De frente com o câncer
Alisamento de cabelo:
frequência do uso de formol é proporcional ao risco de câncer.
O
efeito liso do cabelo virou moda nos quatro cantos do Brasil, mas o que muitas
mulheres não sabem é que o formol — substância usada na escova progressiva para
alisar os fios — é cancerígeno e proibido no País para alisar os fios.
De acordo com a dermatologista Maria Natalia D’Fraia, do ambulatório de cabelo
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o reagente químico altera o
DNA.
O
formol é um produto químico forte o suficiente para alternar o DNA celular e
causar câncer. O risco da doença é proporcional a frequência com que a pessoa
entra em contato com o produto. Isso significa que quanto mais vezes o formol
for utilizado, maiores são as chances do tumor.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o formol está relacionado ao
aparecimento de tumores na região das vias aéreas, como nariz, boca, faringe,
laringe e traqueia. Neste caso, o aparecimento da doença não é imediato, mas
pode surgir após anos de uso do produto.
Para
as mulheres que dizem fazer a progressiva com “pouco formol”, a dermatologista
alerta que "se o cabelo alisou, com certeza tem mais formol do que a
Anvisa permite".
A
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permite apenas 0,2% de formol
em produtos de beleza, mas não para fim de alisamento.
Esta dose de formol é apenas para conservar o
produto e evitar bactérias.
Além
do câncer, o formol causa diversas reações alérgicas e doenças dermatológicas,
como dermatite. Por isso, é importante procurar o médico caso ocorra qualquer
alteração no coro cabeludo.
Não
dá para tratar as reações da progressiva com "fórmulas" que as
pessoas ouvem pelas ruas. É preciso buscar um dermatologista para ele avaliar o
caso e fazer o tratamento de acordo com a reação do produto químico.
Para saber a quantidade aproximada de formol do produto que o cabeleireiro
oferece, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) disponibiliza uma tabela que
relaciona alguns sintomas com a concentração da substância cancerígena.
A partir de 0,8 ppm*, já é possível sentir as consequências do formol.
O risco do formol para a saúde não se restringe apenas a quem alisa o cabelo,
mas agride também o profissional que trabalha com o produto.
De acordo com o dermatologista Adriano Almeida, diretor da SBC (Sociedade
Brasileira do Cabelo), a inalação do formol aquecido é o vilão do procedimento.
O profissional aspira a fumaça do formol muito mais do que o cliente no
alisamento, podendo desencadear asma, bronquite e até câncer.
O dermatologista da SBC alerta que a máscara cirúrgica não impede com o
formol.
A máscara é inútil. Seria preciso uma super máscara para evitar o contato da
química com o organismo. Para preservar a saúde e afastar
o risco de câncer, os dermatologistas são enfáticos: mulheres que querem ter o
cabelo liso devem buscar alternativas de alisamento sem o
formol.
A mensagem também deve ficar clara para o cabeleireiro que, muitas vezes,
insiste para a realização da escova progressiva "fraquinha".
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