O GRITO
Peço permissão ao meu Ir.. MM. Jorge Tavares para interromper o tema O escândalo de um "S" do Sistema "S", que foi sugerido por Você, prometendo voltar nas próximas edições, porque desejo homenagear a Pátria Brasileira e, por extensão, o rincão amapaense, nesta semana e especialmente no dia 7 de Setembro, dia comemorado como a INDEPENDÊNCIA DO BRASIL.
O título deste artigo tem muitas definições. Por exemplo, o grito INDEPENDÊNCIA OU MORTE, proclamado por D. Pedro I, às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo, foi um grito de liberdade de um povo oprimido por Portugal. Esse grito, parece-me o mais importante da História Brasileira. Naquele momento rompia-se o jugo, a tirania, a burguesia, as mazelas de um governo europeu que amordaçava o ideal de liberdade do povo brasileiro. Muitos heróis tombaram antes que o brado do Dia do Fico ecoasse terras a dentro do País e mundo afora, para reconhecimento de um novo povo que nascia das entranhas dos conquistadores pelas armas e vencidos pelos ideais da construção da Liberdade, da Igualdade, e da Fraternidade. Essa conquista imortalizou-se nos versos do Hino da Independência - " Já podeis da Pátria filhos/ver contente a Mãe gentil. Já raiou a liberdade/ no horizonte do Brasil...".
Um horizonte de esperanças deixava florar no semblante daqueles que participaram do ato cívico, embora não espontâneo, mas eivado de poder e do poder de continuar administrando a recém colônia brasileira.
Após 191 anos passados desde o Grito de Independência, pouca coisa têm os brasileiros para comemorar. O Brasil ficou independente, pois deixou de ser subjugado pela nação portuguesa, e em tempos mais presentes, pelo domínio monetário do FMI. Pergunta-se: E os brasileiros, estão independentes ou continuam a ser dependentes da administração federal? Os brasileiros continuam a proclamar nos quatro cantos que precisam de políticas públicas de qualidade, como saúde, educação, segurança, transporte, moradia e outros tantos direitos sociais consagrados na Constituição Cidadã de 1988. Isso é independência? A corrupção desenfreada que corrompe as entranhas do progresso e do desenvolvimento nacional, nas três esferas da Administração Pública, continua a ser julgada como crime não hediondo, mesmo sangrando as feridas da dignidade e da cidadania do povo brasileiro.
Outro grito que merece ser interpretado é o da campanha eleitoral de 2010 para Governador do Estado do Amapá, proferido pelo então candidato Camilo Capiberibe - MUDANÇAS : DINHEIRO TEM, FALTA GESTÃO.
A palavra de entonação do lema pregado no estandarte de campanha - Mudanças, traduzia à época, a esperança de um futuro promissor para o povo amapaense. Parecia que tudo estava começando neste rincão pátrio, e que nada havia sido construído pelos antecessores, desde Janary Nunes até Antonio Waldez Góes, seu antecessor imediato. Tudo estava para ser feito e nada para ser corrigido ou continuado. Tudo seria novo. O Estado do Amapá, a partir de janeiro de 2011, teria no seu comando um jovem amapaense preparado para administrá-lo, haja vista que foi Deputado Estadual e ferrenho adversário político e administrativo de seu antecessor.
Ledo engano. Logo desmistificou-se o sentido da palavra Mudanças, pois esta verteu-se ao sentido contrário, negativo. Tudo mudou realmente, mas para pior. Os serviços públicos essenciais e obrigatórios que de direito e por direito constitucional deveriam ser trazidos ao povo amapaense, foram levados para longe, tiveram seus caminhos desviados pela incompetência administrativa individual do Governador ou coletivo, de sua equipe subserviente, despreparada e corruptamente ativa. A palavra corrupção aqui empregada não significa apropriar-se da coisa pública para sí ou para outrem, mas significa a omissão do dever de fazer, de realizar, de resgatar a cidadania dos cidadãos e cidadãs que precisam dos serviços da rede pública. O Estado, pela sua representação político-governamental passou a ser o Rei, e o reizinho intitulou-se seu Rei, que por comparação a célebre frase de um Rei francês, de que o Estado sou Eu.
O resto do lema de campanha desfigurou-se no desrespeito as normas constitucionais e ordinárias, trazendo em seu bojo não mais a expressão - dinheiro tem, falta gestão, mas agoniza-se em outra frase não menos contundente - DINHEIRO TEM, A GESTÃO TINHA.
Pobre de dignidade e de cidadania e, de esperanças futuras, o povo amapaense ainda tem que amargar mais 18 meses desta amaldiçoada gestão governamental. O povo amapaense não tem para quem recorrer aqui na terra. Este povo pacífico e ordeiro não tem futuro presente. O povo amapaense que agoniza nos corredores dos hospitais, morrendo por falta de atendimento especializado ou de medicamentos e equipamentos, espera que DEUS, o Grande arquiteto do Universo, tenha piedade e os console " ad eternun ", agora e para sempre.
Esses dois gritos, paradoxalmente diferentes, tem uma afinidade comum. O povo brasileiro, especialmente o POVO AMAPAENSE, não têm o que comemorar. Que os prantos dos que permanecem vivos possam orvalhar as flores da saudade dos que se foram para a eternidade.
Para reflexão semanal : A esperança é a última que morre. Que possamos alcança-la antes de morrermos (Anonimo).
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