sexta-feira, 25 de julho de 2014

FAVELAS VERTICAIS



FAVELAS VERTICAIS
Quadrilhas dominam Mucajá e Macapaba

 
Por Adonias Neto


Projetados para reduzir o déficit habitacional do Amapá (estimado em torno de 20 mil unidades), os conjuntos habitacionais de Macapá, principalmente os residenciais Mucajá e Macapaba logo se transformaram nas duas primeiras favelas verticais de Macapá. Ambos integram o programa Minha Casa, Minha Vida do Governo Federal com a contrapartida da Prefeitura de Macapá e do Governo do Estado.

Mas ao contrário da propaganda do governador atual – gente feliz e sorridente -, o  Macapaba, na zona Norte da cidade, foi inaugurado sob o toque de recolher e já tem presente os pequenos roubos e a o vandalismo . Suspeita-se que o terror é patrocinado por quadrilhas que migraram do bairro Perpétuo Socorro, o famigerado P. Help. No Mucajá, o crime organizado já tem escritório e  é formado por bandidos que se escondiam na antiga Vila do Mucajá, no zona Sul.

Não é por acaso que Bebezão, o chefe do bando, apelidou o Mucajá de CDD (Cidade de Deus). É uma alusão ao favelão carioca, que serve de cenário para o filme homônimo dirigido por Fernando Meirelles. Com pistola na cintura, meninos a partir de 13 anos se julgam os donos do pedaço e cobram pedágio de quem passa ou permanece no ponto de ônibus da Rua Jovino Dinoá.
Para completar o retrato da degradação, as meninas do Mucajá já não escondem que sobrevivem da prostituição. Em Outubro, o conjunto Mucajá completará três anos. Desde a inauguração, ainda na gestão do prefeito Roberto Góes, não havia dúvidas de que os blocos de apartamentos, no coração da zona Sul, se transformariam na primeira favela vertical de Macapá.
Já nos primórdios, as quadrilhas de traficantes e ladrões oriundas da Vila Mucajá apelidaram o conjunto de CDD. Além de aterrorizar os moradores dos apartamentos, nas madrugadas os bandidos fazem arrastões na Orla do bairro Santa Inês, numa faixa que se estende da Rotatória até a Rampa do Açaí. A intimidação dos frequentadores da Orla também acontece na forma de “pedágios”. Na maioria dos casos, nem a polícia contém os meliantes.


CDD totalmente “pichada” na cidade
Por causa do clima de violência, rapidamente os moradores do Mucajá começaram a ser discriminados na cidade. Na gíria das ruas, os residentes dos adjacentes (Trem, Santa Inês e Beirol) dizem que o local está “pichado”. Com medo de represálias das quadrilhas do Mucajá, uma estudante do ensino médio pediu o anonimato e relata o drama que viveu.
Há duas semanas, mesmo temerosa dos perigos, a adolescente foi visitar ao apartamento de uma amiga. Haviam combinado estudar para o Enem. Eram 15 horas. Ao descer do ônibus no ponto da Rua Jovino Dinoá, a garota foi “enquadrada” por dois adolescentes. Perdeu a bolsa com tudo que havia dentro dela: dinheiro, documentos, maquiagem e celular.
“Se eu pudesse, jogaria uma bomba para explodir tudo nesse inferno que é o Mucajá. Nunca mais volto lá”, indigna-se a moça. Em prantos, ela caminhou até o quartel do comando geral da Polícia Militar, que fica a menos de quinhentos metros do Mucajá, e fez o registro da ocorrência. “Se recuperarem pelo menos os meus documentos, já me dou por satisfeita. Quanto ao celular e o dinheiro, posso esquecer”, resigna-se.


Convivência social
Existem famílias que não se encaixam no estilo de vida da maioria; pessoas de bem, mas que são rejeitadas de tal forma pelo restante da sociedade pelo simples fato de manterem residência no Mucajá, denominado como um conjunto de baixo escalão.
O governo federal, na gestão do Presidente Lula criou o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) em 2007, deixando em mãos da Prefeitura de Macapá os 592 apartamentos que foram divididos em 37 blocos. Instintivamente, a PMM entregou as novas moradias para as famílias que residiam ali anteriormente, como tola tentativa de melhorar a vida inadequada e marginalizada que sobrecarrega sua população.
Para quem sempre viveu em barracos, um apartamento, mesmo sendo pequeno, significa uma vida de luxo. Mudança de hábito: acostumados com quintal e de repente tiveram que se adaptar em outro sistema de convivência social.  Entretanto, as pessoas ali presentes simplesmente “mudaram de casa, mas não mudaram de vida”, mantendo assim, as estatísticas de alto nível de periculosidade do conjunto.
Pessoas que depredam suas próprias casas, que furtam e assassinam seus vizinhos, abrangendo uma grande área ao redor do acorrido. Aqueles que já estão cientes da situação evitam passar desprevenidos, pois, podem ser assaltados a qualquer hora do dia; as vítimas não denunciam nenhum dos fatos ocorridos para a polícia por medo do que possa lhes acontecer.
De quê serve melhorar a infraestrutura e saneamento básico quando não há cooperação grupal? De fato, não há propostas para eventos sociais que venham reeducar pessoas com costumes inapropriados para a convivência mútua. Para que se obtenha êxito, deve-se trabalhar no caráter e assim dar continuidade para a próxima etapa.



Segurança insegura
O jornal Tribuna Amapaense vem batendo nessa tecla, alertando sobre a bandidagem aguda que assombra a área. Se houvesse a possibilidade de venda dos apartamentos do conjunto Mucajá, não existiria, em hipótese alguma, uma boa referência para a venda de sequer 1m². Por inúmeras justificativas, já não há interesse algum em um solo que um dia foi valioso, contudo, agora perdido, tanto moral quanto esteticamente. Antes de tudo, há de ser trabalhado detalhadamente para que em um futuro próximo o que for doado não seja desmerecido, mas zelado por todos, para que não se encaixe na frase: “Não dê pérolas aos porcos.”
Administração confusa sempre entra em conflito com a moral, e consequentemente, perdemos terras preciosas para pessoas impossibilitadas de valorizarem essas grandes riquezas.

A desculpa do policiamento de baixa qualidade após a inauguração do conjunto Mucajá era a “falta de efetivo de pessoal”, segundo a Divisão de Inteligência e Operações (DIOP) do 1º Batalhão da Polícia Militar. Três anos se passaram; mesmo com mais viaturas adquiridas e muitos concursos realizados no Estado ainda há uma enorme debilidade na segurança local. Será a “falta de efetivo de pessoal” novamente?


Novo com os velhos problemas



Comunidades carentes por um teto já preencheram a primeira etapa do mais novo conjunto da cidade de Macapá-AP, chamado Macapaba, composto  de 1.984 apartamentos e 164 casas entregues na primeira etapa, que é colossal comparado ao Conjunto Mucajá, com somente 592 apartamentos.
O governo federal liberou R$ 130 milhões e o Estado R$ 12,5 milhões somente para essa primeira fase, contando que na segunda fase serão R$ 135 milhões por parte Federal e mais R$ 13,6 milhões por parte Estadual. Muito dinheiro público foi direcionado para este planejamento, entretanto, todos almejam que o grau de marginalidade não seja multiplicado e torne-se uma segunda favela vertical.


Mestre Oscar pede “Socorro”. Perpétuo Socorro

Cerca de 100 famílias do bairro Perpétuo Socorro perderam suas casas no grande incêndio que ocorreu no segundo semestre de 2013, foram beneficiadas e acolhidas pelo já existente Residencial Oscar Santos. Fato mal planejado.
Assim como os conjuntos habitacionais citados anteriormente (Mucajá e Macapaba), este residencial está sendo alvo de toda podridão e carnificina que consome sua população. Lugar que deveria ser respeitado por ter sido edificado em memória do honrado mestre Oscar Santos, que foi um grande músico amapaense e considerado um dos melhores educadores musicais da Amazônia.
Atualmente, furtos, assassinatos e vandalismos se tornaram comum no local, consolidando uma vez mais, a massa marginal. Contudo, a malandragem nunca cessa, fazendo com que a depredação alcance até mesmo o mais importante monumento local, a estátua de Mestre Oscar. Quebraram e furtaram a flauta do monumento, provocando indignação por grande parte da sociedade, e repaginação dos músicos regionais que tem respeito para com o mestre.















 

Um comentário:

  1. Artigo recheado de preconceito, embutido em relatar a visão da ''classe média'' macapaense. Nunca houve ''Com pistola na cintura, meninos a partir de 13 anos se julgam os donos do pedaço e cobram pedágio de quem passa ou permanece no ponto de ônibus da Rua Jovino Dinoá.'' Porque se isso fosse verdade o BOPE já teria salgado esse mlk a muito tempo kkkkk Hoje em dia tá mais tranquilo, mas também não ta essas 'mararavilha' não hein salve

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