Adrimauro Gemaque (adrimaurosg@gmail.com)
Se
2014 não foi bom para a economia brasileira, não será diferente em 2015.
O ano de 2015
está se aproximando e promete ser turbulento na economia, pois o ciclo da crise
econômica do capital de 2008 ainda não se fechou. Esta fez com que os governos
aprofundem seus projetos neoliberais, enquanto as ditaduras por todo o mundo
arrocham os salários com política fiscal dura.
Aqui
no Brasil, fazendo uma retrospectiva do governo Lula de oito anos, teve méritos
e deméritos bem sensíveis. Como mérito maior está o de ter seguido,
rigorosamente, a política de Fernando Henrique Cardoso em matéria econômica.
Esta ação política conseguiu empreender um
desenvolvimento historicamente reclamado por diversos setores sociais. No
entanto, o crescimento econômico do Brasil não conseguiu se desvencilhar de
velhas práticas econômicas como as dos governos anteriores. A manutenção de
determinadas ações políticas foram alvo de duras críticas. No ano de 2005, o
governo foi denunciado por realizar a venda de propinas para conseguir a aprovação
de diversas medidas de interesse próprio.
Já no
governo de Dilma, também não foi diferente. As medidas econômicas neoliberais
continuaram a serem implementadas, e também ocorreram denúncias de corrupção.
Por fim, conseguiu a sua reeleição com uma margem pequena de votos. O discurso
da campanha foi um e o que estamos constatando, ainda antes da posse, são
práticas distantes do que foi prometido na campanha. Foi um rompimento com o
que foi pregado nos palanques.
Está
sempre na ordem do dia do governo atual o tema distribuição de renda. Pura
balela. São diversos os fatores que contribuem para a classificação do Brasil
entre os países com os piores níveis de distribuição de renda do mundo. As
desigualdades sociais no Brasil são muito grandes e, apesar de toda a falácia
do governo do PT, avançamos pouco nesta área. Senão, vejamos dados pela ONU,
mostram a concentração de renda em nosso país. Em 2008, para cada 1 dólar
destinado aos 10% mais pobres, 51,3 dólares são destinados aos 10% mais ricos.
O nível é comparável a países como Guatemala (US$ 48,20), Panamá (US$ 57,50) e
El Salvador (US$ 57,50), o que mostra o quão privilegiadas são as elites em
nosso país.
Quando analisamos o desempenho da renda per capita no
Brasil por estados, percebemos que existe um hiato entre as unidades da
federação. A unidade da federação que apresenta o menor valor é o Maranhão (R$
360,34), enquanto o maior valor fica com o Distrito Federal (R$ 1.715,11).
Também as políticas públicas de combate à pobreza e à desigualdade não são
suficientemente efetivas para a reversão das mazelas sociais. Menos de 10% da
população adulta têm Ensino Superior no Brasil, frente à cerca de 25% nos
países avançados (segundo dados do IBGE e OCDE). Outro dado refere-se ao
seguro-desemprego que não contempla a massa de trabalhadores informais e tem
duração e remuneração muito limitadas em nosso país. Outro fator que contribui
com o hiato social é a falta de investimentos no setor de saúde pública, onde o
Brasil mantém distante dos níveis adequados uma série de indicadores da
Organização Mundial de Saúde. Assim, o acesso à saúde ou à educação é
extremamente desigual: quanto mais rica a pessoa, maior a possibilidade de
acesso a serviços de qualidade. A expansão da rede privada de saúde e de
educação básica e fundamental foi acompanhada, na contramão do desenvolvimento
histórico, de um sucateamento do serviço público nesses setores, ampliando
consequentemente as desigualdades.
A situação da economia no país tem levado a uma “trinca
perigosa e perversa” que é: superavit primário em nível baixo, juros altos e
baixo crescimento. Esta realidade é perceptível quando os economistas refazem
as projeções para vários indicadores, por exemplo: a nova estimativa de
expansão de 0,8% para o Produto Interno Bruto (PIB) no ano de 2015, contra os
2% previstos – esta alteração foi enviada na semana passada pela nova equipe
econômica ao Congresso Nacional.
Em função destes vários cenários, o Brasil passou a ser
visto como frágil e vulnerável pra fazer frente a moeda americana. Talvez
nenhum outro indicador mostre isso mais claramente do que a poupança nacional
que em 2013 chegou a representar apenas 13,9% do PIB, um recorde desde 1995,
gerando a necessidade de financiamento externo do país. Isso é um prenúncio de
que o Brasil passará por um forte ajuste nos gastos do setor público e das
famílias, e também no investimento, como aconteceu no final dos anos 1990 e
início da década passada, quando duras medidas foram tomadas, impedindo a volta
da inflação.
A
preocupação e os desafios para 2015 são muitos e se dão, principalmente, por
conta das previsões do mercado que espera que o Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA/IBGE) fique em 5,8% no próximo ano, segundo a última edição do
Boletim Focus do Banco Central. E ao mesmo tempo o
FMI projeta a elevação da economia brasileira em apenas 1,4%, com redução de
0,6% em relação à previsão de julho. Projetando um crescimento da economia
mundial em 3,3%, neste ano, e 3,8%, em 2015. As novas estimativas fazem parte
da publicação Perspectiva Econômica Mundial (World Economic Outlook).
Diante
deste cenário, a população assiste, inerte e impotente, a cada dia, mais
denúncias de corrupção e escândalos. As apurações dos fatos são lentas e
tendenciosas. Os parlamentares em Brasília trocam seu papel de representantes
do povo e fiscais do governo executivo federal por moeda de troca em emendas,
barganhando interesses pessoais e de seus partidos políticos. Até quando nós,
simples mortais, teremos que aceitar que isso faz parte da nossa cultura, desde
as nossas origens? Isso cansa!
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