Macapá não garante vagas a 700 alunos
O Plano Nacional de Educação tem metas fixadas para serem alcançadas dentro dos próximos anos. Uma delas indica que todas as crianças e adolescentes, na faixa etária de 4 a 17 anos, devem frequentar a escola. Outra meta estabelece que todas as crianças com idade até 8 anos devem ser plenamente alfabetizadas.
Sem creche
"Macapá não tem creche pública". A afirmação é da titular da Educação de Macapá, Antonia Andrade. Segundo ela, a capital tem cinco escolas de educação infantil, que atendem a crianças de 0 a 3 anos, mas não são caracterizadas como creches. "Um local público onde os pais podem deixar os filhos na hora de trabalhar ainda não foi implantado em Macapá", reforçou Andrade.
A capital deve ganhar as primeiras creches até junho, segundo garantiu a secretária, adiantando que a Secretaria Municipal de Educação tem recursos garantidos do Ministério da Educação (MEC) para a construção de cinco creches nos bairros Novo Horizonte, Sol Nascente, Muca e Cuba de Asfalto, além do distrito da Fazendinha, a 9 quilômetros de Macapá.
Os recursos são federais, mas, em contrapartida, a administração municipal é encarregada de realizar a contratação de professores e do quadro técnico para essas instituições. "Já solicitamos para a Câmara Municipal a contratação de servidores através de contrato administrativo para trabalhar exclusivamente nessas creches, até a abertura de edital para concurso público", disse a secretária
Internet inova,
mas atrapalha
O processo de inovação, se feito de maneira impulsiva e sem planejamento, muito dificilmente conseguirá os resultados pretendidos. Esta situação está sendo vivenciada pela equipe da Secretaria Municipal de Educação (Semed), com o novo sistema de matrícula escolar, via internet. No novo processo, o pai ou responsável pôde no ato da inscrição de cada criança escolher entre cinco opções de escolas, para a seleção. "A proximidade da residência com a escola é um dos requisitos para a distribuição da demanda municipal", informou a secretaria.
O objetivo foi o de garantir comodidade aos que buscam uma vaga na rede pública de ensino, evitando a formação de grandes filas nas escolas, como em anos anteriores.
Porém, alguns pais que dizem ter seguido a orientação da Semed no acesso à página da prefeitura de Macapá, reclamam que ao chegarem às escolas pré-estabelecidas constataram que não havia vagas para os filhos. A opção foi enfrentar filas nos postos indicados pela secretaria para atendimento. Ou seja, a fila não deixou de acontecer, o que irritou os pais dos alunos.
Sem vagas
Na escola Professora Guita, uma enorme fila se formou na última semana dentro da área da instituição e apenas uma pessoa estava no local para atender a toda a demanda. "Me mandaram escolher cinco escolas. Vim por três vezes neste ponto para ser encaminhada a alguma, mas não consegui vaga em nenhuma delas. Agora, eu chego aqui para saber novamente em qual colégio é para matricular minha filha, me informam que não atenderiam mais por causa da demanda. Assim vou acabar perdendo a vaga dela", reclamou seu Diniz Ventura.
Este ano, de acordo com a titular da Semed, Antônia Andrade, o município de Macapá atenderá a 33 mil alunos em 80 escolas. "Com o planejamento e a chamada escolar, nos preparamos para receber este público, sendo somente possível com a realização de reformas, ampliação e inauguração de novas escolas em 2014", afirmou a secretária.
Para piorar a situação a Semed teve sua demanda aumentada motivada pelo processo de municipalização do ensino, visto que a rede estadual de ensino estará fechando algumas séries e 1.200 alunos estão sendo encaminhados para a rede municipal da capital. De acordo com a secretária, já foram matriculados 500 alunos e os 700 restantes estão listados. Uma reunião aconteceu entre os gestores do Estado e Município para solucionar o entrave.
Escolas opcionais
A procura por escolas tradicionais em Macapá está relacionada à qualidade do ensino. Muitos pais acreditam que por serem mais antigas, as instituições estão mais bem preparadas para atender aos alunos. Porém, muitos colégios da periferia têm a mesma qualidade, ou melhor, tanto que no último Enem as escolas menos tradicionais pontuaram entre as melhores.
A preferência por essas instituições mais antigas resulta na grande procura por vagas nestas escolas, enquanto que outras estão com vagas sobrando. A Seed disponibilizou 5.944 vagas para o primeiro ano do ensino médio. A novidade em 2014 foi a modalidade de sorteio nas escolas tradicionais Gabriel de Almeida Café, Tiradentes e Alexandre Vaz Tavares. A medida foi adotada por causa da procura intensa por vagas nos referidos colégios, que, segundo os pais, têm melhores condições de ensino.
Os pais também procuram por escolas no mesmo bairro onde residem. A cobertura, no entanto, só seria possível se a construção dos educandários acompanhasse o crescimento demográfico.
Larissa tem 16 anos, mora no bairro Jardim Felicidade, na região Norte de Macapá. Ela costumava ir caminhando para a escola, em 2013, quando concluiu o 9° ano do ensino fundamental. Por falta de vaga em uma escola estadual perto de sua casa, a estudante agora terá que cursar o ensino médio no bairro São Lázaro, na escola Raimunda Virgolino. Embora a nova escola esteja situada na mesma região, Larissa vai gastar com duas passagens de ônibus por dia em função da mudança.
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