Produção
Industrial de Pescado no Amapá
Órgãos
se unem para combatera exportação clandestina
Reinaldo
Coelho
Da Reportagem
Da Reportagem
O
Estado do Amapá tem uma das maiores costa pesqueiro do Brasil, é de
conhecimento público que a exploração pesqueira é realizada na sua maioria por
grandes embarcações paraenses ou de empresas internacionais. O pescador
amapaense realiza pescaria artesanal pela falta de investimentos oficiais nesse
segmento. Os maiores produtores de pescado, em nível industrial, são os
municípios de: Amapá, Calçoene e Oiapoque.
Órgãos públicos estadual e federal se reúnem para o combate a clandestinidade |
Porém,
a sonegação fiscal tem sido uma das justificativas para a comercialização,
interna e externa clandestina por pescadores e indústrias aqui instaladas. No
Amapá,o pescado é de água doce e comercializado predominantemente ‘in natura’,
fresco, eviscerado e muito pouco na forma de filé ou industrializado. Entretanto,
as perspectivas atuais apontam para um aumento na comercialização de pescados ‘in
natura’, na forma de filé resfriado ou congelado, e do aumento no consumo de
produtos industrializados, já que o consumidor dispõe de pouco tempo para o
preparo de suas refeições.
Superintendente Petrus Ramos e o medico veterinário Dórcelio Paiva |
Contudo,
os órgãos fiscalizadores vêm detectando nas suas duas formas:‘in natura’ e
industrializados, estão comercializando dentro do Estado e exportando
clandestinamente, ou seja, não estão cumprindo a determinação legal com referência
as normas sanitárias e fiscais. Para combater essa ilegalidade de comércio está
sendo montado um plano de ação, com a participação de todos os órgãos
envolvidos nesse segmento.
Na
sede da Superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
no Amapá, aconteceu a terceira reunião com as intuições oficiais para formatar
um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), para combater a saída clandestina do
pescado amapaense interno, e para outras unidades da federação, sem cumprir os
trâmites legais, ou seja, sem o recolhimento de impostos e de fiscalização
sanitária. Alguns pescadores e empresas apresentam uma parte de sua produção para
ser (sifada*), outras entregam diretamente ao mercado consumidor ou
restaurantes, sem passar pela fiscalização e vigilância sanitária.
De
acordo com o superintendente local, Petrus Ramos, o encontro dos diversos órgãos
envolvidos no segmento da fiscalização e controle do pescado local,ou seja,
todos que cercam esta cadeia alimentícia, como: Ministério Público, Diagro,
Polícia Ambiental e Pescap, definirão suas atuações à ação integrada no combate
a: clandestinidade, evasão de divisas e de emprego no Amapá.
“Não
existe um combate no sentido de não acontecer a exportação do nosso pescado, mas
que ela aconteça dentro da legislação pertinente e que traga benefícios ao Estado.
O que será feito é uma constante fiscalização integrada sobre o trânsito ilegal interestadual”, afirma o superintendente.
Industrialização e beneficiamento
Com
referência ao beneficiamento e industrialização do pescado, as informações da
Superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no
Amapá, é que a industrialização do pescado local está relacionado por cinco
entrepostos de pescados (empresas), que possuem o selo do Serviço de Inspeção
Federal (SIF*).
De
acordo com a superintendência local, as indústrias Cunhaú Pesqueiro LTDA, Calçomar
em Calçoene, a Polar em Macapá, a Amapá Pesqueiro e a Pacífico. Estão sendo pleiteadas uma no município de
Oiapoque e outra em Calçoene. “Essas empresas estão dentro do exigido por Lei,
cumprindo todas as normas de segurança alimentar exigidas pelo Ministério da
Agricultura, pela FAO, pelos Organismos Internacionais de Saúde Animal e
Humano”.
Produção
As
informações do superintendente Petrus Ramos são de que essas empresas
produziram em 2012, quase seis milhões de quilos de pescado. “Porém destaquemos
que se toda a produção amapaense de pescado fosse oficializada teríamos, numa
estimativa mínima, esses seis milhões multiplicados por seis, o que quer dizer,
que está saindo do Estado mais ou menos 30 milhões de quilos de pescado‘in
natura’ e sendo processado em outro Estado gerando emprego e renda”.
O
médico veterinário Dorcélio Paiva, que atua na fiscalização do pescado
amapaense pelo Ministério da Agricultura, informou à reportagem que sua competência
é para atuar nas empresas “sifadas”, mas como o trânsito dentro do Estado pede
competência da: Sefaz, Vigilância Sanitária e do Meio Ambiente, assim como do
Ministério da Agricultura que criará um ‘leque de opções’ para combater a
clandestinidade. “O que queremos investigar é a denúncia da existência de 12
empresas clandestinas de pescado em Calçoene, porém não é nossa competência
adentrar nessas empresas, porque é aí que entra o Ministério Público e a
Vigilância Sanitária, é o que trataremos aqui nessa reunião”.
“Empresas” produtoras de grude
O
foco da clandestinidade do pescado amapaense está no município de Calçoene,
essa irregularidade já foi detectada pelas autoridades locais que estão se
preparando para o combate a essa ação ilegal de ‘supostos’ empresários. O
médico veterinário Dorcélio explica que algumas empresas se transvestem em
processadoras de grude de gurijubas e com isso, enviam além do grude o pescado ‘in
natura’ para os outros Estados. “Mas, esse processamento do grude da gurijuba
precisa da certificação do Ministério da Agricultura o SIF. Sendo que, todo trânsito
de origem animal precisa dessa certificação”.
Para que aconteça a exportação clandestina do grude
da gurijuba entremeado com o pescado são utilizados meios rudimentares, durante
o atendimento do pequeno comprador o beneficiamento é feito às proximidades da
embarcação. “Muitos podem pensar que o vendedor é muito gentil em tratar do
pescado para o comprador local, mas por trás disso há outro importante
comércio: o do grude, ou ‘da grude’ como dizem os calçoenenses. É que o
vendedor retira para si este importante órgão, que dependendo do tamanho, pode
valer mais que o próprio quilo do peixe”.
Atualmente,
em Calçoene, o valor de um quilo de grude custa R$200,00. Mas o preço varia no
mercado, assim como varia o quilo do ouro, a cotação do dólar, etc. Pescada
Amarela e Grurijuba são peixes grandes que têm as maiores grudes, daí o
interesse do vendedor em tratá-los. E o
mais perigoso é de que essas ações de pequenos pescadores tenham a cobertura de
grandes empresas que ali atuam, ajudando a sonegação fiscal e o aumento do
lucro de empresários.
Transformação do grude
O
grude é um “órgão interno do peixe que fica colado ao espinhaço e serve para
fazer cola”. Mas, na verdade, a importância do grude vai além da fabricação de
cola. O grude é a bexiga natatória do peixe, ou seja, controla o seu nível de
flutuação. Quando cheia de ar permite que o peixe se aproxime da superfície e
quando seca permite que ele chegue as profundezas do oceano.
O
Grude da Gurijuba
Na
edição 1738 da revista VEJA, publicou a seguinte informação sobre o grude: “O
grude é iguaria gastronômica na China”. Os ingleses compram o produto para
usá-lo como filtro e clareador de cerveja. As mesmas bolsas são matéria-prima
para colas de alto desempenho nos EUA e na Alemanha. Depois de processado e
transformado em lâminas como as de gelatina, o grude ganha o nome de issinglass
e podem ser utilizados na composição de medicamentos, cosméticos, filmes
fotográficos, móveis, instrumentos musicais e varas de pescar de grande
resistência, em diversos países. "Os empregos dessas membranas são tantos
que ainda não foi possível catalogar todos", diz a pesquisadora Rosália
Cotrim, do órgão que coordena pesquisas sobre pesca na Região Norte, o Cepnor.
Em 2001, a exportação de grude atingiu mais de 200 toneladas pelos portos do Pará
e do Amapá. Esse negócio movimentou três vezes mais dinheiro que o comércio
normal de gurijuba e pescada-amarela nesses portos. Segundo o exportador
Roberto Braga, de Belém, é a China que paga os melhores preços pelo produto.
"Os pratos preparados com isso têm aspecto horrível, mas os chineses
adoram", conta Braga. "Para eles, é como o nosso filé".(Blog da Helida Pennafort)
Nenhum comentário:
Postar um comentário