Diante de tanta “confusão” criada em torno da Administração Pública nas três esferas de governo – Federal, Estadual e Municipal, há de se parar um momento durante esse percurso de cobranças, as mais variadas possíveis, sendo algumas de caráter político (antes de eleição) e outras apenas filosóficas (só existem na imaginação, no ego, na abstração do governante), para, enfim, refletir-se sobre quem por ela (administração) é responsável. Pergunta-se: a gestão pública deve ser exercida profissionalmente, isto é, a pessoa investida nessa função deve ser profissional da área onde vai exercer seu mister? Acredito que assim deve ser, pois o Contador domina a Ciência Contábil; o Engenheiro, as técnicas e aplicações da Engenharia; o Advogado, tem o dever de dominar a Ciência Jurídica, etc... etc... Logo, o Administrador Público tem a obrigação de conhecer e dominar o exercício da gestão pública. O fato é que a administração pública perde-se no emaranhado de “escolhas” e “indicações” políticas, onde o técnico é substituído pelo político, este, às vezes, despreparado para o exercício da gestão pública.
As vezes é preciso buscar-se lições no passado, ensinamentos que norteiam a vida pública e/ou privada, tanto faz, porque são formas de gerenciamento, com a diferença de que àquela aplica-se a lei e só por ela deve ser gerida, administrada, enquanto que para esta (privada), de patrimônio particular, o "dono", "acionista", "quotista"... somente obedecem as leis fisco/tributárias, conquanto seu gerenciamento é executado segundo as normas por ele (empresário) fixar. Uma dessas lições é extraída do livro Management’s New Role – O Novo Papel da Administração (Coleção Harward de Administração), escrito por Peter F. DRUCKER, em 1986. Diz a mensagem – "A administração hoje apresenta novas teorias e novas práticas, que exigem dos administradores mudanças em seu comportamento. As premissas mais importantes nas quais tanto a teoria como a prática de administração se têm baseado nestes últimos cinquenta anos estão-se tornando rapidamente inadequadas. Algumas dessas premissas, na verdade, já não são válidas e podem, de fato, ser consideradas obsoletas. Outras, embora ainda aplicáveis, vêm-se tornando depressa pouco indicadas; tratam elas de aspectos que são cadê vez mais secundários, subordinados, excepcionais e não do principal, do importante e da função e realidade dominante de administração".
Transcorridos 25 anos dessa afirmativa, parece que nada mudou na Administração Pública, as conseqüências e efeitos maléficos de má gestão afloram no universo estatal, onde a capacidade limitada de alguns gestores está diretamente ligada à ordem de quem os indicou; é necessário rediscutir essa forma satânica de composição de gestão pública. Não digo eliminá-la, mas torná-la eficiente, dinâmica, capaz e competente para o exercício da função pública. São tantos os atributos pessoais, morais, éticos e profissionais, necessários à pessoa do gestor público, a fim de que ele possa, realmente, "servir ao público", diretamente quando com este tem contato presencial e, indiretamente, quando no exercício da função pública, na execução de obras e serviços públicos.
Finaliza Drucker, cujo texto trago à flora para reflexão – Em toda parte, os administradores mostram estar bem a par das novas teorias e novos instrumentos da administração, das novas idéias sobre organização e da "revolução da informação". Essas transformações ocorridas no campo da administração são de fato muito importantes. Mais importante ainda, porém, talvez sejam as mudanças sofridas pelas realidades básicas e seu impacto nos princípios fundamentais sobre os quais se assenta a administração como teoria e como prática. As mudanças de teorias e instrumentos administrativos forçarão os administradores a modificar seu comportamento. As mudanças de teorias e instrumentos significam uma modificação no que um administrador faz e como se faz isso. As mudanças, entretanto, exigem na realidade uma alteração no papel desempenhado pelo administrador. E uma alteração em seu papel básico significa uma mudança naquilo que ele é.
Arvoro-me a dizer que está na hora e em tempo de mudar essa estrutura arcaica e satânica de administrar a coisa pública. Já é hora da prática profissional suplantar a ganância político-partidária do QI – quem indica. Mesmo que esse modelo de sustentação política continue, é preciso mudar a forma do QI, isto é, indicar quem realmente tem capacidade profissional para o exercício das função pública.
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