É surpreendente o papel que as redes sociais têm desempenhado em diversos tipos de mobilização nos dias de hoje – políticas, universitárias, até alimentícias... Nesse sentido, muito ajuda o fato de, na maioria das vezes, ser necessário apenas um clique para fazer parte do motim, ou seja, basta compartilhar uma imagem ou curtir um link e pronto, está integrado ao regimento. Inegável, contudo, a força que tais pequenos atos assumem, bem como os desdobramentos que essas revoluções cibernéticas podem atingir. E os revolucionários conseguem, muitas vezes, fazer considerável barulho, extrapolar os limites dos computadores, atingir outros veículos de comunicação e chegar até os ouvidos das autoridades e empresas envolvidas nas queixas dos revoltosos.
O
caso mais recente de mobilização nas redes sociais veio com o ato de boicote
contra a marca de sucos AdeS - sob responsabilidade da Unilever Brasil.
Descobriu-se que um grande lote de suco de maçã foi comercializado
irregularmente, impróprio para consumo por conter substância química, um
produto de limpeza, que causaria queimaduras ao ser ingerido.
A notícia tomou corpo na internet,
piadas choveram, e consumidores começaram a relatar mais e mais casos de
produtos impróprios para consumo da mesma marca. O lote de sucos de maçã com
soja de 1 litro, alvo do primeiro alerta da própria empresa, foi retirado dos
postos de venda nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, e
Paraná, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou ainda
a suspensão da fabricação, distribuição, comercialização e consumo, em todo o
território nacional, de diversos outros produtos da marca AdeS.
Parece
que, tendo comido a maçã envenenada, Branca de Neve agora se vinga
definitivamente, graças ao ato de boicote dos internautas contra o suco de maçã
envenenado que a Unilever comercializou. A marca AdeS tem sido alvo de
denúncias cada vez mas frequentes, e conseguir remissão nas redes sociais é
muito difícil, parece que a empresa estará "suja" com os consumidores
por um bom tempo.
Cansamos de ver casos na internet em
que um consumidor relatava seu drama, ao publicar e compartilhar fotos dos
“tesouros” encontrados no interior das embalagens de sucos com soja da AdeS:
folhas, pequenos galhos (nascidos lá dentro, será?), fungos, organismos
semi-vivos, objetos não identificados... Em todas essas reclamações, era comum
depararmo-nos com histórias muito semelhantes: os consumidores relatavam ter
sentido um gosto estranho ao tomar o suco em questão e, no abrir da caixa, lá
estava a surpresinha da AdeS.
Por diversas vezes, tudo o que a
empresa fazia era possibilitar ao cliente a troca do produto estragado por
outro, em melhor estado, ou então ter seu dinheiro de volta. Parece justo.
Entretanto, quando os casos começam a se proliferar, e os sucos de fruta com
soja se transformam em um pequeno universo de biodiversidade dentro da
caixinha, com fauna, flora e tudo o mais, já está mais do que na hora de os
consumidores lesados – todos nós já fomos ou seremos – terem suas almas
lavadas. Desta vez, foi preciso que alguém por aí sofresse com o suco da maçã
envenenado, tendo provavelmente o estômago e a boca queimados... Mas pelo menos
agora podemos ter esperanças de que as empresas de sucos estejam mais atentas a
seus “gominhos e funguinhos”, e, de quebra, ainda teremos assunto nas redes
sociais pelos próximos cinco ou seis dias.
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