Um plano para à cidade de Macapá na época de governador Janari Nunes
As pesquisas sobre a cidade de Macapá avançou de forma significativa nos últimos anos. Um dos pontos principais da contribuição, tem sido desvendar parte da trajetória de formação da cidade após a criação do Território Federal do Amapá. Citamos em vários artigos que a cidade de Macapá ficou relegada a um plano secundário até a data de 1943. Uma das curiosidades sobre o contexto urbano da cidade de Macapá, é como se formatou a estrutura urbana a partir do governo Janari? Diversos trabalhos foram produzidos com a abordagem histórica baseada principalmente em fatos políticos.
Vale ressaltar que as primeiras décadas do século XX são influenciadas pelo contexto da cidade modernista, em vários lugares do mundo permeiam as ideias concebidas a partir do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna em 1933, diversos princípios estavam sob a reflexão das ideias da Carta de Atenas: recrear, circular, habitar e trabalhar, o urbanismo devia expressar a condição de uma época. O cenário da cidade de Macapá na década de 1940, ainda se apresentava de forma incipiente, boa parte da estrutura existente, limitava-se entre a Fortaleza de São José e as imediações do espaço da Veiga Cabral.
Conforme registros oficiais no estado do Amapá através das fontes como: o Relatório de Atividades do Governo do Território Federal do Amapá, em 1944, da imprensa oficial, Projeto Cura, Plano GRUMBILF, Plano da Fundação João Pinheiro, HJ COLE, Estudo da ampliação do perímetro urbano, Plano de Estruturação do Território Federal do Amapá e os Jornais Latitude Zero e Marco Zero, atestou-se a partir destas fontes múltiplas situações que explicam como se organizou a cidade de Macapá a partir de 1943. A citação das referidas fontes, se deve a importância destes documentos para conferir a história da própria cidade. A pergunta para ser respondida era: houve algum plano urbano contratado na época do governador Janari? Conforme as fontes citadas, buscou-se primeiramente verificar quais os elementos e princípios que formaram a base para o planejamento territorial da cidade de Macapá.
Sobre este assunto, convém também salientar os trabalhos científicos produzidos pela Universidade Federal do Amapá. A dissertação de mestrado da professora da UNIFAP, Rosemari Ferreira que produziu um trabalho na década de 1980 com o tema: Saúde, migração, urbanização e políticas públicas na cidade de Macapá. Neste trabalho, está contido um estudo cartográfico baseado nos planos diretores produzidos entre 1959 a 1979. A descrição dos mapas produzidos atestam que na década de 1940, a cidade de Macapá não era muito diferente da Vila de Macapá.
Então, qual a característica que foi adotada para à cidade de Macapá? Basicamente diversos autores como Lobato & Cambraia (2008,p.21) afirmam que: " A ideia de que antes da criação do Território, em 1943, nada existia além da mata, da escuridão, dos rios e de alguns desgraçados que habitavam a esmo, ao livre devir da natureza e, a partir da federalização da região, teve sua história balizada com a integração ao progresso da Nação. Talvez os homens que aqui viviam não fossem senão fantasmas indignos de ter uma história."
Tal citação evidencia o estágio em que se encontrava a cidade de Macapá na época em que o Amapá foi transformado em Território Federal, mas ainda para aumentar o suporte de reflexão, os mesmos autores Lobato & Cambraia (2008,p.28), atestam que a dinâmica de construção e reconstrução da cidade de Macapá em 1945 - , já foi abordada de várias formas pela historiografia local, notadamente em livros didáticos, sendo que o enfoque principal dessas interpretações sempre foi o de privilegiar a questão política assentada na ideia de progresso e do crescimento da região, a partir da implantação dos grande projetos minerais".
É evidente que o quadro existente na década de 1940, e principalmente a partir de 1943 é um cenário encontrado por Janari, onde tudo está por ser realizado. O governador Janari considerado um homem visionário, conseguiu através de sua percepção, verificar alguns condicionantes que cercavam e davam a peculiaridade para à cidade de Macapá: a cidade era banhada pelo rio Amazonas; já havia o monumento da Fortaleza de São José de Macapá, tombado como patrimônio nacional na década de 1950, e por último, o solo era plano, supostamente facilitaria a implementação de uma cidade com um traçado moderno, concepção que estava vigente no mundo, por conta dos eventos internacionais da época.
Outro importante aspecto a ser considerado foram os documentos históricos do Ministério da Guerra sobre o projeto e construção da Fortaleza de São José de Macapá. Tais fatores citados, levam a crer, que de fato ocorreu foi a materialização de um Projeto físico territorial onde os principais pontos de referência são os citados no texto, além de considerar, outros pontos, também de tamanha relevância: as vias largas e a maior facilidade para realizar a expansão nos eixos sul e norte da cidade.
A cidade modernista de Janari é colocada em prática, pois, naquele momento diferente do que conhecemos hoje, não havia necessidade de um Plano urbano, mas sim, definir o traçado da cidade, talvez, seja esse, um dos maiores méritos do governador, a valorização do traçado urbano visando atender a um conjunto de requisitos importantes em relação as questões futuras de transportes e conforto bioclimático. Para alguns autores, a maneira como tudo ocorreu tem suas contradições, a exclusão de pessoas menos favorecidas das áreas consideradas mais centrais, a expulsão dos trabalhadores contribui para surgir posteriormente o conhecido bairro do Laguinho.
A pesquisa permite desvendar, descobrir, correlacionar sistemas, ideias, conjecturas e outras idealizações a partir do cruzamento de múltiplas informações pertinentes, tais caminhos, possibilitam abrir novas reflexões e pensamentos sobre a história urbana, espacial e territorial da cidade de Macapá a partir de 1943, também permite abrir outros níveis de entendimento para compreender a importância do governador Janari, não somente no campo da política, mas especialmente a partir da lógica do desenvolvimento urbano. Então, a pergunta titulo deste artigo, talvez, não tenha uma resposta lógica, mas possivelmente possibilitará aos estudiosos e pesquisadores ampliarem a visão sobre esta época.
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