Aracy Miranda de Mon'Alverne - educadora e poetisa
"Já idosa e com saúde frágil, em 1995, disse-me ela que iria comprar uns livros e lecionar de graça em sua casa. Sentia falta dos jovens, do ambiente escolar" (Paulo Tarso).
Esta semana o TA homenageia uma grande mulher, mestra e poetisa amapaense: Aracy Miranda de Mon’Alverne. Essa paraense de nascimento, mas amapaense de corpo e alma, amava tanto Macapá que a homenageou com o seguinte poema:
MACAPÁ CINDERELA
Nesta singela narração,
Fiz um poema de uma história,
Fazendo a comparação
De uma cidade humilde
Do interior do Brasil
Como uma pobre menina
Que de repente tornou-se
Muito famosa e gentil!
Macapá já foi outrora
Uma menina do mato...
Tão pequena, tão franzina,
Doentia, retraída,
E que vivia esquecida...
Muito pálida e quieta,
Era quase analfabeta...
Mas um dia apareceu
Na linha do seu destino
Um homem forte e bondoso
Que a protegeu e ajudou.
Trabalhador, caridoso,
A menina transformou.
Não sei se alguém o conhece,
Mesmo de nome aqui,
Esse de quem vos falo,
É o Coronel Janary!
Hoje a menina está moça
E ainda está crescendo,
Já é por todos notada,
Está se desenvolvendo,
E quando ouve dizer
Com toda admiração,
Que é São Paulo ou Brasília,
Do Brasil Coração
Ela toda ufana diz: -
“Eu também sou importante,
Sou a cabeça do país!”
Vive feliz, tem de tudo,
Cresceu muito, ficou forte,
É a CINDERELA DO NORTE!
Tem saúde, tem escolas
Para se aperfeiçoar,
Tem ouro e joias bonitas...
Até não usa mais chita!
Vem gente lá de outras terras
Aos grupos, lhe visitar,
É gentil, não é orgulhosa,
A todos sabe tratar
E na terra onde vive
Sob o sol do Equador,
Não teme o frio intenso
E nem morre de calor!
É morena, é tão formosa,
Educou-se, está famosa,
É das dez mais elegantes
Do lindo Brasil gigante...
É tão bonita e gentil!...
E querem saber de uma?
- Macapá está pensando
Que já vai se preparando
Para ser MISS... BRASIL!
Aracy Mon’Alverne, autora deste poema, nasceu em 13 de fevereiro de 1913, em Colares, no Pará. Ela chegou ao Amapá um ano antes da criação do Território Federal do Amapá e logo foi lecionar no interior, na região do Araguari, já casada com José Jucá de Mont’Alverne. O casal gerou 7 filhos. Há 9 anos ela morreu, no dia 1º de fevereiro, mas deixou um legado de amor, dedicação, poesia, ensinamentos e muitas lembranças marcantes na história amapaense.
Sua história, como a de muitos pioneiros que ingressaram no magistério, revela uma vocação amorosa com a educação. Já idosa e com saúde frágil, em 1995, disse-me ela que iria comprar uns livros e lecionar de graça em sua casa. Sentia falta dos jovens, do ambiente escolar, da sua atuação durante muitos anos como mestra dinâmica, criativa e sempre envolvida com as atividades cívicas e educativas que ocorriam em sua época e que marcaram de forma tão positiva várias gerações.
Nossos pioneiros, que neste blog são relembrados e reverenciados com gratidão e respeito, merecem ter suas histórias conhecidas pelas novas gerações que, salvo raras exceções, esquecem com facilidade aquelas pessoas que ajudaram a construir e consolidar o estado do Amapá. A professora Aracy, mestra do magistério, presença constante na vida cultural e educacional, deixou dois livros de poemas: Luzes da Madrugada (1985) e Arquivo do Coração (1997), e teve participação em várias antologias. (Texto: Paulo Tarso Barros)
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Festa do Centenário
A Escola Estadual Professora Aracy Miranda de Mont’Alverne realizou no dia 18 de maio de 2013 uma homenagem ao centenário da professora que deu nome à instituição, e comemorou os 16 anos de criação da escola. Com a presença de familiares da patrona, dentre os quais o coronel Mont’Alverne (neto), Sebastião Mont’Alverne (filho), Rosana (bisneta), a irmã Nair de Moura, a secretária de Educação do Estado, professora Elda Gomes, e a professora Maura Leal.
A professora Aracy, mestra do magistério, presença constante na vida cultural e educacional, deixou dois livros de poemas: Luzes da Madrugada (1985) e Arquivo do Coração (1997), e teve participação em várias antologias.
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