 21 anos, ingressou no MMA
profissional.
“Já não era tão
novo, mas sempre fui um cara muito dedicado. Então a base que eu tive da
capoeira me deu sustentação para poder ingressar em outras artes marciais e
aprender com mais facilidade”, diz. “A capoeira é tudo. É luta, já foi reconhecida
como esporte nacional, é um orgulho nosso. É um esporte genuíno daqui, que foi
criado aqui. É cultura, luta, estilo de dança”, continua.
Muitos são contra que capoeiristas utilizem a arte
como modalidade de luta agressiva, porém alguns mestres expuseram suas
opiniões:
Mestre Davi (Macapá (AP), ESCOLA DE CAPOEIRA
TRADIÇÃO E FUNDAMENTO)
“A capoeira é muito
rica, tem vários leques de opções, por isso é tão difícil de defini-la e nós
que trabalhamos temos tanto tempo de pratica e experiência, devemos observar os
nosso alunos se tem potencial para o MMA, que quando entra na roda, se ele
gosta mesmo dessa parte de luta devemos estimular, se o cara tem vocação,
porque não ser um grande lutador de UFC? Representando nossa arte nos ringue,
então devemos ser esse olheiro pra ver se ele tem mesmo vocação e encaminha-lo
para sermos bem representados”.
Mestre Bamba,
Salvador – BA
“A capoeira sempre
será, em primeiro lugar defesa, e não ataque. A tradição da capoeira sofreu
muito com a má formação dos profissionais em capoeira, ninguém conseguir jogar
mais numa roda por três minutos que logo é cortado o jogo. Não sou contra nada
das novas lutas de combate, só acho que quem é só capoeira pensa melhor sobre a
tradição e a essência da capoeira. Agora, se o capoeirista tem coragem e não
mistura as tradições, sim, é muito bom para divulgação da capoeira.”
Mestre Barrão, Recife – PE
“Eu sou a favor e
incentivo alunos que, em vez de brigarem nas rodas, entrem no MMA e tornem-se
um lutador de verdade, representando a capoeira e mostrando os aspectos de
luta. Hoje, muitos lutadores já estão tendo conhecimento do potencial da
capoeira. Ela faz do atleta um lutador diferenciado dos outros, com muita
agilidade, criativo e surpreendente. Através da capoeira podemos descobrir
vários talentos. Muitas vezes o aluno tem grande potencial para a luta e não
podemos limitar as pessoas. É importante incentivar cada um dos capoeiristas
com o dom que Deus lhe deu.”
Mestre Levi e Boca de Peoxe |
“A capoeira na
formação de um lutador, seja ele de MMA ou outra arte marcial, é de grande
importância, pois traz consigo uma visão e uma condição diferenciada entre os
componentes para a formação de lutadores: raça, disposição, coragem,
autoconfiança, agilidade, flexibilidade, malandragem, maldade e outros. A
capoeira traz uma vantagem na visão e
percepção do lutador, pois na roda tem que se enxergar de todos os lados – uma
condição aeróbia muito boa, força, flexibilidade, agilidade, controle de corpo,
paciência, persistência . É tudo que um lutador precisa, além da técnica de
cada luta específica na qual está buscando. Para um lutador se tornar bom em
MMA ou Vale-Tudo, tem que ter conhecimento de várias lutas ou seja: ter recurso
para todos os momentos, sejam difíceis ou fáceis.”
Muito bem explicada a trajetória... porém, acrescento ainda a peça chave para as conquistas de capoeira no estado.. A UNICAP (União dos Capoeirista do Amapá).
ResponderExcluirLi e gostei de conhecer um pouco mais da história do Amapá
ResponderExcluirAtt josemilson
Li e gostei de conhecer um pouco mais da história do Amapá
ResponderExcluirAtt josemilson