“Este rio é minha rua, minha e tua mururé, piso no
peito da lua, deito no chão da maré”
Autor: José Alberto
Tostes
Parafraseando ao compositor Paulo André Barata
quando escreveu a música: “Este rio é minha Rua”, escrevo este artigo sobre o
rio Amazonas. O imponente rio Amazonas, está presente na frente de nossa cidade
de Macapá, porém, tenho ouvido tem muitas pessoas que passam por nossa cidade,
seja a trabalho, de férias ou de visita aos familiares, que a população pouco
oportuniza a relação com o rio. Em vários lugares do mundo, o rio é algo
especial, como não pensar no rio Sena em Paris, e muitos outros considerados
especiais para alguns países e culturas. O rio tem algo de mágico, carrega a
energia das águas.
O nosso rio Amazonas serviu de inspiração para que
os portugueses construíssem a Fortaleza de São José de Macapá. Este monumento
associado ao rio agrega uma paisagem urbana belíssima, todavia, há uma enorme
dificuldade para que este rio, que não é qualquer rio, é o rio Amazonas, seja como
diz Paulo André Barata, a “Minha Rua”. Esta rua carinhosamente é a passagem que
nos une, é o elo entre as gerações, é como se o rio fosse “testemunha” ocular
da trajetória da cidade. Sobre o rio, surgem lendas, histórias, mitos, contos,
e o nosso rio imponente? O que é preciso para mirarmos a sua beleza cênica? Os
portugueses estrategicamente elegeram o rio Amazonas a nossa principal
referência. O primeiro governador do Amapá, Janari Nunes, definiu que o rio
seria um dos pontos cardeais para se traçar um paralelo com a cidade. Nossas
principais simbologias amazônicas estão vinculadas a cultura dos povos
ribeirinhos, tem no rio, a expressão máxima desta crença.
Na música de Paulo André, refere-se ao rio com a
intimidade do cotidiano, aquela que cerca exatamente o dia-a-dia, cita a figura
do “Boto Preto”, marcante em qualquer história que envolve o rio na região, do
“Puraque”, da “Cobra Grande”, dos contos inimagináveis que aprendemos desde a
infância. A nossa cidade de Macapá tem o privilégio de ter o rio Amazonas em
sua orla, a relação com o rio se intensificou e se perdeu quando os barcos
atracavam no Trapiche Eliezer Levi vindo das ilhas, ou da cidade de Belém do
Pará. O Trapiche era o braço que faltava para a cidade de associar ao rio
Amazonas.
Paulo André cita em um determinado trecho da
música: “Rio abaixo rio acima, minha sina cana é, só de falar na mardita me
lembrei de Abaeté”. O autor refere-se com certo saudosismo da cidade de Abaeté
no estado do Pará, assim é o rio para milhares de pessoas que todos os dias
passam por ele. Certa vez um amigo visitando a cidade de Macapá, ao chegar,
antes de ir para o hotel, primeiro queria ver o rio Amazonas, desde garoto
havia estudado e ouvido falar da imponência do rio Amazonas, levei este amigo
na frente da cidade de Macapá, durante mais de 02 horas ficou contemplando
aquele cenário, ficou bastante emocionado, chorou, logo pensei, a relação com o
rio é algo intenso.
Ao perguntar para um visitante de passagem na
cidade de Macapá sobre o rio Amazonas, o mesmo respondeu: - “a cidade está
de costas para o rio Amazonas”, fiquei intrigado com tal informação. Nesta
afirmação estava à constatação de alguém de fora, de outro lugar, conseguia
perceber uma separação momentânea entre rio e a cidade. Muitas coisas podem ser
ditas sobre o rio Amazonas, todas iriam parecer apenas dados quantitativos,
disso ou daquilo, mas nenhuma afirmação sobre o rio é mais forte do que o
sentimento de pertencimento ao lugar, quando se fala na cidade de Macapá,
pensa-se logo no rio Amazonas, muito embora, esta relação ainda não seja
considerada ideal.
Como diz o Paulo André na canção: “Este rio é minha
rua, minha e tua mururé, piso no peito da lua, deito no chão da maré”. A música
retrata as nuanças e devaneios onde estão às características do rio, quando
Paulo André escreveu esta música, talvez estivesse inspirado na cultura
ribeirinha e nos múltiplos rios da Amazônia, e o que dizer do rio Amazonas?
Presenciamos todos os dias, e alguns mais privilegiados que tem a oportunidade
de acordarem e contemplarem o majestoso.
A nossa orla é rica e diversa, apresenta
características bem peculiares, com um pouco de boa vontade poderíamos unir o
rio Amazonas ao sentimento de urbanidade na cidade de Macapá. É preciso ver o
rio, mais do que ele é, e parece ser, é algo, mais que o cotidiano, transcende
suas águas, está no mito, rito, na cultural local e na formação do ser
ribeirinho. Tudo parece ter um potencial fantástico. “Este rio é Minha Rua...”
como sugere a música, talvez não, mas com certeza, este rio é a nossa vida, a
essência de nossa gente. Quantas vezes você já contemplou o rio? Não estamos
falando de qualquer rio, este rio, chama-se rio Amazonas.
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