sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Artigo do Gato



Artigo do Gato


O que é intolerável na gestão pública


Dito pelo Promotor de Justiça Alcino, que a burocracia foi invenção dos portugueses. Na anedota, conta ele que em um determinado espaço e tempo um português ao receber um documento que carecia de um mero despacho, resolveu dificultar o trâmite do papel exigindo que fosse aposto no rosto da página, um carimbo. Disse: “ora pois pois, aqui falta um carimbo, gajo.” Pronto! Dali para diante a burocracia imperou no serviço público. Os carimbos e o excesso de assinaturas passaram a ser condição “sine qua non” nas coisas que seguissem trâmite.
Bem, pela introdução você deve estar dizendo ao me ler que eu sou contra a burocracia, não é mesmo? Pois lhe digo categoricamente. NÃO SOU! A burocracia é importante e, diria mais, fundamental para a lisura e transparência da coisa pública. O que aporrinha é a burrocracia. Ah... isso enche a paciência de qualquer cidadão, pois o corrupto por exemplo, se vale do excesso da burocracia para tirar uma lasquinha do serviço público. Quando ele retarda um processo ou coloca óbice para dar celeridade no trâmite do papel, pode ter certeza que esse excesso de zelo tem nome. Propina. Essa palavra desgraçada desembaraça qualquer documento, contrato ou seja lá o que for.
Quando um servidor público é “burrocrata” e não burocrata, ele forma comissão pra tudo. Isso porque não quer solucionar nada. Tem a comissão da comissão da comissão que vai reunir com a comissão para resolver quais serão os membros da malfadada e famigerada comissão. Cara; não anda nada.
As normas estão à disposição do servidor, se assessore de pessoas competentes e toque o serviço público com a consciência de que as pessoas que dele dependem, precisam de soluções rápidas, pois suas vidas muitas vezes dependem do sim de um “burrocrata engravatado” que está confortavelmente sentado atrás de uma mesa, numa sala com ar refrigerado e uma bela e gostosa secretária para lhe levar água e cafezinho. Quem já não viveu isso. “Quero falar com o Dr. Zé das Couves? A resposta exaustivamente treinada junto à secretária vem de bate pronto.  - Ele está ocupado, mas o senhor pode antecipar qual o assunto?  - Ele não está ocupado? Então pra que saber do assunto? Para classificá-lo como menos ou mais importante. O detalhe imperioso é definir: importante pra quem? Para o “burrocrata” ou para o cidadão?
O questionamento crucial é: tua função não é servir ao público? Então sirva. Faça um planejamento e estabeleça um horário para atender as pessoas. Delimite o número de cidadãos que você irá receber num determinado dia, mas receba. Afinal, foi pra isso que você, energúmeno, foi colocado ali.
Na realidade, apesar de todas as críticas e ressalvas aos ensinamentos de Nicolau Maquiavel, muita gente os usa no seu cotidiano. Faça o bem em doses homeopáticas e a maldade de uma só vez. Esses conselhos estão em desacordo com os princípios norteadores da república. Obviamente que quem age assim está divorciado dos regramentos republicanos e não está mesmo pensando no coletivo, mas apenas em se tornar uma figura poderosa e temida pela sua momentânea capacidade de dizer sim ou não. Isso é obtuso, mas infelizmente o serviço público está cheio de “burrocrata” que pela falta de visão política acaba prejudicando um projeto que poderia ajudar a vida da sociedade. Esses projetos de poder quando cuidados dessa forma são efêmeros. Vimos esse filme recentemente, as cadeiras ainda estão quentes, pois os “burrocratas” que estavam nelas levantaram faz pouco tempo.







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