Lixo: Um grande desafio e uma questão de saúde pública

por Iranilde Lobato

 

A palavra lixo no dicionário é definida como sujeira, imundice, coisas inúteis, velhas, sem valor. E, na linguagem técnica, é sinônimo de resíduos sólidos representados por materiais descartados pelas atividades humanas. Mas a grande quantidade de lixo se tornou um problema mundial. A população não pode mais ignorar ou rejeitar os entulhos como se isso fosse natural, sem se dar conta que precisa tratá-lo com mais cuidado, evitando a poluição e contaminação do ambiente.

Os entulhos comprometem quarteirões inteiros, paradas de ônibus, e passeios públicos. Estão sem controle sanitário ou ambiental, e causam problemas de saúde como dengue, diarréias infecciosas, amebas e malária. O lixo atrai também ratos, moscas, baratas e urubus. Assim como bactérias, fungos e vírus que são prejudiciais ao homem. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 5,2 milhões de pessoas, entre elas quatro milhões de crianças menores de cinco anos, morrem a cada ano devido a enfermidades com os resíduos sólidos.

Em Macapá, a cidade se transformou numa grande lixeira a céu aberto, encontra-se entulho em todo lugar, que cresce em quantidade e variedade. Sobre esse problema, o Secretário de Manutenção Urbanística (SEMUR), José Maria Mont'Alverne, informou que "a cidade está assim por uma deficiência na coleta do lixo. Estamos numa briga com a empresa que coleta o lixo em Macapá, que estão com muita dificuldade de cumprir o contrato, por problemas operacionais alheios ao município. Já multamos a empresa e caso esse problema persista, não iremos reincidir o contrato, apesar de não ser tão simples conseguir encontrar uma empresa que faça coleta de resíduos".

Mobilização de equipamentos

A prefeitura de Macapá já usou 50% do tempo de seu plano emergencial, mas ainda se encontra com dificuldades para contratar equipamentos. "Ainda não conseguimos recursos e equipamentos para fazer uma grande ação de limpeza. Temos o planejamento pronto, mas estamos dependendo do poder operacional para ter a caçamba truncada, toco, pá carregadeira e retro escavadeira. Se este material estivesse disponível, a cidade estaria bem diferente, no sentido de limpeza".

Mont'Alverne destacou que as máquinas que estão fazendo a limpeza dos canais são empestadas da Secretaria Municipal de Obras (SEMOB), que conseguiu alguns equipamentos através de contrato .

Educação Ambiental

De acordo com o Secretário José Maria, a população também é culpada por jogar detritos domésticos e entulhos diariamente na frente de suas casas. Para conscientizar a população, as ações educativas são primordiais nesse processo de mudanças. "Estamos tentando resolver esse problema. Vamos realizar uma Educação Ambiental, iremos para as ruas com a nossa equipe, principalmente nas áreas que estão às margens dos canais. Vamos tentar sensibilizar a comunidade para que ela não jogue o lixo no canal e fiscalize", ressaltou. 

Prefeitura de Macapá realizando a limpeza
e desobstrução dos canais da cidade

Devido a Lei Municipal que proíbe jogar lixo na rua, o cidadão é notificado, e autuado caso não cumpra a determinação. Entretanto, para o Secretário, "é um a guerra desproporcional. Temos 10 ou 15 fiscais para uma população de 500 mil pessoas, então o cidadão tem que colaborar e fazer a parte dele". A Prefeitura ainda não tem um disque denúncia, porém o secretário Mont'Alverne afirmou que existe a intenção de colocar uma linha telefônica na SEMUR para o cidadão ligar e ser enviada uma equipe de fiscalização até o local. 

A partir de segunda feira (25), a SEMUR deverá entrar no Bairro do Perpétuo Socorro, com uma equipe de 25 educadores ambientais para fazer a orientação à população em relação aos cuidados com o lixo. "Quando tivermos equipamentos pra fazer a limpeza nos bairros, a equipe entra orientando que a pessoa tem que manter o local limpo tem que colaborar, tem pessoas que não tem cuidado com a frente de sua casa, seu quintal é o mínimo, higiene e educação. Fazer limpeza não é barato, o município gasta muito com isso, se a população não colaborar, o município jamais vai conseguir vencer essa guerra".

Coleta Seletiva 

Lixeira de Santana ainda é a céu aberto

Por não realizar a coleta seletiva, despeja-se na lixeira pública a céu aberto todo tipo de resíduo sem o tratamento adequado, sendo estes: resíduos domiciliares, resíduos hospitalares, resíduos do matadouro, podas de árvores, resíduos da construção civil, entre outros. Constatou-se também que em decorrência de não haver coleta seletiva no município, a maior parte dos resíduos gerados oriunda dos lares dos munícipes são, em maior parte, composto por resíduos orgânicos, acondicionados em sacos plásticos e depositados em horário específico estabelecido pela SEMUR e devem ser dispostos em local apropriado para a coleta diária realizada por parte da empresa responsável pela coleta de resíduos na cidade.

Verifica-se que estes resíduos não estão tendo nenhum tipo de tratamento adequado antes de serem despejados na lixeira, quanto à segregação de materiais considerados como rejeitos daqueles materiais que poderiam ser comercializados, os chamados materiais recicláveis. Essa política traria aos "carapirá" uma nova fonte de renda, segura e higiênica, tirando-os do submundo da sobrevivência.