sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sobreviventes - Maria de Jesus Pereira Vieira & Iveto Rodrigues de Oliveira

“Vivemos felizes aqui”
Maria de Jesus Pereira Vieira &
Iveto Rodrigues de Oliveira

Abinoan Santiago
Da Reportagem/Estagiário
Em comemoração ao Dia Mundial do Idoso (01 de Outubro), o Tribuna fará o sobrevivente de uma maneira um pouco diferente, pois essa semana entrevistamos duas pessoas que não ligam para a sua idade, que apesar dos problemas em suas vidas, os mesmos conseguiram dar a volta por cima e hoje abrem a boca sem medo de falar a frase: “Eu vivo feliz aqui”, mas você deve está se perguntando sobre esse “aqui”, pois bem, essa palavra se refere ao Abrigo de Longa Temporada São José que com pessoas capacitadas, dispostas e carinhosas recebem senhores e senhoras da terceira idade a cada ano. Os nossos sobreviventes vivem no abrigo, porém como muita alegria. Os personagens dessa semana é a Dona Maria Raimunda de Jesus Pereira Vieira, nascida no dia 16 de Maio de 1931 no município de Amarantes no Estado do Piauí e o Seu Iveto Rodrigues de Oliveira, nascido em 1938 no dia 25 de Setembro, natural do Fortaleza, capital do Estado do Ceará.
Dona Maria e Seu Iveto, além de não serem amapaense, possuem outras coisas em comum, como as facetas artísticas. Maria é mais conhecida no abrigo São José pelo no apelido “Estrela”, pois além de possuir um olhar que brilha, a nossa sobrevivente canta, compõe e muito alegre ainda falou: “Coloca que também sou apresentadora” afirmou Estrela, afinal, ela apresenta algumas festinhas no abrigo. A Estrela lembra de um episódio interessante desse seu dom de cantar, “Lembro que estava cantando sozinha na frente da cidade de Macapá e de repente um fotógrafo tirou uma foto minha (...) Eu gostei e pedi para que ele me desse ela, mas o jornalista disse: ‘Não’, então eu retruquei: ‘Por que?’. Ele me respondeu que aquela foto rodaria o Brasil inteiro contando um pouco do seu talento e história”, lembrou Estrela.
Segundo dona Maria, na juventude não possuía a prática de cantar. Ela veio descobrir esse talento no abrigo, pois para não chorar no seu quarto preferia cantar e compor músicas. Afinal, assim não incomodaria os seus amigos com suas lágrimas e de quebra ainda proporcionava alguns minutos de uma boa música.
Já o seu Iveto também tem o seu lado artista, o que lhe rendeu um apelido carinhoso, todos (ou os mais íntimos) o chamam de “Poeta”. É claro que devemos imaginar o porquê desse apelido. Iveto gosta de escrever poemas a poesias no abrigo, os temas principais de suas obras são as várias cidades que ele passou antes de chegar ao Amapá. Enquanto fazíamos a reportagem o nosso poeta até recitou alguns versos, confira: “(...) De Tanto caminhar já me perdi/ De tanto que aprendi já não sei nada/ Ajuda a minha alma a descobrir o caminho certo que me leve a minha história (...)”, recitou seu Iveto. O mais interessante é que ele havia feito os versos um pouco antes de começar a entrevista.
Antes de chegar ao Amapá, posteriormente no Abrigo
A Estrela e o nosso Poeta são nascidos em outros estados. Dona Maria Estrela chegou ao Amapá devido a uma filha de criação, mas a vida aqui não foi como Estrela pensou que seria, pois quando aportou aqui, a filha de criação que não tinha um bom coração, não quis mais cuidar da Dona Maria (sendo que ela cuidou dessa filha como se fosse uma filha biológica), então Estrela foi abandonada literalmente por essa mulher que cuidou a vida toda. “Ela foi para Belém e me deixou aqui”, disse Estrela. Porém, ainda bem que existe pessoas de bom coração nesse nosso Amapá, afinal, de acordo com Estrela, ela conheceu umas professoras que lhe deram a maior ajuda para que  se recuperasse desse fato. “Eu agradeço muito a elas”, afirmou.
Como Dona Maria não queria dar trabalho às professoras, resolveu partir para outro lugar, e o Abrigo São José foi uma saída para que a mesma pudesse ter um encontro de novo com a felicidade. E por incrível que pareça, a felicidade e Estrela se reencontraram.
Com seu Iveto foi um pouquinho diferente. O nosso poeta era jogador de futebol do Ceará, chegando a jogar em vários clubes, os mais importantes foram Fortaleza e Ceará, depois foi transferido para o Clube do Remo (PA), mas encerrou sua carreira ainda cedo, pois teve uma contusão muito séria.
Mas Iveto tinha um espírito aventureiro, segundo o nosso poeta, ele conheceu o Brasil de “Cabo a Rabo”, do Oiapoque ao Chuí. “Como eu tinha muitos parentes em várias cidades e regiões do país, fez com que eu me encorajasse para trilhar novos caminhos nesse mundão”, lembra Iveto.
O nosso sobrevivente andou tanto que veio parar aqui no nosso estado. “Quando eu cheguei aqui não tinha para onde ir, então me indicaram o abrigo”, disse.
Uma coisa em comum entre os dois me chamou muito a atenção, era o sorriso no rosto, a felicidade deles, mas não era só deles. A reportagem deu um passeio pelo o pátio da Abrigo São José e percebeu a felicidade de muitos ali. Aquele lugar serve como uma espécie de descoberta de talentos, pois para passar o tempo, muitos descobrem novas habilidades, como foi o caso de Estrela e Poeta.




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