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O mestre João Brazão e sua esposa Sebastiana Brazão |
Reinaldo Coelho
Dezembro de 2013, mês de festejo religioso (Natal) e pagão (Revellion) teve mais dois fatos na vida de João Brazão da Silva Neto, o seu aniversário de nascimento (11/12), quando completou 70 anos e a publicação no Diário Oficial da União da sua aposentadoria, assinada em 09/12/2013 com 43 anos de magistério superior sendo: 30 na UFPA e 13 na UNIFAP. “Ainda não caiu a ficha”, foi assim que este amapaense de Aporema respondeu a nossa reportagem que o entrevistou para a editoria de Pioneirismo, com um detalhe ele seria o primeiro do ano de 2014. Ele é João Brazão da Silva Neto.
“A data foi comemorada com os amigos em um churrasco molhado por umas geladas. Vou continuar trabalhando, pois ainda tenho uma missão: Lecionar PAFOR onde serão capacitados professores a nível superior e mais uma etapa dessa trajetória acadêmica. Esse é um compromisso que tenho com o País, pois é uma turma que está com dependência e trabalharei gratuitamente”.
O professor José Brazão Neto, um amapaense que ascendeu ao cargo de reitor da Universidade Federal do Amapá, se desincumbindo de suas funções com idealismo, inteligência, e compromisso com a mocidade que frequenta os bancos das escolas públicas que ele também frequentou quando jovem, enfrentando dificuldades que não o fizeram desistir dos sonhos de servir a sua terra. E continua servindo muito bem.
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Formação em Direito |
Esse ribeirinho amazônida, filho de Raimundo Pantoja da Silva – pecuarista e Dirce do Reis Silva – Dona de casa, foi criado desde um ano de idade pelos avós – João Brazão da Silva de quem herdou o nome. Um detalhe que já mostrava o caminho desse pioneiro na educação e que ele nasceu no Dia do Engenheiro, a profissão que ele escolheu, Engenheiro Mecânico e de Produção, formado pela PUC/RJ/1967) e Engenheiro Civil (UFPA/l984). Além de Matemática e Fisica (UFPA/1969) e Direito (UFPA/1994). Tem pós-graduação em Planejamento Global e Análise de Projetos (CEDEC, Brasilia/1973) e Inferência Estatística (UFPA/1980).
Infância em Aporema
A infância foi vivida inteiramente no interior de Aporema até os oito anos de idade, ele narra que a primeira vez que andou de carro, quando passaram em uma grande poça d’água, gritou: “vamos alagar”. Justificado, pois utilizava a canoa para trafegar nos rios e igarapés do Araguari.
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Os avos que o criaram e lhe alfabetizaram |
Essa viagem tinha destino Macapá, onde começou a estudar no Grupo Escolar Barão do Rio Branco. “Estudei as duas primeiras séries na Escola Isolada de Aporema, que funcionou na casa de meus avós e tive como mestre o Professor João Guerra, pai do também professor João Batista Guerra. Porém destaque-se que fui alfabetizado muito cedo pela minha avó, que mesmo cega, cumpriu essa missão. Tive uma infância ribeirinha, mais sempre voltada para os livros”.
Ele relembra que os estudos nas séries iniciais tiveram como mestre a professora Doroti e que a continuidades dos estudos aconteceram no anexo da Escola Normal, a Escola Presidente Vargas, e a saudosa professora Raimunda Virgolino foi sua educadora. “Uma brilhante mestre ela e suas reguadas” (risos).
Na época para o aluno acessar o ensino ginasial, tinha que se submeter ao Exame de Admissão (um tipo de vestibular da época). “Porém, fiz o primeiro ano na Escola Normal, pois fui cursar o Colégio Dom Pedro II, internato, o colégio padrão do Brasil”.
Magistério
José Brazão da Silva Neto foi professor no ex-Território Federal do Amapá, no Ensino Médio, atuou no Colégio Amapaense durante três anos em que deu avanço notável no ensino da Matemática e da Física no Curso Cientifico daquele estabelecimento padrão.
Ele ressalta que o maior orgulho nesses 70 anos de vida é ter sido professor, pois quando começou a trajetória no magistério, motivado ele revolucionou o ensino da Física e da Matemática no Amapá. “Digo isso sem vaidade, pois tenho brilhantes alunos que já me superaram em muito e isso é um orgulho para mim. Foram alunos de notáveis inteligências e que se tornaram notáveis, na sociedade”.
João Brazão destaca um fato importante nesse período: Uma turma em que lecionou desde o 1º ao 3º ano Cientifico, as disciplinas de Física e Matemática (e também nas horas vagas, Químicas Orgânica e Inorgânica, além de Desenho a alguns interessados) teve mais de 90% de seus alunos aprovados no vestibular da Universidade Federal do Pará de 1970.
Um detalhe nesse educador é que ele foi o pioneiro na implantação de Cursinho Pré-vestibular no Amapá. “Não era bem um cursinho, muitos alunos queriam se preparar para o vestibular da UFPA e me cederam uma sala no então Ginásio de Macapá e tinha também o Laercio Ayres dos Santos. Dos 47 alunos 90% foram aprovados, entre eles Antônio Cabral de Castro, Antônio Braga Chucre, Antônio Pinheiro Telles, Antônio Barbosa (falecido) e os amapaenses davam show em Belém”.
Família
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Um momento de lazer da família Brazão |
A adolescência foi bem vivida e juventude mais ainda, ele conta que quando conheceu sua esposa foi na Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA). “A primeira paquera com minha atual esposa, Sebastiana Albuquerque Brazão, foi na CEA, o cupido foi meu amigo Dilermado. Eu me apresentei como desenhista. Depois ela descobriu que eu era engenheiro e professor e isso resultou em 43 anos de casamento, que gerou quatro filho e uma de coração, temos dez netos (sete homens) e um bisneto, com um problema, eu sou Vascaíno e eles Flamenguistas (risos)”.
A esposa Sebastiana Brazão que assiste a entrevista, explica que sempre atuou como secretaria, exercendo as funções no Gabinete do Prefeito de Macapá e que hoje está aposentada.
UNIFAP
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Reitor da UNIFAP |
Como reitor da UNIFAP a recebeu om 08 (oito) cursos, dos quais 03 (três) bacharelados (Secretariado Executivo, Enfermagem e Direito) e 05 (cinco) Licenciaturas Plenas (Geografia, História, Letras, Educação Artística e Matemática). chegou ao final de 2004 ofertando também os cursos de Pedagogia; Ciências Biológicas, Ciências Sociais e Física, num total de 7.904 (sete mil novecentos e quatro) alunos matriculados nos campi Marco Zero; Oiapoque e Laranjal do Jari, juntamente com os pólos de Serra do Navio, Amapá, Porto Grande, Equinócio, Macapá/Etapas, Santana/Etapas, Macapá Especial; Laranjal/Prefeitura e Afuá, os quais entraram em funcionamento no período 1998 - 2002 atendendo demanda específica dos Sistemas Estadual e Municipais de Ensino para habilitação de professores dos respectivos quadros funcionais, os quais só foram possíveis graças ao apoio do Governo do Estado, bem como das prefeituras que arcaram com as despesas para o pleno funcionamento, haja vista que o Ministério não disponibilizou recursos para essa demanda.
Ações sociais na UNIFAP – Na sua administração a UNIFAP continuou o Programa de Estágio para os alunos da Instituição, reconhecidamente carentes, que exerceram atividades em vários setores, recebendo uma bolsa de estágio; a Universidade promoveu o CPV – Negros. Trata-se de um Cursinho Pré-Vestibular para Afro-descendentes; o Grupo de Trabalho Indígena; A Universidade buscou primar pela qualificação de seus docentes, investindo na capacitação e qualificação dos mesmos e desde o ano de 2000 o número de docentes com estas qualificações só aumentaram.
Um olhar crítico no atual sistema de ensino
O ensino evoluiu muito, hoje não estuda quem não quer, pois as ferramentas são múltiplas e as dificuldades são mínimas. “Hoje o educando tem aparatos de livros e tecnologias e pode estudar dentro de casa. Quanto ao aspecto da qualidade do ensino eu tenho algumas restrições. Por exemplo, o meu Curso Primário era solido, tanto que no Colégio Dom Pedro II eu não decepcionei. Hoje, temos o exemplo dentro de casa. Ao ser feito uma pergunta eles não sabem. Não lembra, pois não tem influencia em suas vidas. O ensino anterior apesar ter muito menos recursos o aluno saia mais preparado. Pois o conteúdo curricular dos antigos ginasial e cientifico equivalem hoje aos 1º e 2º anos de qualquer curso superior”.
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