Jarbas de Ataíde



RESILIÊNCIA: SUPERAÇÃO E REJUVENESCIMENTO DA EMOÇÃO.

Diante de uma dificuldade que nos surpreende, tendemos ao desespero e a nos entregar ao lamento da perda e da frustração. Quando sofremos decepções, diante da busca de algo que supervalorizamos, a tristeza pode nos acompanhar; quando somos subtraídos de bens materiais ou mesmo imateriais que nos acompanharam anos e, de repente, nos vemos sem eles, um vazio mental invade a nossa vida. Quando a força de nosso comportamento errado, de nosso pecado, é maior que a busca da reparação ou da busca do perdão, as frustrações e recalques podem se instalar em nossa mente.  As reações diante das decepções são as mais diversificadas e repletas de comportamentos, atitudes e emoções, a maioria negativa.  
Nessas situações somos impulsionados a buscar em nosso interior, os mecanismos mentais, as forças conscientes e inconscientes, os desvios positivos de nossa personalidade, as lembranças e experiências positivas e as atitudes emocionais reconstituintes, na tentativa de superar o medo, a incerteza, a tristeza e sensação de perda e frustração.  Muitos, não achando em que se apegar, buscam a fuga ou a tentativa de compensação nas drogas psicotrópicas, álcool, vícios e obsessões diversas, que somente agravarão o problema ou adiarão mais a sua resolução.
Para isso, teríamos que ter tipo algum tipo de treinamento para colocar em pratica tal mecanismo mental, e isso, começa ainda na fase de criança ou até mesmo na vida intrauterina, quando recebemos as emoções de nossa mãe. O convívio familiar é como uma escola, onde deveríamos ter pais, irmãos e pessoas que nos educassem e ajudassem  a saber lidar com os não e as decepções. Até mesmo o ter demais e os ganhos excessivos, desprovidos de valor afetivo, podem gerar o tédio, que causa mal estar à alma. 
Quando esse apoio nos é cerceado na infância e crescemos, permanecendo com as dúvidas e frustrações da adolescência,  marcamos fortemente e construímos em nossa mente um cenário que o inconsciente aceita como verdadeiro ( uma miragem), que retorna freqüentemente ao mundo consciente, repleto de  medos, angustias e sensação de fracasso.
Você que está lendo esse artigo, pode estar pensando que estou falando de doença mental ou até de uma doença atual: a depressão. Mas não é isso. Todos nós, simples mortais, que nos consideramos normais, estamos sujeitos a isso e em algum momento da vida vai lidar com situações como essas.  
Mas aonde quero chegar, vem através de uma pergunta. Como lidar com as emoções diante da instabilidade da vida, da morte, da doença, dos acidentes, da violência e das preocupações financeiras. Lançamos mão da Medicina, da Psicologia, da Psiquiatria, da Religião e outras ferramentas de auto-ajuda na busca da cura e superação. Mas no cotidiano da vida, precisamos encontrar instrumentos e atitudes mentais, emocionais e afetivas para lidar com o estresse e os pequenos traumas. 
Felizmente, graças aos dons do Criador, todos nos somos possuidores de uma qualidade e de uma força mental poderosa, que está contida em nosso instinto de sobrevivência, marcada em nosso inconsciente, presente no DNA de nossas células, incrustada em nosso cérebro e que permeia nossos órgãos e pensamentos, que nos impulsiona para a vida, a saúde, o prazer e a felicidade. Essa qualidade é chamada de resiliência, atitude mental de buscar a superação, de dar a volta por cima, de tentar a reparação de dificuldades, mesmo diante das mais difíceis situações, mas que precisa ser despertada, trabalhada e estimulada para estar a serviço de nossa recuperação e saúde mental.
Quais as atitudes para treinar a resiliência e buscar o rejuvenescimento das emoções?  O primeiro passo é cuidarmos de nossos pensamentos, evitando a autopunição, o perfeccionismo e preocupações exageradas. "Toda vez que pensamos num obstáculo e o consideramos intransponível, ele nos paralisa. Ficamos engessados pelo medo. Pensar com lucidez é necessário, mas pensar excessivamente nas dificuldades que atravessamos trava a inteligência e rouba" energia mental e a esperança. (CURY, A., 2007).
Gerenciar, treinar e dilapidar nossos pensamentos é o ponto de partida para a saúde emocional. Melhorando a qualidade dos pensamentos, das idéias e das intenções, com uma pitada de narcisismo (amor próprio), de auto-estima e de otimismo, será possível reeditar o filme de nossa história registrado na memória e sofrer mudanças substanciais na personalidade. Essa é a base do recondicionamento proposta pela Neurolingusitica, uma das formas de tratamento psicanalítico. 
Augusto Cury (2007), em sua obra sobre a emoção, recomenda alguns passos para treinar e gerenciar os pensamentos e emoções: a) duvidar de tudo que não promove a vida; b) criticar a passividade da vontade (eu), avaliando sempre os pensamentos negativos e fantasias que amedrontam, entristecem e deprimem; c) dê um choque de realidade em sua emoção, enviando para a mente o que lhe dá tranqüilidade, serenidade e alegria, eliminando as fantasias destrutivas; d) procure ver o lado positivo nos pequenos eventos da  vida, extraindo prazer das pequenas coisas; e) ter pensamentos agradáveis fará saber contemplar o lado positivo  das coisas negativas; f) não antecipe as derrotas, não sofrendo por antecipação e não fazendo "tempestade em copo d'água"; g) pensar grande (como adulto) e sentir com simplicidade (como criança), torna as pessoas agradáveis; h) proteja sua emoção nos focos de tensão, não permitindo que as ofensas, perdas e frustrações assumam o comando de seu pensamento; i) não seja carrasco ou autopunitivo de si mesmo, reconhecendo sua falibilidade e recomeçando de novo diante das falhas.

Fazendo esses exercícios mentais e tomando essas atitudes, poderemos passar por frustrações, mas a sensação de perda, de decepção não assumirá o palco de nossas emoções e pensamentos. Saberemos ser resilientes em encontrar meios e mecanismos para tentar de novo, para não desistir, para continuar na busca de nossa satisfação interior, da busca da sensação e satisfação de bem estar, da luta pela sobrevivência, com uma nova atividade, um novo trabalho, um novo parceiro, uma busca por outro remédio, uma terapia, um amigo, um esporte, um bom livro, um novo amor, uma nova vida, uma busca incessante pela paz e a felicidade. Macapá- 05.03.2014.