sexta-feira, 17 de julho de 2020

SAÚDE EM FOCO - MARAJÓ E COVID-19: COLAPSO DA SAÚDE PERTO DE NÓS



MARAJÓ E COVID-19:  COLAPSO DA SAÚDE PERTO DE NÓS


Por Jarbas de Ataíde
              Com baixo Índice de desenvolvimento Humano (IDH) e precário sistema de saúde, o nosso vizinho Marajó, enfrenta o limite do atendimento hospitalar com o aumento significativo do numero de casos de Covid-19, cuja taxa de letalidade da doença já chega à 16% em algumas cidades do arquipélago. Segundo Nota Técnica da Campanha Marajó Vivo, lançado pelo Museu Emílio Goeldi, já temos 5.986 mil casos confirmados e mais de 380 mortes pela Covid-19. São dados de 01 a 29.06.2020.
        Essa situação é preocupante para o Amapá, pois por longos anos, os moradores ribeirinhos dos 16 municípios marajoaras sempre procuraram assistência medica no Amapá, em busca de atendimento imediato e de urgência/emergência. Os casos de Covid-19 não seriam diferentes. O transporte fluvial entre as comunidades aumenta os casos e as distancias prejudicam a ida à capital Belém.  
        O Marajó tem 10,4 milhões de hectares e 564 mil habitantes (IBGE,2019), sendo considerado o maior arquipélago fluviomarinho do mundo (banhado pelo rio Amazonas e oceano Atlântico), pertencente ao Pará. Mesmo com essa imensidão de natureza, matas, rios, furos e a rica biossociodiversidade, possui uma estrutura hospitalar precária, que se vale do socorro nas unidades de saúde do Amapá.
        Dentre os 16 municípios, 50% estão no limite hospitalar, com destaque às cidades mais próximas do Amapá: Breves (1.230 casos; 73 óbitos/100 mil) e Portel (727 casos; 36 óbitos). Dispõe de respiradores em 5 cidades (Breves, Soure, Gurupá, Bagre e Melgaço) e as 7 UTIs ficam somente na cidade de Breves, a mais populosa. O número de leitos de 176 é insuficiente para atender mais de 500 mil habitantes. A rede de atendimento, conforme o Datasus, conta com apenas 50 Médicos.
       O Hospital de Campanha, improvisado em Breves, com 60 leitos, sendo 18 de UTI, não comporta a demanda. O Hospital Regional de Breves possui 9 leitos para Covid-19. Os números de casos confirmados têm alta subnotificação, pela falta de teste nos municípios. Belém recebe os casos graves da região oriental da ilha (P.Pedras, Muaná, S.Cruz do Arari), mas a capital também passa por dificuldade de acolher essa demanda. O Hospital de Campanha de Soure, prometido pelo Gov. Helder ficou no papel.

            Os índices de isolamento social, uma das medidas adotadas para evitar a transmissão, que por ser tratar de ilhas afastadas pelos rios, tenderia a ser alto, chegou apenas a 45 %, o que mostra que o grande e intenso transporte pluvial contribui muito para a aquisição da doença. Junto com o uso de mascara o isolamento mostrou-se efetivo na redução dos casos e dos óbitos. O isolamento social reduz, em média, 7 infectados/dia, enquanto o uso de máscaras reduz em 11/dia, conforme dados econométricos. 
          Diante dessa situação caótica e preocupante na área da saúde, cujo governo do Pará, deixou essa vasta região e sua população à míngua por longos anos, o estudo feito pelo Museu Emílio Goeldi mostra-se um instrumento bastante importante para a efetivação de medidas de controle sanitário, prevenção e econômicas. São propostas algumas medidas:
        Mesmo com medidas de flexibilização pelas Prefeituras, reabertura de comércio e movimentação dos barcos, é importante seguir as medidas dos órgãos oficiais de saúde; uso obrigatório de máscaras; limitação de capacidade de bares/restaurantes; proibição de eventos/aglomerações; controle, suspensão e flexibilização do transporte fluvial; garantia de renda emergencial básica; maior cobertura dos testes; garantia de fornecimento, na fase inicial, dos medicamentos; tratamento de esgoto sanitário, a médio e longo prazo, para evitar contaminação por rios e igarapés.    
           
  Fonte: Catarina Barbosa. www.barsildefato,com.br               

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