domingo, 23 de outubro de 2011

Mais além do que vemos no cinema
 Aline Colares
Recentemente, assisti a um filme que me permito compartilhar com vocês, meus leitores. Chama-se “Crash - No limite”, é um filme estadunidense, do gênero drama, dirigido por Paul Haggis. Em 2005, foi lançado internacionalmente e posteriormente indicado a muitas premiações.

Através de uma abordagem cinematográfica, este filme traz uma seqüência de imagens que possam buscar uma leitura da realidade. É apresentado um conjunto de histórias que à primeira instância parecem não ter relação alguma, mas com o desenvolver do filme, os personagens e suas histórias se cruzam e a partir daí extraímos lições às nossas vidas.
Em suma, o filme trata de preconceitos em vários segmentos e sobre tensões raciais e sociais em Los Angeles. Entretanto, se fôssemos abranger um pouco mais os temas retratados, nós observaríamos, por exemplo, o individualismo, a auto-suficiência, a complexidade do ser humano, migração, os estereótipos de mulçumanos e latinos e toda a violência gerada por essas relações após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Do período 11/09/2001 até a atualidade, o preconceito contra mulçumanos se intensificou, criando um clima de intolerância até mesmo entre as etnias, principalmente nos Estados Unidos. Hoje, o terrorismo já é diretamente relacionado a todo mulçumano, não dando a esse povo nenhuma oportunidade para mostrar quem ele é de fato e as riquezas que se escondem em uma nação, a qual historicamente é colocada como problemática. Portanto, o preconceito é um fato sempre muito atual e claramente abordado no filme, mostrando a rivalidade, falta de confiança e desprezo entre as muitas etnias refugiadas nos Estados Unidos.
Mediante esta realidade, fortalecidos com “o tal 11 de setembro”, acredito que dizer que todos os mulçumanos são fanáticos - infelizmente, como a mídia de forma preconceituosa e irresponsável costuma fazer -, não ajuda a resolver todos os problemas os quais, na maioria das vezes, partem do próprio preconceito. Assim como tudo nesta vida, “toda regra há exceções”, independente em qual âmbito for, social, político e/ou econômico.
Outro ponto mostrado em Crash é a migração. Através dos tempos a migração garantiu o desaparecimento de alguns povos e existência de outros. Os países capitalistas desenvolvidos parecem ter atraído muitos imigrantes, como por exemplo, Estados Unidos, um país que devido a sua hegemonia política e econômica, sempre foi alvo de muitos refugiados à procura de condições melhores de vida. Se a nossa sociedade fosse outra, a mistura de várias etnias seria um motivo para vermos, mesmo com as divergências culturais, que somos iguais, de carne e osso e criaturas de Deus.
Que bom seria se com toda essa miscigenação, a soberania do Senhor fosse vista. Entretanto, a sociedade a qual vivemos, infelizmente, não é assim. Culturas diferentes, e estando juntas, sem o amor primeiramente a Deus, não “funcionam”. Há disputas para ver quem é a melhor, quem é a mais certa e/ou justa.

 “Você pensa que conhece a si mesmo? Você não tem ideia”, esta é uma das reflexões trazidas no filme, a qual imediatamente me veio à mente um trecho do teólogo calvinista R. C. Sproul, o qual ele diz: “Tudo tem que começar com Jesus. Ele é o Salvador, é o Mediador, aquele que nos vincula com Deus Pai. Ele é a pedra angular da nossa fé. Quando atingirmos uma clara compreensão de quem Ele é, teremos um melhor entendimento de quem somos.”
Será que estamos, de fato, imunes a todo preconceito existente em nossa sociedade? Que direito temos em julgar atitudes de outros, se cometemos também os mesmos erros? Esta é a grande ironia dos nossos dias, pessoas que falam o que não sabem, ou então, que julgam terceiros, sendo que suas vidas não condizem com aquilo que os mesmos pregam. É muito fácil falar, o difícil é praticar. O difícil é olharmos para nós e concentrarmo-nos em nossos defeitos, e a partir disto, mudarmos.
Sabe quando você pede emprestado para ver algum brinquedo de uma criança, e esta rapidamente diz: “Não! É meu!”? Pois é. Mesmo na tenra idade, somos tão egoístas. Se não conseguimos reconhecer que sem Deus nós não somos nada, tendemos a ser individualistas, e isso na medida em que o tempo passa, só crescerá, caso esqueçamos que a nossa suficiência está em Cristo e somente n’Ele.
Poderia finalizar o meu texto de hoje no parágrafo anterior. Entretanto, diante do quadro pintado, senti o desejo de concluir com partes de um louvor que acho maravilhoso (um dos meus preferidos!), o qual reforça o que disse em vermos o poder e glória de Deus sob toda a diversidade de culturas existentes em nosso planeta. Diz assim: “De todas as tribos, povos e raças/ Muitos virão de louvar/ De tantas culturas, línguas e nações/ No tempo e no espaço, virão Te adorar/ Bendito seja sempre o Cordeiro/ Filho de Deus, raiz de Davi/ Bendito seja o Teu santo nome/ Cristo Jesus presente aqui [...]”. Que assim seja!

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