1° de maio plúmbeo
A História é fundamental para situarmos os fatos no tempo e no espaço e deles nos utilizarmos para analisar a estrutura e a conjuntura socio-econômica e política de um povo. O dia 1° de maio foi consagrado como o Dia do Trabalhador em homenagem aos operários norte-americanos, que, em 1° de maio de 1886, foram às ruas de Chicago protestar contra a desumana jornada de 14 horas, a favor de melhorias salariais e qualidade no ambiente de trabalho.
Aquela relação antagônica entre capital e trabalho, tão preconizada pelo sindicalismo xiita, foi se amoldando a uma nova realidade imposta pelo neocapitalismo.
No Brasil, Getúlio Vargas, com seu populismo, foi um intervencionista nessa relação, e produzi leis que, de certa forma, foram amealhando garantias ao trabalhador, como a CTPS, a CLT e o salário mínimo. Porém, o pai dos pobres esqueceu-se do campesino. Seu olhar voltou-se apenas para os trabalhadores urbanos, com o fulcro de controlar o ritmo dos movimentos de trabalhadores e de disciplinar as organizações sindicais, de acordo com os seus interesses.
Hoje, as grandes fábricas e os sindicatos sublimam as regras ultrapassadas da CLT, e lançam-se na livre negociação, pois o mercado é quem dita suas regras. Mas, num Brasil cheio de contraste, em alguns aspectos ombreia-se ao primeiro mundo e, em outros, se mostra arcaico e ultrapassado. Ainda vige a CLT, após 71 anos.
Contudo, é necessário enfatizar que o eixo da discussão no Dia do trabalhador mudou. Atualmente, o grande debate não se dá entre o capital (setor privado) e o trabalhador, uma vez que esses dois atores se entendem. O problema é o servidor público no Brasil. Espoliado, vilipendiado em seus direitos e com pouca, ou quase nenhuma, margem para fazer com que a realidade mude. No Amapá, o governo se mostra avesso ao diálogo com os servidores públicos e os maltrata sob todos os aspectos. Não lhes repõe as perdas salariais de acordo com a inflação; não aumenta os salários; não lhes dá condições dignas de trabalho; não investe na formação continuada do servidor; e não reconhece, assim como não concede, as progressões. E, com rara civilidade, ainda fecha as portas das negociações.
Essa é uma realidade nacional, com destaque para o Amapá, onde os índices da economia, da infraestrutura, da tecnologia e, acima de tudo, o ambiente de negócios nos coloca na vexatória posição de pior Estado da Federação Brasileira. O que alenta os amapaenses é que toda nuvem negra, por mais estrago que faça, um dia passa e não deixa saudade. O dia 5 de outubro está próximo e pouco mais de 150 dias nos separam do grito de liberdade que o amapaense deverá dar. Em alto e bom som.
Nenhum comentário:
Postar um comentário