Senhores e senhoras, escrevi esse texto em maio de 2012. Gostaria que
avaliassem onde errei. Reescrevam se acharem que eu errei na minha avaliação.
O administrador
de uma grande empresa recebeu a visita de um velho ermitão. A visita lhe causa
espanto e surpresa. Afinal ele nunca havia cruzado com aquele senhor em seu
caminho.
O administrador era jovem, culto e cheio de si. Dizia que no
dia em que chegasse à presidência da empresa, todos perceberiam a verdadeira
transformação em suas vidas. Bons salários, saúde de qualidade, segurança, casa
e educação. Todos, discentes e docentes entrariam na era da informatização.
O velho onipresente e onisciente conhecia o discurso do jovem
administrador e se preocupava com o
futuro do povo. Daí a visita, cujo objetivo era orientar o jovem na função e na
responsabilidade que assumiria.
O velho pouco falou, apenas ouviu e ao sair lhe entregou três
cartas lacradas e com uma recomendação “Meu jovem! Você terá
de superar muitas dificuldades. Vários percalços terão que ser ultrapassados na
condução dessa empresa. Só abra as cartas em caso em extrema necessidade”.
Dito isso o velho ermitão voltou para o seu mundo. Saiu
silenciosamente como havia entrado. O novo administrador ficou com as cartas
nas mãos e, com ele a certeza de que aquele velho estranho não tinha muito a
lhe ensinar. Jogou as cartas no fundo da gaveta e as esqueceu.
Passado pouco mais de oito meses de gestão, os funcionários
começaram a cobrar respostas do novo administrador. O primeiro problema enfrentado
foi o súbito crescimento da violência. Aumentou a criminalidade, começaram a
acontecer fugas da cadeia da empresa e os assaltos eram frequentes. Faltou
dinheiro no mercado. Os fornecedores da empresa reclamavam que não recebiam
pelos serviços e produtos que vendiam a empresa. Diante destes problemas o
jovem foi dar uma olhada nas cartas deixada pelo Ermitão. As pegou, revirou,
sentiu uma vontade enorme de abrir uma, mas resistiu. O seu orgulho naquele
momento não lhe permitiu dar o braço a torcer.
Os problemas não acabaram, outros começaram a surgir. A
politica da empresa começou a dar errada, não funcionar. A educação e a saúde
começariam a dar claros sinais de retrocesso.
Faltavam médicos e medicamentos. Superlotação nas salas de saúde da
empresa e funcionários cada vez mais angustiados. O
jovem administrador voltou a gaveta e pegou as cartas novamente. Diante da pressão não resistiu e abriu a
primeira carta, lá estava escrita: “Seja humilde”. Ele aborrecido embolou a carta
e atirou no cesto de lixo e usou os arautos e disse a culpa dos problemas que
enfrentava era do antecessor e de seus assessores. Até trocou alguns.
Porém, os problemas não acabavam pelo contrário.
Os funcionários da empresa a cada dia mais impaciente e
percebendo que a verdadeira transformação era na realidade um grande jogo de
marketing e nada mais. Os enfermeiros foram para rua, os professores, médicos.
Qual saída, perguntava o jovem. Correu e foi buscar conselho com o seu velho
mestre que alguns anos administraram a empresa: - Mestre a situação está cada
dia pior, o que eu faço? Do alto da soberba e da arrogância que lhe é peculiar,
o mestre do jovem lhe aconselhou: Brigue com os poderes meu jovem. Enquanto o
povo se entrete com as brigas, suas falhas passam despercebidas.
Conselho dado e assimilado. O jovem virou sua bateria de
acusação contra os membros do legislativo da empresa. Os legisladores da
empresa foram acusados de corruptos, de gananciosos e começou a dizer que
faltava dinheiro na empresa porque os legisladores ganhavam muito.
A briga acirrou e o mestre do jovem usava a rede social de
comunicação para atacar a tudo e a todos.
Na empresa surgiu uma onda de denuncismo. O mestre e o jovem
só atacavam. Até que um dia veio o contra ataque. O mestre e o jovem foram
também acusados de corrupção. Aí ele não se conteve. Foi à gaveta novamente e
pegou a segunda carta. Não pestanejou. Abriu-a. E nela estava escrito “Tenha
sabedoria”. Novamente aborrecido com o conselho contido na segunda carta, ela teve
o fim da primeira. O lixo.
Passado mais de um ano de administração, os agricultores se
rebelaram contra a política de inanição do setor produtivo que o jovem
administrador comanda. Ele proibiu que se plantasse nas terras da empresa. A
imprensa nacional veio conferir os escândalos anunciados a cada dia pelo mestre
dos jovens e a empresa mergulhou em crise.
O órgão para ajudar na fiscalização das leis, entrou em crise. A
diretora de lá e o marido estão até o pescoço, envolvidos com acusação de favorecimento
de obras e o jovem administrador caiu na vala comum das “Mãos Puras”. Foi depor
na capital da República. A crise institucionalizou-se. O velho mandou um
castigo ao jovem. Derrubou duas árvores em sua residência e uma manga lhe
acertou o cocuruto. “Você não teve humildade nem sabedoria, só
arrogância. Igual a seu mestre, você só semeou vento, por isso está colhendo
tempestade e deixando a empresa e seus funcionários na falência. Siga o
conselho da primeira e da segunda carta e terá chance de reverter esse quadro
desolador em que a empresa atravessa”.
Senhores e senhoras, escrevi esse
texto em maio de 2012. Gostaria que avaliassem onde errei. Reescrevam se
acharem que eu errei na minha avaliação.
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