DENÚNCIA
Termina a balada fica a sujeira
Reinaldo Coelho
Da Reportagem
Balada boa, rua suja. O que era percepção geral do morador de ruas
lotadas de bares e boates agora está comprovado. Um único dia de balada pode
juntar dez vezes o volume de lixo de um dia útil.
O que acontece após as "baladas", as festas que agitam os
jovens e tiram o sono dos mais velhos é que elas continuam fora das boates e
prosseguem em frente ou no entorno das Lojas de Conveniências. Se em local
fechado já é difícil controlar, imagine nas festas a céu aberto e em locais
impróprios para sua realização. Você vai ver como bairros residenciais se
transformam numa terra de ninguém durante essas baladas. Bêbados espalhados
pelas ruas, sujeira, brigas e muita confusão.
O que os pais podem fazer? Como controlar o comportamento do filho no
meio de uma festa que reúne milhares de pessoas? E que continuam nas ruas e
avenidas. Nossa reportagem recebeu a denúncia de que na Avenida Padre Júlio
Maria Lombaerd, entre as Ruas Manoel Eudóxio Pereira e Professor Tostes, existe
uma Loja de Conveniência que vende até as seis da manhã bebida alcoólica, gelo
e outros produtos para os jovens que saem das baladas que existem no entorno,
que são mais ou menos umas quatro.
De acordo com as informações de vizinhos e comerciantes que ali residem e
possuem comércios, caso de uma loja Pet, uma farmácia e uma funerária, o
resultado é desastroso. “Os proprietários da Loja de Conveniência, cumprem a
lei, vendem seus produtos, e não deixam eles serem consumidos no local, mas os
jovens permanecem em seus carros bebendo e fazendo das calçadas banheiro; ao
amanhecer é só catinga de urina e vômitos, além de deixarem nos locais
garrafas, copos e muitas vezes quebram as garrafas de bebida, causando
acidentes com eles mesmos. Isso vem acontecendo há mais de dois meses desde que
a loja foi inaugurada e nada até hoje
foi feito pelos órgãos de segurança”, narra um dos proprietários de um ponto
comercial que não quis ser identificado.
"O principal é copo, bituca de cigarro, guardanapo de papel, maço de
cigarros e garrafa long neck. Tem
pouco alumínio, porque os catadores recolhem as latinhas", por conta
disso, moradores do lugar têm que amanhecer lavando as calçadas, para receber
seus clientes e se reúnem para fazer uma junção dos problemas e buscar soluções
junto ao poder público.
A aglomeração no local já atraiu vendedores ambulantes de bebidas
alcoólicas e que se concentram no local. Um deles falou à reportagem que ali
ele completa a renda da noite na Orla de Macapá. Mas há possibilidade de atrair
ladrões e traficantes, que aproveita para se "esconder" na multidão,
assustando os moradores e frequentadores que reclamam da sensação de
insegurança no bairro.
Além dos problemas sanitários, os moradores fazem relatos de problemas
que incomodam somente quem mora no bairro: barulho excessivo de casas noturnas
e excesso de mesas e cadeiras na calçada, o que prejudica a passagem de
pedestres e o lixo que sobra da “farra”.
A situação que ainda está em seu início, deve levar as autoridades de
segurança a se anteciparem e “cortar o mal pela raiz”. A fiscalização nos bares
e boates que vem acontecendo, orquestrada pela Polícia Militar com a participação de diversos órgãos estaduais e municipais, como a
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Semduh) e a
Companhia de Trânsito de Macapá (CTMac) tiveram atuação mais efetiva e
expediram notificações, interdições e remoções. Participaram também da operação,
o Juizado da Infância e Juventude, Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal. Porém
eles devem estender essa ação para a madrugada, quando os jovens macapaenses se
agrupam e festejam o fim da noite com o início do dia, já embriagada e entre
eles tem muitos menores.
E como a reportagem observou entre os lixos nas valas e calçamentos,
assim como na calçada da CEA, existiam camisinhas utilizadas, ou seja, a prática
sexual está acontecendo a céu aberto.
Fiscalização
Lojas de conveniência estão no alvo de fiscalização de vários órgãos
públicos. A ação foi motivada por queixas da população, principalmente da
vizinhança destes estabelecimentos que reclamam da poluição sonora. O barulho é
produzido na maioria dos casos pelos carros de frequentadores destes locais que
usam o volume fora do normal. A ação é uma iniciativa do Ministério Público
Estadual em parceria com as Polícias Militar e Civil, Guarda Municipal,
Companhia de Trânsito e Transporte de Macapá (Ctmac), Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Semduh) e Prefeitura de Macapá.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Semduh)
vai intensificar a fiscalização de documentos como alvará de construção e
habite-se, e evitar a obstrução do passeio público. Para o secretário da
Semduh, Éden Paulo, um dos principais problemas destes estabelecimentos é a
desvirtuação do alvará de funcionamento. “Há situações em que o empreendedor
tem o alvará administrativo para funcionar como loja de conveniência e o
utiliza para outra destinação, o que é irregular”, destacou.
Éden Paulo explica que as lojas de conveniência devem conter uma placa de
aviso sobre a proibição de permanência de carros com equipamentos de som que
provoquem ruídos excessivos como prevê a lei municipal 027/2004. Os
estabelecimentos notificados devem procurar os órgãos competentes para se
regularizar e prestar informações sobre as providências e medidas que serão
tomadas.
Segundo o Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Amapá,
Marcelo Moreira, as reclamações de poluição sonora nestes estabelecimentos
geraram a ação. “Além da atuação individual de cada órgão, vamos ter uma ação
conjunta e sincronizada”, destacou. As ações deverão acontecer principalmente
nos fins de semana, onde as ocorrências de poluição sonora são mais frequentes.
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