sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

pioneirismo




Muito antes dos desfiles cívicos, principalmente o de 13 de setembro, ele ia para prancheta desenhar os carros alegóricos, com engrenagens e efeitos especiais. Durante a montagem, supervisionava e acompanhava na AV FAB. Ele antecipou os grandes carros dos carnavais que hoje se apresentam, ele foi o precursor no Amapá dos desfiles com efeitos especiais.

Frederico José dos Santos Netto - O meninão (in memoriam)









Reinaldo Coelho
Da Reportagem

A editoria do pioneirismo foi buscar o pioneiro da semana, dentro da antiga Escola Industrial de Macapá. Um dos maiores mestres de fundição amapaense e apaixonada pela educação. Um dos artífices dos grandes desfiles cívicos da Semana da Pátria e de 13 de setembro. Os carros alegóricos que homenageavam os grandes feitos locais tinham seu traçado. Ele é Frederico José dos Santos Netto - O meninão, apelido dado pelos amigos íntimos, pois era um gigante em estrutura, porém um menino no relacionamento.
Belenense nascido em 29 de fevereiro de 1936, portanto era nascido em um ano bissexto, que é aquele que possui um dia a mais do que os convencionais 365 dias. No calendário gregoriano, o dia extra é incluído a cada 4 anos, isso era piada para ele que sempre repetia a idade dividida por quatro. 


Frederico Netto na Colégio Interno Getúlio Vargas
Filho de Osvaldo José dos Santos e Iracema Gomes dos Santos, veio residir em Macapá ainda criança. De acordo com seus filhos Frederico aos 12 anos de idade foi encaminhado junto com outros jovens para a capital federal na época, Rio de Janeiro pelo então Coaracy Nunes para estudarem no Colégio Interno Getúlio Vargas.
Ao retornar aos 17 anos para Macapá, foi servir o antigo Tiro de Guerra no Pará. Neste intervalo conheceu na Feira Agropecuária do antigo Territorio Federal do Amapá a jovem Delacy Gibson, com firmou noivado e que anos depois se tornou sua esposa. Desse longo matrimonio nasceram sete filhos: Nazaré, Margareth, Freddy, Elizabeth, Herculano, Adriana e Melissa. Hoje todos casados e geraram diversos netos e bisnetos que irão perpetua este grande meninão.

Magistério

No dia 06 de junho de 1953, Frederico Netto adentrou uma oficina-sala-de-aula na antiga Escola Industrial de Macapá com a formação exclusiva em Artes Industriais no período de 1950 a 1964. Logo em seguida foi transformado em Ginásio de Macapá para o Trabalho, que passou a ofertar além das Artes Industriais outros cursos técnicos: Técnicas Agrícolas, Técnicas Comerciais e Administração para o lar, no período de 1965 a 1972. Vale ressaltar que neste período o ensino era voltado exclusivamente para a formação de uma clientela masculina. Hoje se denomina E.E. Antonio Pontes. 

Frederico tinha um amor imensurável pelo GM, sempre fazia questão que sua escola brilhasse nos desfiles. Muito antes do 13 de setembro ele ia para prancheta desenhar os carros alegóricos, com engrenagens e durante a montagem supervisionava e acompanhava na AV FAB ele  antecipou os grandes carnavais que hoje se apresentam, ele foi o precursor no Amapá dos desfiles com efeitos especiais.

Sempre preocupado em manter-se atualizado, Frederico Netto em 1958 viajou para o Paraná onde cursou a Escola Técnica de Fundição em Curitiba. Se especializando nessa arte milenar.

Bairrista

O meninão era barrista, defendia com unhas e dentes o Ginásio de Macapá (GM) onde mestre eterno, formando muitas gerações, pois trabalho 38 anos na escola. O aprendizado de fundição ele não executou somente em sala de aula. Morador do recém-criado Bairro Santa Rita, onde a molecada fervilhava nas ruas sem nada a fazer, jogando peladas na piçarra e passarinhando, Frederico passou a trazer para uma oficina construindo em um barracão atrás da residência, onde ensina os princípios da fundição.

Flamenguista fanático, fanático por futebol, passou a organizar as peladas de ruas que aconteciam todos os dias na Avenida Euclides da Cunha, local de sua residência. "Quando ele chegava no fim da tarde da escola, a molecada estava concentra em frente de casa aguardando por ele. Os jogadores eram o Roberto Gato, Humberto, Jango e Carlinho Moreira entre outros. Ele entrava em casa jogava a bola para rua, enquanto trocava de roupa e a pelada termina somente a notinha", conta Dona Delacy.

O meninão fez muitos amigos, entre eles o Mestre Oscar Santos, Professor Tostes, o mais querido por ser amigo de infância foi o Sacaca, na época Rei Momo do Carnaval Amapaense. "A chave do Rei Momo amapaense era ele que fazia na sua fundição no fundo do quintal", relembra Delacy Gibson.

Muitas dessas obras de artes ambulantes marcaram época. Um deles foi da Fortaleza de São José de Macapá; A Bola da Copa do Mundo girando com um rapaz negro, personificando o Rei Pelé. Colocou um foguete  em frente ao palanque das autoridades em posição de voou e ao ser disparado soltou fumaça e pelo bico saia a bandeira da Escola.

A aposentadoria

A aposentadoria da escola, levou a continuar na pequena fundição de fundo de quintal, onde fabricava placas de carro, moto e placas de inauguração de prédios oficiais em alumínio.


Meninão deixou esse plano há 15 anos, no dia 23 de fevereiro de 1999, às vésperas de seu natalício de 63 anos, vitima de um infarto. Frederico três anos antes tinha sofrido um AVC que lhe deixou sem os movimentos dos membros inferiores e utilizava uma cadeira de roda. "A nossa família perdeu seu patriarca, um bom marido, um pai amoroso e um amigo excelente, que vivia brincado com todos, e esse foi o motivo do apelido MENINÃO"

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