O “VÍRUS” DA “POLITICOEPIDEMIA”
O mundo ao longo da história vem
sofrendo perdas humanas e sofrendo grandes tragédias marcadas pela ação de
homens, políticos e ditadores que se notabilizaram pela crueldade na busca pelo
poder ou para a afirmação ou confirmação de uma causa. Mas, no fundo e na
origem de tudo e entre as causas, está a velha política, ou melhor, a
politicagem, quando exercida de maneira cega, mesquinha, invejosa, mentirosa ou
puramente comercial.
Isso vem
se repetindo ao longo dos séculos e atingindo todas as sociedades, em todas as
profissões, faixas etárias, sexos e credos, onde os partidos e facções buscam
sua afirmação pela atuação política e pela manipulação das massas populares.
Nas oligarquias e ditaduras se perpetuam por décadas. Nas democracias a
alternância do poder não permite longas permanências. Mas, mesmo assim, temos
grupos e políticos que se perpetuam no poder apenas alternando membros de
famílias tradicionais. Exemplos são vários: os Sarney no Maranhão ; os
Magalhães na Bahia; os Neves em Minas Gerais; os Barcelistas, Borges e
Capiberibes no Amapá.
Assim
também são as epidemias, doenças que surgem rapidamente, atingindo muitas
pessoas, causando desgraças, estragos e mortes, e depois “desaparecem”, ficando
encubadas nas células de diversos animais (mamíferos, aves) e plantas,
esperando uma nova oportunidade de surgir.
Esperam um descuido nosso para dar o bote. Quando voltam atingem de maneira mais forte e
virulenta as pessoas, como o atual epidemia de Ebola na África. A febre
Chycungunha é outro, exemplo, mas que ainda não é epidemia.
Como um vírus que se espalha rapidamente,
gerando epidemias, a política, mal aplicada e mal intencionada, contamina as
mentes, os corações, os propósitos. Entorpece os espíritos, causa cegueira,
surdez e mudez nos poucos esclarecidos.
Causa sangria nos cofres públicos e desgraça a sociedade e a paz social.
Os manipulados e enganados pela falácia, são capazes de contagiar e sugestionar
outros a cometer erros, pecados e crimes os mais diversos. Para muitos, isso é
o motivo maior, mesmo que sem escrúpulos, sem sentimento, mágoas ou
ressentimento.
Lembremos
alguns líderes políticos que ensangüentaram a humanidade. Adolph Ritler, com o
Nazismo na Alemanha, causador da 2ª Guerra Mundial; Napoleão Bonaparte, na
França, que saqueou países inteiros, buscando a ampliação de um império; Benito
Mussolini, na Itália, com o Fascismo; Osama Bin Laden, com o terrorismo antiamericano,
causador da tragédia das torres gêmeas de 11 de setembro; o imperador psicopata
Nero, que incendiou Roma para matar e incriminar os cristãos.
Personalidades
e mentes doentias como essas continuam a existir hoje na política, assim como
as epidemias que voltam. A gripe
espanhola (1918-1919) foi a mais avassaladora, que causou mais de 20 milhões de
mortes, cujo vírus está em permanente mutação, por isso o homem nunca está
imune. As vacinas servem apenas para prevenir os sorotipos mais conhecidos. A
peste bubônica (negra), que atingiu a Idade Média (1333-1351), matou 50 milhões
de pessoas, transmitida pelos ratos que infestavam as cidades européias sem
esgoto, higiene e saneamento.
Atingindo dois
séculos (1896 a 1980) a varíola, causada pelo Orthopoxvírus, levou à morte 300 milhões, cuja vacina só foi descoberta em
1796 e erradicada do mundo desde 1980. A AIDS, descoberta em 1981, cujo vírus
(HIV) é transmitido através do sangue, esperma, secreção vaginal e leite
humano, já atingiu a cifra de 22 milhões de óbitos, ainda não existindo cura e
nem vacina. Os remédios antiretrovirais apenas inibem a multiplicação dos
vírus, mas não o eliminam do organismo (Fonte: OMS e Fundação Oswaldo Cruz).
A mais
recente epidemia foi o retorno do vírus Ebola, que surgiu em 1976 no Zaire e
hoje se alastra atingindo outros países africanos como Guine, Libéria, Nigéria e Serra Leoa .
No continente africano o vírus encontrou o ambiente adequado para sua
sobrevivência: seres humanos miseráveis e famintos, povos marcados pelas
desigualdades sociais e guerras civis e principalmente corpos com baixa
imunidade, causada pela carência de comida e péssimas condições sanitárias e de
higiene, além do contato permanente com os animais portadores e hospedeiros do
vírus.
O vírus da
política suja e perversa se aproveita da miséria humana e da desinformação para
atingir os seus objetivos. Assim como os vírus das epidemias que surgem nas
cidades desordenadas, mal cuidadas, com esgotos à céu aberto e lixões
contaminando os lençóis freáticos, com ruas enlameadas ou pavimentadas mas
repletas de buracos, os vírus da “politicoepidemia” se alimenta dessas
situações para se perpetuar no seio da sociedade. Se alimenta da saúde frágil,
do analfabetismo, da falta de emprego e renda,
dos excrementos, fezes e esgotos escoando nas ruas, da desorganização
urbana e das favelas, ou melhor, da pobreza material e moral do povo, que se
deixa enganar por pequenos favores ou por discursos enlouquentes e desprovidos
de realidade.
Para
evitar o retorno das doenças infecto-contagiosas, das epidemias e das doenças
já erradicadas, com dinheiro público bem investido e criação de cidades
saudáveis, os eleitores devem também eliminar a virulência embutida nos
candidatos que se dizem “salvadores da pátria”, que vão resolver tudo
rapidamente, mesmo não sendo sua competência fazer isso. No final cai tudo na
mão do Prefeito, do Governador e do Presidente, que deve executar as políticas públicas.
Mas para criar essas condições e as estruturas necessárias, devemos saber
distinguir as falas, os discursos, os exemplos e as propostas viáveis, para não
sermos iludidos e enganados mais uma vez pelo “vírus da politicoedipemia”. JARBAS DE ATAÍDE, Macapá-AP, 22.09.2014.
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