Artigo do Gato
O que é intolerável na gestão pública
Dito pelo Promotor
de Justiça Alcino, que a burocracia foi invenção dos portugueses. Na anedota,
conta ele que em um determinado espaço e tempo um português ao receber um documento
que carecia de um mero despacho, resolveu dificultar o trâmite do papel
exigindo que fosse aposto no rosto da página, um carimbo. Disse: “ora pois
pois, aqui falta um carimbo, gajo.” Pronto! Dali para diante a burocracia
imperou no serviço público. Os carimbos e o excesso de assinaturas passaram a
ser condição “sine qua non” nas coisas que seguissem trâmite.
Bem, pela introdução você deve
estar dizendo ao me ler que eu sou contra a burocracia, não é mesmo? Pois lhe
digo categoricamente. NÃO SOU! A burocracia é importante e, diria mais,
fundamental para a lisura e transparência da coisa pública. O que aporrinha é a
burrocracia. Ah... isso enche a paciência de qualquer cidadão, pois o corrupto
por exemplo, se vale do excesso da burocracia para tirar uma lasquinha do
serviço público. Quando ele retarda um processo ou coloca óbice para dar
celeridade no trâmite do papel, pode ter certeza que esse excesso de zelo tem
nome. Propina. Essa palavra desgraçada desembaraça qualquer documento, contrato
ou seja lá o que for.
Quando um servidor público é “burrocrata”
e não burocrata, ele forma comissão pra tudo. Isso porque não quer solucionar
nada. Tem a comissão da comissão da comissão que vai reunir com a comissão para
resolver quais serão os membros da malfadada e famigerada comissão. Cara; não
anda nada.
As normas estão à disposição do
servidor, se assessore de pessoas competentes e toque o serviço público com a
consciência de que as pessoas que dele dependem, precisam de soluções rápidas,
pois suas vidas muitas vezes dependem do sim de um “burrocrata engravatado” que
está confortavelmente sentado atrás de uma mesa, numa sala com ar refrigerado e
uma bela e gostosa secretária para lhe levar água e cafezinho. Quem já não
viveu isso. “Quero falar com o Dr. Zé das Couves? A resposta exaustivamente
treinada junto à secretária vem de bate pronto. - Ele está ocupado, mas o senhor pode antecipar
qual o assunto? - Ele não está ocupado? Então
pra que saber do assunto? Para classificá-lo como menos ou mais importante. O
detalhe imperioso é definir: importante pra quem? Para o “burrocrata” ou para o
cidadão?
O questionamento crucial é: tua
função não é servir ao público? Então sirva. Faça um planejamento e estabeleça
um horário para atender as pessoas. Delimite o número de cidadãos que você irá
receber num determinado dia, mas receba. Afinal, foi pra isso que você,
energúmeno, foi colocado ali.
Na realidade, apesar de todas as
críticas e ressalvas aos ensinamentos de Nicolau Maquiavel, muita gente os usa
no seu cotidiano. Faça o bem em doses homeopáticas e a maldade de uma só vez.
Esses conselhos estão em desacordo com os princípios norteadores da república.
Obviamente que quem age assim está divorciado dos regramentos republicanos e
não está mesmo pensando no coletivo, mas apenas em se tornar uma figura poderosa
e temida pela sua momentânea capacidade de dizer sim ou não. Isso é obtuso, mas
infelizmente o serviço público está cheio de “burrocrata” que pela falta de
visão política acaba prejudicando um projeto que poderia ajudar a vida da
sociedade. Esses projetos de poder quando cuidados dessa forma são efêmeros.
Vimos esse filme recentemente, as cadeiras ainda estão quentes, pois os “burrocratas”
que estavam nelas levantaram faz pouco tempo.

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