Comércio de peixes no Amapá
Empresário fiscalizado alega 'perseguição'
Reinaldo Coelho
Para combater essa ilegalidade no comércio de peixes, a Delegacia Federal de Agricultura do Amapá vem intensificando fiscalizações nas empresas para combater a saída clandestina do pescado amapaense para outras unidades da federação.
Alguns pescadores e empresas apresentam uma parte de sua produção para serem submetidas à inspeção federal. Outros entregam o produto diretamente ao mercado consumidor ou restaurantes, sem passar pela fiscalização e vigilância sanitária.
Denúncia
Empresário Odilon Filho da CALÇOMAR denunciou perseguição da Delegacia Federal de Agricultura do Amapá as suas empresas |
Na última semana, foi realizada uma fiscalização nas empresas do município de Calçoene. Na ocasião, o pedido feito pelos fiscais da Delegacia Federal de Agricultura no Amapá para que as carretas de transporte de peixe permanecessem no pátio da transportadora, levou a gerência da Calçomar, do empresário Odilon Filho, a uma série de penalizações. O empresário disse através de nota oficial que foi "perseguido e injustiçado" ao ter carretas apreendidas.
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No que foi contestado pelo diretor de Fiscalização e Saúde Animal Dorcélio Paiva |
A reportagem da Tribuna Amapaense procurou a Delegacia Federal de Agricultura no Amapá e buscou o Serviço de Fiscalização e Saúde Animal, que, através do seu diretor interino, o médico veterinário Dorcélio Paiva, que atua na fiscalização do pescado, informou que o serviço é de rotina. "O serviço foi realizado como rotina, e nas inconformidades foram feitas as correções, para que não acontecessem lesão ao erário. Não estamos aqui para perseguir ninguém. Temos, no Amapá, cinco empresas sifadas, e o que estamos tentando fazer é disciplinar o comércio do pescado amapaense".
"A empresa desse empresário está legalizada, porém, durante a fiscalização, foi encontrado um problema que já foi ajustado, e ele tem que se adequar. Ele tem que seguir as regras que a legislação exige para a qualidade dos alimentos", completou Paiva.
Empresas "testa de ferro"
Em Calçoene, existem muitas empresas que não estão legalizadas junto ao Ministério da Agricultura. Mesmo assim, comercializam o pescado industrializado interestadual sem autorização legal, sonegando impostos. "O que temos observado é que alguns empresários montaram empresas para a comercialização do pescado interestadual, sem poder fazer isso. Mas para que possam executar esse serviço elas têm que estar cadastradas no Ministério da Agricultura e elas não estão. Mas ninguém pode alegar ignorância à lei. Estamos fazendo cumpri-la", disse Dorcélio Paiva.
Resultado da fiscalização
Essas empresas já foram identificadas. Elas estão instaladas em espaços inadequados e sem condições de higiene para o beneficiamento do pescado. "O que se percebe é que alguns empresários criam essas empresas para se beneficiar fiscalmente. Eles têm uma isenção fiscal e um limite de 5% do ICMS ao emitir a nota fiscal, e sua produção não pode extrapolar esse limite, senão aumenta o valor do imposto e aí que entram essas empresas que aparecem completando a margem extrapolada. Porém, elas têm um prazo para se adequar, até dia 5 de maio, senão terão seu pescado apreendido e elas serão interditadas", alertou o diretor do Serviço de Fiscalização e Saúde Animal da Delegacia da Agricultura.
Clandestino
Sobre a existência de mais de 12 empresas clandestinas de pescado em Calçoene, Dorcélio Paiva falou: "Não é nossa competência adentrar nessas empresas. É aí que entra o Ministério Público, e a Vigilância Sanitária é quem cuida do comércio. É ela que tem o poder de entrar nesses estabelecimentos. Eles é que são os fiscalizadores nesse segmento. A delegacia é responsável pelo controle de trânsito interestadual e qualidade de produto beneficiado e circulação no território nacional".
Paiva destaca e apela para que a Vigilância Sanitária atue nos municípios que não têm médico sanitário e nem o serviço de vigilância municipal. "Calçoene e Oiapoque, esses municípios não têm uma vigilância sanitária atuante. É aí que a estadual deverá entrar".
A clandestinidade da comercialização do pescado amapaense traz prejuízo acentuado para a economia estadual. Nos municípios de Oiapoque e Calçoene, podem ser encontrados sendo filetados os pescados na área portuária. "São milhares de toneladas que estão saindo sem controle e sem fiscalização. Essas ações são criminosas, deveriam ser presos quem faz isso. Em 2012, o Amapá produziu quase seis milhões de quilos de pescado. Em 2013, caiu para cinco milhões e este ano deveria chegar em dois milhões, mas não vai acontecer porque a nossa fiscalização vai ser dobrada e firme contra essa clandestinidade".
Ação conjunta
Para combater a saída clandestina do pescado amapaense, os diversos órgãos envolvidos no segmento da fiscalização e controle do pescado local, ou seja, todos que cercam esta cadeia alimentícia, como Ministério Público, Diagro, Polícia Ambiental e Pescap, definirão suas atuações à ação integrada no combate à clandestinidade, evasão de divisas e de emprego no Amapá.
"Não existe um combate no sentido de não acontecer a exportação do nosso pescado, mas que ela aconteça dentro da legislação pertinente e que traga benefícios ao estado. O que será feito é uma constante fiscalização integrada sobre o trânsito ilegal interestadual. O pescado está sendo comercializado clandestinamente em Calçoene e Oiapoque à "vista grossa" e ninguém está controlando esse mercado", afirma Dorcélio Paiva.
Novas regras
A Delegacia Federal no Amapá emitiu um ofício circular que estabelece regras para o comércio de pescado. "Nós estamos pedido às empresas sifadas, quais são as empresas que elas têm relação comercial e que no prazo de 30 dias essas empresas vão ter que se cadastrar no Ministério da Agricultura. Após esse prazo, não será permitida a saída de pescado por qualquer empresa que não esteja regularizada junto ao Ministério da Agricultura. E as empresas de transportes não deverão embarcar nenhuma carreta que não seja autorizada pela delegacia", informou o documento.
Serviço de Inspeção Federal (SIF*)
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