Pioneirismo
“Sem esse excesso de liberdade o jovem viveria
muito mais. O excesso de liberdade escravizou a juventude e não vai ser modificar simplesmente. Dou-lhes um exemplo:
O beija-flor, todos os admiram pela beleza e a calma. Ele não é calmo, eles
brigam por causa de sexo, alimento e demarcação de território. É assim a
natureza é assim o ser humano”.
Mestre Raimundo Pantoja Lobo –
Professor de Língua Portuguesa, escritor e filosofo.
Reinaldo Coelho
Da Reportagem
Com
mais de 30 anos de sala de aula, o professor de Língua Portuguesa Raimundo
Pantoja Lobo sempre buscou diferentes
maneiras de quebrar o mito de que aprender gramática é difícil e a natureza
contribuiu para essa realização.
Nascido
em Aporema, hoje distrito do município de Tarturugalzinho e de acordo com o
poeta e escritor Paulo Tarso Barros “É uma bela região, onde a natureza
presenteou o homem com rios, lagos e uma fauna diversificada. Foi nesse cenário
paradisíaco que Raimundo Pantoja Lobo foi criado e, pesquisando no vasto livro
da natureza, aprendeu a construir uma inteligência racional e cheia de respeito
pelo meio ambiente”.
O
nosso pioneiro Raimundo Lobo é filho de
Lauro de Sousa Lobo e Rosa de Lima Pantoja Lobo, no dia 10 de novembro de 1930,
portanto está com 83 anos de idade. Ele narra que começou a estudar aos 18 anos
de idade. “Em 1947, um dos primeiros professores da localidade foi o João
Guerra, porém minhas dificuldades eram múltiplas, além da distancia da escola
eu tinha de mariscar nos três turnos. Um dia eu vinha chegando do marisco
quando vi muitas luzes acesas e tinha altas autoridades do governo territorial. Eles tinham vindo no
barco Itagurí. Estavam ali o deputado Coaracy Nunes, Promotor Hildemar Maia, o
presidente da ICOMI. Então eles me perguntaram como se pegava um peixe da
facheada. Providencie a canoa, zagaia, porunga e o deputado Coaracy me
perguntou ‘Raimundo você estuda?. Respondi que não e expliquei os motivos, a
escola distante e a necessidade de trabalhar para subsistência da família.
Então ele falou que iria me dar uma carta de recomendação e se eu queria
estudar na Escola de Iniciação Agrícola da Base Aérea do Amapá, de pronto
aceitei e viajei para o município de Amapá e lá me apresentei, isso no ano de
1948 ao Professor Tostes”.


Um
destaque nessa narração é que devido o linguajar ribeirinho, o jovem Raimundo
Lobo serviu de gozação para a molecada da escola, porém aquilo não o humilhou,
ao contrario ele firmou a convicção de que saberia falar a Língua Portuguesa
corretamente e que descobrira todos os seus segredos semânticos e assim o fez. “Eles
tinham razão, estava falando errado mesmo. Mas comigo mesmo disse: Eu vou
estudar tanto o Português que vou dar uma surra nesse pessoal. Prometi e
cumprido. E hoje eu tenho 65 anos de pesquisa da Língua Portuguesa, eu lido com
mais de 50 dicionários”.
O
professor Lobo é um autodidata que fez dos estudos e pesquisas sobre o vernáculo
o seu maior objetivo, sendo o maior conhecedor do idioma nacional no Amapá. Ele
é amiudemente consultado por alunos, professores, advogados, escritores e todos
aqueles que precisam de uma explicação sobre o correto uso da língua
portuguesa.
Família
Casado
com a Sra. Josefa de Lima Lobo, pai de 5 filhos, católico.
O presidente da Associação Amapaense de Escritores - APES.
Paulo Tarso Barros, no texto de capa do último lançamento de Raimundo Lobo
“Pensamentos sobre o Amor” diz “Ele costuma citar Os Sertões, de Euclides da
Cunha e os trabalhos do filósofo Will Durant como as obras que mais o
influenciaram. O seu autodidatismo, entretanto, revelou-lhe o mundo da
linguagem e da filosofia, pois ele, mais do que ninguém, merece ser chamado de
filósofo, pois vem demonstrando, ao longo de sua vida, ser um autêntico amigo
do conhecimento”.
Trajetória no magistério
Já
de 1951 a 1954, concluiu o 1º. Grau na Escola Normal de Macapá. Em 1968, o
Ministério da Educação e Cultura conferiu-lhe o certificado de Professor,
função que ele exerceu no Colégio Amapaense, dando aulas de língua portuguesa,
até o ano de 1987, quando foi aposentado.
Obras publicadas
Respingos
de Filosofia e Ecologia (Imprensa Oficial, 1982); Respingos de Ecologia
Empírica (Editora Gráfica O Dia, 1993) e Pensamentos sobre o Amor (2000).
“Nessas
obras, o professor Lobo nos repassa parte da rica experiência vivida na região
de Aporema, além da compilação de pensamentos extraídos de poetas, cientistas,
escritores e políticos. Ele registra, com a sua linguagem elegante,
principalmente o comportamento dos animais e nos convence de que a natureza é
sábia e perfeita. Desde fevereiro de 2001 o professor Lobo faz parte da Associação
Amapaense de Escritores – APES”, narra Paulo Tarso Barros.
Dias
atuais
Para
o mestre Raimundo Lobo, o que está estragando a liberdade da juventude é o
excesso de liberdade. “Sem esse excesso de liberdade o jovem viveria muito
mais. O excesso de liberdade escravizou a juventude e não vai ser modificar simplesmente. Dou-lhes um exemplo:
O beija-flor, todos os admiram pela beleza e a calma. Ele não é calmo, eles
brigam por causa de sexo, alimento e demarcação de território. É assim a
natureza é assim o ser humano”.
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