Da Reportagem
A força das águas do Rio Amazonas dificulta a vida de
comunidades ribeirinhas em qualquer localidade amazônica. O fenômeno chamado de
‘terras caídas’ destrói as margens do rio e leva tudo o que encontra pela
frente, inclusive as casas e plantações. Porém, na capital amapaense o fenômeno
atinge moradores da Zona Urbana da cidade. O Bairro Aturiá que desde 2000,
começou a urbanização da Orla de Macapá que chegou até o Araxá. Muitos que
residiam no entorna foram fixando residência neste local e não foram observados
alguns critérios de ocupação do espaço geográfico, no que diz respeito à
segurança contra a erosão natural naquela área.
Em 2008, iniciou uma obra resultante da parceria dos governos
estadual e municipal da época, quando essas áreas começaram a ruir devido à
força da maré do rio Amazonas. Tratava-se de um trapiche para lazer e
comemorações de programações como “Macapá Verão”. Desde a época o rio vem
adentrando gradativamente o bairro e derrubando várias edificações, sejam
palafitas ou não.
Na sequência foram atingidos os bares e quiosques que
atendiam o comércio local, em seguida as edificações residenciais também foram
acometidas. No decorrer de todo esse tempo a Defesa Civil tem feito diversos
mapeamentos naquela área de precipitação, e os cadastramentos de todas as
pessoas que se encontram ou que viriam a se encontrar em situação de risco.
Ainda, emitiu vários pareceres técnicos individualizados a cada situação, no
sentido de subsidiar as famílias vitimadas.
Existe um projeto de ser construir um muro de arrimo para
contenção da erosão e valorização da orla da cidade. Porém, enquanto o mesmo
não chega, as ocorrências de casas caindo pela erosão continuam, principalmente
quando as marés estão mais altas ou os ventos estão mais fortes.
Este ano com inicio do período invernoso o local mais uma vez
sofreu com a força do Rio Mar e mais famílias desalojadas, tudo do mesmo jeito
de 12 anos atrás. E o pior ainda está por vir, são as águas de março que estão
chegando com mais volume e força. Este é o medo dos moradores que resistem em deixar
o local por desconfiança das promessas do poder público e a maioria por não ter
aonde ir.
É quanto os órgãos públicos se mobilizam no sentido de
socorrer os moradores daquela localidade. Este ano a diarista Maria Nilza de Oliveira,
foi uma das atingidas pelo sinistro das águas. A sua família é composta por 11
pessoas e ela prefere ser indenizada.
“Vivemos num sufoco, quando a água cresce derruba tudo, o meu marido vai
ajeitando. Eu quero indenização, não quero apartamento, eu já disse isso quando
vieram fazer os primeiros cadastros, os apartamentos, são muito pequenos pra
quem tem família grande. Eu estou há dez anos nessa situação. A minha casa era
de alvenaria e ficava lá na frente e ainda tinha oito casas na frente da minha,
e estamos todo esse tempo vivendo de promessa, entra governo sai governo, entra
prefeito sai prefeito e a gente aqui nessa promessa, o pessoal, saiu passa uma
semana na casa de um, outra semana na casa de outro, ninguém aceita”, reclama
revoltada a diarista.
A reportagem esteve na E. E. Raimunda Virgolina onde estão
abrigadas diversas famílias que foram desalojadas pelo desmoronamento de suas
residências, conversando com a dona Marilene de Souza Pantoja que explicou que
o seu maior problema e o repasse do dinheiro do aluguel social, pois ela já
consegui uma casa no valor de R$ 350 fixado pela equipe da SIMA e até agora
nada foi feito. “A secretaria e primeira dama Claudia Capiberibe esteve aqui e
nos informou que deveríamos abri uma conta na Caixa Econômica e que terça-feira
(12) seria depositada o aluguel social e até hoje (21) nada recebemos. Fizemos
tudo o que eles determinaram e estou agoniada, pois há 18 dias e o proprietário
não quer esperar. E os meus filhos estudam neste bairro, se eu perder essa casa vai ser
difícil conseguir outra, aqui no bairro não tem. Eu perdi tudo não tenho nada.
A SIMS
A Coordenadora de Proteção Social da Secretaria de Inclusão e
Mobilização Social (SIMS), Maria do Socorro Borges Correa de Almeida informou
quais as providencia tomadas pela secretaria quanto aos desabrigados do Aturiá.
Ela informou que a responsabilidade é do município, porém, a SIMS assumiu a
responsabilidade e está pagando o Aluguel Social desses pessoas. “Desde o dia
27 de fevereiro estamos atendendo 23 famílias que foram desalojadas de suas
casas. No inicio foram dez famílias que ficaram abrigadas na escola, já
procuraram casas de parentes e hoje ainda tem 8 famílias. Estamos providenciando
o aluguel social, pra elas”.
O Aluguel Social é um benefício pago pelo Estado no valor de
R$ 350, que é disponibilizado diretamente às vítimas. Desde o ano passado o
governo negocia a retirada de todas as famílias que habitam o local para a
construção do muro de arrimo. Uma parte delas irá receber imóveis do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC) Habitação e a outra parte optou por
indenização.
A Coordenadora informou também que o valor fixado para o
Aluguel está em estudo. “Estamos fazendo um estudo de mercado para que possa
alterar esse valor, que não esta compatível com uma casa, as famílias são
numerosas, e reconhecemos que um kit net realmente não comporta. Porém queremos
destacar que esse aluguel social é para atender risco eminente, desabrigamento e
temos de ter o Laudo da Defesa Civil, e uma conta poupança que os beneficiados
abrem nas casas lotéricas e no banco popular, quando passam a receber os
valores fixados”.
Com referencia ao residencial que está sendo construído
exclusivamente para receber esses moradores do Aturiá, a previsão para entrega
é em 2014. “Esse residencial esta destinado principalmente pra área do Aturiá,
são famílias que vão ser remanejadas de área de risco, de ressaca pra ir pra
lá”, explica Socorro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário