Semana passada, nos dias 18 a 22 de março, aconteceu na Universidade Federal do Amapá o III Encontro Amapaense de Estudantes de Letras (EAPEL) com o tema "A (re)construção da educação: Reflexão, Ação e Mudança Social". Neste encontro, houve o I Seminário de Libras da UNIFAP e o I Seminário de Literatura Amapaense.
Dentre as muitas discussões, oficinas e mini-cursos, o interesse em querer ajudar na inserção dos surdos no ambiente universitário foi explícito e bastante aproveitado no Seminário, e não somente quanto à ingressão do jovem surdo na Universidade, mas também ao incentivo àquele professor graduado - surdo -, a especializar-se e, depois, poder assim retornar à sala de aula a fim de ensinar outros com as mesmas dificuldades, estes os quais, muitas vezes, desistem da carreira universitária por não terem o suporte necessário no ensino. O fato de ter acontecido o I Seminário de Libras já é algo a comemorar-se, pois no que diz respeito à surdez há tantas lacunas a serem preenchidas na sociedade, muitos mitos, pouca prática.
Ok, explanei, em um tímido resumo, o que foi tratado no EAPEL, tudo isso em âmbito profissional, certo? Mas sabe, leitores, confesso que não há muito tempo... Para ser mais precisa, a partir de 2011, que meus olhos começaram a olhar com mais apreço aos surdos, não porque eu os desprezava (não, claro que não!), mas simplesmente porque conheci mais a fundo sobre eles, suas dificuldades e percebi do quanto eles precisam de ajuda, do quanto precisam ouvir a Palavra de Deus! Isso, ouvir.
No Brasil, quando falamos de povos não-alcançados, normalmente nos referimos aos indígenas. Porém, há entre nós alguns povos que raramente "ouvem" o evangelho, estes são os surdos. Presentes em cada município do Brasil, eles, segundo o último censo do IBGE, cerca de 6 milhões de pessoas. Segundo a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS), desse total, 40% utiliza a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua (ou língua materna).
Conforme essa realidade singular é percebida, a igreja precisa ter posicionamentos estratégicos para "ouvir" seu clamor por esperança. Não basta apenas saber conversar com eles; mais do que tudo, é necessário também comunicar-lhes, de forma criativa e relevante, a mensagem transformadora do evangelho.
Ao pensarmos a igreja e a missão, precisamos rever nossos paradigmas. E mesmo que os surdos sejam um desafio transculturalmente expressivo, não podemos esquecer os outros "povos com deficiência": cadeirantes, cegos, surdo-cegos, autistas.
Será que todos ouvem nossas músicas? Leem nossas Bíblias? Temos sido uma igreja de todos e para todos?
Possuo um imenso desejo em meu coração em aprender mais a Língua dos Sinais (LIBRAS) a fim de contribuir com o reino de Deus! E é um desafio para todos nós, para o corpo de Cristo. Os surdos precisam, sim, de mais atenção em âmbito profissional, mas, principalmente, espiritual. Amar os diferentes aqui e amar os de longe é igualmente importante. Que o Senhor nos aperfeiçoe, discipulando-nos até que todos nós cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus e à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13). Uma boa semana, leitores!
Aline,
ResponderExcluirSó para complementar as informações que você menciona. A "JW.org" possui material evangelístico em língua de sinais. São materiais bastante interessantes.
sempre bom ler você,
grande abraço,
Uisllei Costa