sexta-feira, 15 de julho de 2011

Doação de livros

O Amapá recebe pela primeira vez, a doação de livros publicados no método braile, desenvolvido para pessoas com deficiência visual. Serão 38 livros técnicos, entre eles o Código Civil brasileiro, manual de Administração de Empresas, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Em breve, o Estado receberá publicações da literatura brasileira e livros infantis adquiridos em parceria com instituições públicas de todo o país. A proposta é criar um espaço de leitura dentro da Universidade Estadual do Amapá (UEAP) ou da Universidade Federal (UNIFAP) para abrigar esses títulos e tornarem-se locais de consulta pública.
Quem lidera este projeto é o professor e especialista em deficiência visual pelo Instituto Benjamim Constant (RJ), Paulo Rogério Dias do Vale. Ele fala sobre a ausência de políticas públicas no Amapá a pessoas com necessidades especiais. “Não adianta colocar o ônibus adaptado se a gente chega na parada e não consegue ler para onde ele vai. Nos falta autonomia, independência e principalmente respeito. A gente vem militando para que haja inclusão social a todos”, desabafou o professor.
Ele comenta que foi sondado por jovens em ano de vestibular sobre dificuldades em realizar as provas, pois não existiam livros adequados para o estudo individual. “A gente percebe o quanto o Amapá fica atrás dos outros estados quando limita a possibilidade de aprendizado e crescimento intelectual pelos jovens cegos”, destacou.
A Secretaria Estadual de Educação, por meio do Núcleo de Educação Especial mantém as atividades do Centro de Apoio Pedagógico (CAP), o único a ministrar o curso de braile gratuitamente. Paulo Rogério fala que diferentemente do ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), que tem a interpretação modificada de um país para o outro, o código braile é comum a todos os países do mundo, o que facilita a compreensão e aprendizagem. Mesmo assim, o mercado editorial para títulos adaptados ainda é inexpressivo, pois não há interesse das editoras em oferecer livros impressos em braile. A gráfica do Senado Federal é uma das poucas que ainda publica títulos voltados a deficientes visuais.
Paulo Rogério ilustra ainda que o custo de uma máquina de escrever em braile custa cerca de R$ 15 mil reais, valor inacessível a pessoas de baixa renda. Nem o incentivo fiscal do governo federal autorizado no início deste ano permitiu a redução desse custo. “A personalização tem um custo alto. As máquinas de escrever ainda estão custando R$ 5 mil reais”, lamenta o deficiente visual, que recorre às novas mídias para ampliar as possibilidades de comunicação. Ele adquiriu um programa de computador genérico que faz a leitura das teclas, permitindo que Paulo ouça o que está digitando. O original é avaliado em R$ 80 mil reais.
Ele acredita que o lançamento da biblioteca para o público cego pode encurtar o acesso do deficiente visual ao mercado de trabalho ao torná-lo mais instruído e capacitado. Paulo Rogério aguarda resposta das reitorias da UEAP e UNIFAP para saber qual o local em que a biblioteca poderá ser implantada oficialmente.

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