sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Pioneirismo

Pioneirismo


“Sem esse excesso de liberdade o jovem viveria muito mais. O excesso de liberdade escravizou a juventude e não vai ser  modificar simplesmente. Dou-lhes um exemplo: O beija-flor, todos os admiram pela beleza e a calma. Ele não é calmo, eles brigam por causa de sexo, alimento e demarcação de território. É assim a natureza é assim o ser humano”. 
Mestre Raimundo Pantoja Lobo – Professor de Língua Portuguesa, escritor e filosofo.

Reinaldo Coelho
Da Reportagem

Com mais de 30 anos de sala de aula, o professor de Língua Portuguesa Raimundo Pantoja Lobo  sempre buscou diferentes maneiras de quebrar o mito de que aprender gramática é difícil e a natureza contribuiu para essa realização.

Nascido em Aporema, hoje distrito do município de Tarturugalzinho e de acordo com o poeta e escritor Paulo Tarso Barros “É uma bela região, onde a natureza presenteou o homem com rios, lagos e uma fauna diversificada. Foi nesse cenário paradisíaco que Raimundo Pantoja Lobo foi criado e, pesquisando no vasto livro da natureza, aprendeu a construir uma inteligência racional e cheia de respeito pelo meio ambiente”.

O nosso pioneiro Raimundo Lobo é filho de Lauro de Sousa Lobo e Rosa de Lima Pantoja Lobo, no dia 10 de novembro de 1930, portanto está com 83 anos de idade. Ele narra que começou a estudar aos 18 anos de idade. “Em 1947, um dos primeiros professores da localidade foi o João Guerra, porém minhas dificuldades eram múltiplas, além da distancia da escola eu tinha de mariscar nos três turnos. Um dia eu vinha chegando do marisco quando vi muitas luzes acesas e tinha altas autoridades  do governo territorial. Eles tinham vindo no barco Itagurí. Estavam ali o deputado Coaracy Nunes, Promotor Hildemar Maia, o presidente da ICOMI. Então eles me perguntaram como se pegava um peixe da facheada. Providencie a canoa, zagaia, porunga e o deputado Coaracy me perguntou ‘Raimundo você estuda?. Respondi que não e expliquei os motivos, a escola distante e a necessidade de trabalhar para subsistência da família. Então ele falou que iria me dar uma carta de recomendação e se eu queria estudar na Escola de Iniciação Agrícola da Base Aérea do Amapá, de pronto aceitei e viajei para o município de Amapá e lá me apresentei, isso no ano de 1948 ao Professor Tostes”.





Um destaque nessa narração é que devido o linguajar ribeirinho, o jovem Raimundo Lobo serviu de gozação para a molecada da escola, porém aquilo não o humilhou, ao contrario ele firmou a convicção de que saberia falar a Língua Portuguesa corretamente e que descobrira todos os seus segredos semânticos e assim o fez. “Eles tinham razão, estava falando errado mesmo. Mas comigo mesmo disse: Eu vou estudar tanto o Português que vou dar uma surra nesse pessoal. Prometi e cumprido. E hoje eu tenho 65 anos de pesquisa da Língua Portuguesa, eu lido com mais de 50 dicionários”.



O professor Lobo é um autodidata que fez dos estudos e pesquisas sobre o vernáculo o seu maior objetivo, sendo o maior conhecedor do idioma nacional no Amapá. Ele é amiudemente consultado por alunos, professores, advogados, escritores e todos aqueles que precisam de uma explicação sobre o correto uso da língua portuguesa.

Família
Casado com a Sra. Josefa de Lima Lobo, pai de 5 filhos, católico.
O presidente da Associação Amapaense de Escritores - APES. Paulo Tarso Barros, no texto de capa do último lançamento de Raimundo Lobo “Pensamentos sobre o Amor” diz “Ele costuma citar Os Sertões, de Euclides da Cunha e os trabalhos do filósofo Will Durant como as obras que mais o influenciaram. O seu autodidatismo, entretanto, revelou-lhe o mundo da linguagem e da filosofia, pois ele, mais do que ninguém, merece ser chamado de filósofo, pois vem demonstrando, ao longo de sua vida, ser um autêntico amigo do conhecimento”.
Trajetória no magistério

Já de 1951 a 1954, concluiu o 1º. Grau na Escola Normal de Macapá. Em 1968, o Ministério da Educação e Cultura conferiu-lhe o certificado de Professor, função que ele exerceu no Colégio Amapaense, dando aulas de língua portuguesa, até o ano de 1987, quando foi aposentado.

Obras publicadas
Respingos de Filosofia e Ecologia (Imprensa Oficial, 1982); Respingos de Ecologia Empírica (Editora Gráfica O Dia, 1993) e Pensamentos sobre o Amor (2000).
“Nessas obras, o professor Lobo nos repassa parte da rica experiência vivida na região de Aporema, além da compilação de pensamentos extraídos de poetas, cientistas, escritores e políticos. Ele registra, com a sua linguagem elegante, principalmente o comportamento dos animais e nos convence de que a natureza é sábia e perfeita. Desde fevereiro de 2001 o professor Lobo faz parte da Associação Amapaense de Escritores – APES”, narra Paulo Tarso Barros.

Dias atuais

Para o mestre Raimundo Lobo, o que está estragando a liberdade da juventude é o excesso de liberdade. “Sem esse excesso de liberdade o jovem viveria muito mais. O excesso de liberdade escravizou a juventude e não vai ser  modificar simplesmente. Dou-lhes um exemplo: O beija-flor, todos os admiram pela beleza e a calma. Ele não é calmo, eles brigam por causa de sexo, alimento e demarcação de território. É assim a natureza é assim o ser humano”. 

















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