Yehoshua (em hebraico) ou Jesus Cristo, o filho de Deus, sempre usou as parábolas como métodos eficazes em suas pregações peripatéticas. Ele sempre as usava para ensinar o homem à forma correta de conduzir-se na vida. Dentre as muitas parábolas de Jeová, uma referia-se ao "Servo Impiedoso". Devedor e sem poder pagar sua dívida, recebe o perdão de seu senhor e ao encontrar um conservo que lhe devia, exigiu o pagamento e o conservo, sem condições de quitar a dívida, o mandou para a prisão e de lá só sairia depois de pagar o que devia. Rápido esqueceu o servo, a gratidão que recebeu do seu senhor, mas recebeu a lição. Disse-lhe o senhor: (Mateus 18:33) “não devias tu, igualmente compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?” (Mateus 18:34). “E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida”.
Usando a parábola do "servo impiedoso", podemos dizer então que a união é o servo e, o Amapá, o conservo, pois a situação da dívida da Companhia de Eletricidade do Amapá - CEA é a dívida do conservo que não pode pagar, mas a União não lhe perdoa e se mantém irredutível na posição de só abrir o processo de federalização mediante o pagamento da dívida que chega a casa de R$ 2,5 milhões.
A União está esquecendo a sua dívida para com o povo amapaense. Já não é de hoje que o Amapá dá, através de suas riquezas minerais e florestais, muitas divisas a Balança Comercial do País e pouco ou quase nada receber em troca.
E vamos além senhores: o Parque Montanhas do Tumucumaque, criado no final do governo FHC através de um decreto, sem consulta popular, engessou 3.867.000 hec de terras amapaenses e paraenses. No decreto presidencial, em seu artigo primeiro, fica claro que o Parque foi criado para assegurar a preservação dos recursos naturais e diversidade biológica, bem como proporcionar a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação, recreação e turismo ecológico. A promessa era de um investimento imediato de R$ 300 milhões de reais. Alguém pode dizer se algumas dessas condições foram cumpridas e quais os dividendos sociais e econômicos que o Parque trouxe para o Amapá, que perdeu parte do seu território sem poder explorar em favor de sua economia as riquezas minerais e florestais existentes na área do Parque?
Na realidade, o Amapá, uma Unidade da Federação Brasileira com uma área territorial de 142.815,8 km² e com uma população de 668.689 habitantes com a esmagadora maioria morando na área urbana (600.561) possui um imenso vazio demográfico, pois nada é investido no interior do Amapá, que segundo dados do geólogo Antônio da Justa Feijão, possui 58% de todo seu território comprometido com áreas indígenas, parques e reservas biológicas e estações ecológicas. Não obstante, o Parque Montanhas do Tumucumaque possui uma área de entorno de 1 milhão de hectares. Aproximou-se, o sinal vermelho acende, portanto, ninguém penetra no Parque que deveria, pelo Decreto, ser administrado com os municípios abrangidos e pelo Estado do Amapá.
Quanto valeu para a União os quase 50 anos de exploração de Manganês (?) da Icomi - Indústria e Comércio de Minérios S/A? Quanto custou para a União a integração da Hidroelétrica Coaracy Nunes, construída no período do Território e com autonomia completa do Amapá sobre a mesma, inclusive a principal credora da CEA saiu da Costela da Hidroelétrica Coaracy Nunes?
A União é o "Servo Impiedoso", pois não perdoa dívida e também não paga o que deve. Mas isso é com o Amapá, cujo colégio eleitoral pouco representa para eleição de um presidente da República, pois a história brasileira está recheada de calotes, perdões e inserções de recursos salvadores de massas falidas. Vide o caso aqui mais antigo o da Coroa Brastel, que recebeu um empréstimo da União em valores da época (1985) da ordem de Cr$ 2,5 bilhões sob a batuta dos ex-ministros Delfim Neto e Ernane Gouveia. O dinheiro que seria para expandir o plano de atuação do Banco, serviu, na realidade, para pagar dívida junto aos Bancos do Brasil e Banespa (São Paulo/Delfim Neto), dá pra entender?
Outro aceno feito com chapéu alheio foi o perdão da dívida dos usineiros de Pernambuco. O Banco do Brasil perdoou uma dívida superior a R$ 1 bilhão. Segundo o jornal Folha de São Paulo, o benefício foi garantido em repactuação de débito fechados no governo do presidente Lula.
E para finalizar este festival de benesses com o dinheiro da sociedade brasileira tem a farra do Proer-Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional. Foram contemplados pelo plano de intervenção federal: Econômico (BA), Mercantil (PE) Comercial (SP), Nacional e Bamerindus, entre outros.
O governo, sem autorização do Senado, adquiria empréstimos de instituições em boa situação financeira e emprestava sem garantias de retorno. Depois, o Tesouro Nacional ressarcia os bancos credores com o próprio dinheiro público. E assim, o saldo devedor era acrescido à dívida do governo.
Os arquitetos dessa grande falcatrua foram os ministros da Fazenda, Pedro Malan; do Planejamento, José Serra; e o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola. O Proer foi um verdadeiro "prêmio à corrupção".
O governo FHC "investiu" pesado nos bancos. Entre 1995 e 2000, destinou cerca de 112 bilhões ao sistema financeiro. Hoje, isso representa mais de 20% dos investimentos iniciais do PAC. A dívida dos bancos foi sociabilizada. E quem pagou por ela foi o povo brasileiro.
E nós, presidente do Senado, José Sarney? Precisamos mesmo estar com o chapéu nas mãos implorando por uma gota de compreensão da madrasta União, que ignora o Amapá e nos coloca na condição de maus pagadores? Chega de tanta sabotagem com o povo amapaense. Levante a voz, presidente, e se imponha, junto com o governador que tem se esforçado para minimizar esta questão, deputados federais e estaduais e senadores, lógico os prefeitos que tanto precisam da energia da CEA para dar o mínimo de conforto aos que teimam em morar na zona rural.
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