MARAJÓ E COVID-19: COLAPSO DA SAÚDE PERTO DE NÓS
Por Jarbas de Ataíde
Com baixo Índice de
desenvolvimento Humano (IDH) e precário sistema de saúde, o nosso vizinho
Marajó, enfrenta o limite do atendimento hospitalar com o aumento significativo
do numero de casos de Covid-19, cuja taxa de letalidade da doença já chega à
16% em algumas cidades do arquipélago. Segundo Nota Técnica da Campanha Marajó
Vivo, lançado pelo Museu Emílio Goeldi, já temos 5.986 mil casos
confirmados e mais de 380 mortes pela Covid-19. São dados de 01 a
29.06.2020.
Essa situação é preocupante para o
Amapá, pois por longos anos, os moradores ribeirinhos dos 16 municípios
marajoaras sempre procuraram assistência medica no Amapá, em busca de
atendimento imediato e de urgência/emergência. Os casos de Covid-19 não seriam
diferentes. O transporte fluvial entre as comunidades aumenta os casos e as
distancias prejudicam a ida à capital Belém.
O Marajó tem 10,4 milhões de hectares e
564 mil habitantes (IBGE,2019), sendo considerado o maior arquipélago
fluviomarinho do mundo (banhado pelo rio Amazonas e oceano Atlântico),
pertencente ao Pará. Mesmo com essa imensidão de natureza, matas, rios, furos e
a rica biossociodiversidade, possui uma estrutura hospitalar precária, que se
vale do socorro nas unidades de saúde do Amapá.
Dentre os 16 municípios, 50% estão no
limite hospitalar, com destaque às cidades mais próximas do Amapá: Breves
(1.230 casos; 73 óbitos/100 mil) e Portel (727 casos; 36 óbitos). Dispõe
de respiradores em 5 cidades (Breves, Soure, Gurupá, Bagre e Melgaço) e as 7
UTIs ficam somente na cidade de Breves, a mais populosa. O número de leitos de
176 é insuficiente para atender mais de 500 mil habitantes. A rede de atendimento,
conforme o Datasus, conta com apenas 50 Médicos.
O Hospital de Campanha, improvisado em
Breves, com 60 leitos, sendo 18 de UTI, não comporta a demanda. O Hospital
Regional de Breves possui 9 leitos para Covid-19. Os números de casos confirmados
têm alta subnotificação, pela falta de teste nos municípios. Belém recebe os
casos graves da região oriental da ilha (P.Pedras, Muaná, S.Cruz do Arari), mas
a capital também passa por dificuldade de acolher essa demanda. O Hospital de
Campanha de Soure, prometido pelo Gov. Helder ficou no papel.
Os índices de isolamento social,
uma das medidas adotadas para evitar a transmissão, que por ser tratar de ilhas
afastadas pelos rios, tenderia a ser alto, chegou apenas a 45 %, o que mostra que
o grande e intenso transporte pluvial contribui muito para a aquisição da
doença. Junto com o uso de mascara o isolamento mostrou-se efetivo na redução
dos casos e dos óbitos. O isolamento social reduz, em média, 7 infectados/dia,
enquanto o uso de máscaras reduz em 11/dia, conforme dados econométricos.
Diante dessa situação caótica e
preocupante na área da saúde, cujo governo do Pará, deixou essa vasta região e
sua população à míngua por longos anos, o estudo feito pelo Museu Emílio Goeldi
mostra-se um instrumento bastante importante para a efetivação de medidas de
controle sanitário, prevenção e econômicas. São propostas algumas medidas:
Mesmo com medidas de flexibilização
pelas Prefeituras, reabertura de comércio e movimentação dos barcos, é
importante seguir as medidas dos órgãos oficiais de saúde; uso obrigatório de
máscaras; limitação de capacidade de bares/restaurantes; proibição de
eventos/aglomerações; controle, suspensão e flexibilização do transporte
fluvial; garantia de renda emergencial básica; maior cobertura dos testes;
garantia de fornecimento, na fase inicial, dos medicamentos; tratamento de
esgoto sanitário, a médio e longo prazo, para evitar contaminação por rios e
igarapés.
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