Dizem que do bumbum de bebê e da cabeça de juiz (de futebol, que eu não sou besta), pode-se esperar tudo. E da cabeça de político? Nada! É... Que me desculpem os bens intencionados e preocupados com o coletivo, pois eles são esmagadora minoria e, como na ciência, exceção não é regra; vamos nivelar por baixo.
No sistema de governo que vivemos os políticos são imprescindíveis e ouvimos a todo instante que quem não gosta de política é governado por quem gosta. Discordo. Eu gosto, mas não me sinto estimulado a ser candidato. Aliás, não dá pra todo mundo ser médico, precisamos do advogado, do mecânico, da enfermeira, do dentista, se é que me entendem.
Mas vamos ao ponto que me interessa neste bate papo com os leitores. Assistindo a TV Senado, vi e ouvi um pronunciamento do senador Benedito de Lira (PP-AL) que me deixou muito interessado por me identificar com seus argumentos. Na realidade era um apelo. Pedia o alagoano que os senadores do Norte e Nordeste se unissem em torno das causas das duas regiões, as quais, afirma, com dados nas mãos, que eram vítimas do descaso do governo federal.
Benedito de Lira solicitava apoio para o projeto de lei que propõe modificação nos critérios de aplicação dos recursos públicos administrados pela Caixa Econômica Federal. Ele idealiza em seu projeto de lei que o percentual a ser aplicado do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e de outros fundos federais para os estados de atuação da Sudene, Sudam e Sudeco sejam de 45%, seguindo os parâmetros da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR).
Sustenta o alagoano que nas estatísticas da reformulação do plano de contratação da Caixa para projetos de habitação este prejudicou as regiões mais pobres em 2011. O Norte e o Nordeste tiveram subtraído, respectivamente, 50% e 15% dos valores originários orçados. Em termos quantitativos, para nós a perda foi superior a 750 milhões de reais e o Nordeste perdeu 650 milhões. Em contrapartida, os recursos para a região Sul foram acrescidos em 126% e para o Sudeste 24%.
Da mesma forma os senadores amapaenses Randolfe Rodrigues (Psol) e João Capiberibe (PSB) foram à tribuna alertar seus pares para a urgência da solução do Fundo de Participação dos Estados (FPE), que no Amapá representa, segundo o economista Charles Chelala, 55% da receita do Estado. Sem esse repasse, já considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, o Amapá pára.
Sem me ater muito aos detalhes técnicos do assunto FPE, que deverão ser abordados nas reportagens que este periódico fará sobre o tema, volto ao título do artigo. O que passa na cabeça dos políticos? Não creio que matérias como as levantadas pelos senadores citados acima passem despercebidos das respectivas bancadas. Não há como o Brasil andar sem as três regiões, que se unidas possuem maioria na Câmara, cerca de 50,8% das cadeiras e no Senado esse percentual sobe consideravelmente para 70,3%. Embora a maioria da população brasileira se concentre no Sul e Sudeste (57,90%), equilibramos na representação no Congresso e só assim podemos falar de equilíbrio nesse país marcado pelo desequilíbrio. Agora, se a maioria dos representantes está em Brasília a passeio, negociando com os Carlinhos Cachoeira da vida e pegando os mensalões e mensalinhos do governo federal para votar projetos de interesse das regiões mais ricas em detrimento daquelas sociedades que eles representam, nós, os nordestinos, e a turma do Centro-Oeste estamos... no mato sem cachorro. Mas minha intenção era escrever outra coisa e quem me conhece sabe o que eu queria escrever.
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